VALMIR CAMPI: “me ensinou a falar a verdade e que a gente tem que trabalhar duro para ter o que a gente quer”, diz o filho Saulo

Nesta terça, 18, completam sete dias que o comerciante Valmir Campi faleceu, no Hospital Dório Silva, na Serra, após choque hemorrágico no esôfago. A missa de 7º dia está marcada para esta terça, na Igreja Católica Nossa Senhora das Graças, em Iriri, às 19h00.

O dono do Boteco que faz o tira-gosto mais gostoso de Iriri se foi e deixou muitas saudades. Um comerciante de poucas palavras e grandes gestos. Fiel e honesto, suas principais características, trabalhador desde a adolescência, quando os seus pais chegaram de Rio Bananal para residir em Itaperoroma/ Anchieta.
Valmir Campi aprendeu, com o legado do pai e da família, a ser comerciante, e foi no “Espetinho da Praia”, onde hoje recebe o seu nome: “Boteco do Valmir”, que ele ficou muito conhecido, em Iriri. A estufa mais repleta de tira-gostos gostosos é a do Boteco dele. Mas, Valmir deixou, além de saudades e memórias, um legado para sua família, um exemplo que os três filhos: Paulo Henrique Gonçalves Campi, 24 anos, Saulo Vinícius Gonçalves Campi, 15 anos e Marco Antônio Gonçalves Campi, de 14 anos; querem se espelhar e levar para sempre. Sandra Ramalhete, a esposa, recebeu a jornalista em sua casa, na tarde desta segunda-feira, 17, e contou um pouco da história do marido, trajetória de um homem que viveu 50 anos e dedicou a sua vida à família e ao trabalho.
O comerciante Valmir Campi, 50 anos, deixa muitas saudades e memórias que jamais serão apagadas, para quem viveu e conviveu com ele. Nós combinamos de bater um papo com ele, há poucos meses, onde ele mesmo contaria a sua trajetória de vida, até o sucesso com o Bar que traz o nome dele: “Boteco do Valmir”. Infelizmente, não o entrevistamos a tempo, e, ele se foi no último dia 11, depois de um choque hemorrágico estomacal.
Como amanhã completam sete dias de sua partida, nós fomos a sua casa, em Iriri e batemos um papo com a esposa, Sandra, e os meninos: Saulo e Marco Antônio, Paulo Henrique havia acabado de viajar para Campos, onde reside e trabalha.
Sandra Ramalhete, 49 anos, contou detalhes do esposo com quem viveu 26 anos e construiu a sua família. Em meio a lágrimas e recordações, ela falou com muito orgulho do exemplo de homem que ele foi.
Natural de Linhares, o comerciante, ainda adolescente, deixou a cidade de Rio Bananal (na época Rio Bananal era distrito) com os pais. Vieram residir em Itaperoroma, interior de Anchieta. Logo arrumou um trabalho para ajudar os pais no sustento da família. Encarou a lida dura na roça, incialmente, mas foi com o empresário Jofre Ferrari e dona Lourdes, no Hotel “Morubixaba”, que Valmir se apaixonou por Iriri e começou como aprendiz de garçom. Tinha apenas 16 anos quando começou a trabalhar no antigo Hotel. “Ali ele ficou, trabalhou, ajudou muito aos pais com o trabalho no Hotel, a família dele é bem grande, as irmãs eram pequenas. Eu o conheci na época que lecionava na Escola do “Céu Azul”. Começamos a namorar e namoramos um ano. Ele recebeu uma ligação de um primo dele que morava em Macaé/RJ. Ele havia pedido ao primo que, se conseguisse uma oportunidade boa para ele, lá, ele iria. Ele conseguiu, foi para lá e trabalhou como repositor, inicialmente, na Rede Hortifruti Granjeiro – ‘Sabor do Brasil’ ”, lembrou Sandra

O Bar


O “Boteco do Valmir” completou 11 anos. inicialmente, era chamado de “Espetinho da Praia”, e fica na esquina com a Praça de Eventos de Iriri. Um ano depois de aberto, Valmir abriu um pequeno mercadinho de verduras, frutas e legumes. “A gente acreditou que daria para lidar com os dois comércios, mas o local era muito quente, e havia supermercado grande na frente, teríamos que investir muito em câmaras frias, estragava muitas mercadorias. Chegou uma época que Anchieta tinha o projeto verão, e nós fizemos muitas doações para a escola, o que ele podia fazer, fazia. Depois ele desistiu do mercadinho e ficamos só com o bar”.
O “Boteco do Valmir” é muito frequentado pelos clientes por alguns motivos, em especial, os tira-gosto, a estufa obriga qualquer pessoa a deixar a dieta, é tentadora.

Sandra contou que, sendo apaixonado por Iriri, Valmir era freguês, assíduo, no Estabelecimento do Seu Manoel Português. “Ele achava incrível o jeito como o seu Manoel Português trabalhava com a estufa dele. Quando houve a oportunidade de pegar o bar, tentamos várias coisas. Tentamos restaurante ala carte, salgadinhos, as pessoas não acreditavam que seria um sucesso, o boteco, achavam que era mais um bar. Foi então que ele conheceu Dona Alda, que fazia o famoso bolinho de carne, no Bar do Maninho, em Piúma. Depois que o Maninho faleceu, nós fomos em busca de Dona Alda, que trouxe a receita do bolinho de carne”.

Hoje o Bar tem a Raquel na cozinha e conta com a ajuda dos filhos e Sandra, que acabou se dedicando ao Boteco de corpo de alma. Ela ainda não sabe como será entrar o Bar sem o marido, mas assegura que, ao lado dos filhos, continuará o negócio da família. Ela disse que abrirá o “Boteco do Valmir” no dia 21 de abril. Por enquanto está buscando forças, porque ninguém está preparado para perder, e é muito difícil, nos primeiros dias, conviver com a ausência de quem está ao seu lado, por tantos anos. “Nós vamos tentar fazer valer o que ele deixou. Nós sabemos que será difícil. Sabemos que tinha pessoas que iam lá por causa dele, vamos deixar a imagem dele viva para as pessoas se sentirem acolhidas do jeito que ele acolhia. Vou procurar fazer isso. Eu tenho um pouco de dificuldade de fazer amizades, mas, o Marco Antônio é uma fotocópia dele. A casa estará de braços abertos para receber os amigos”, salientou Sandra.

Valmir Pai


“Um pai maravilhoso, de passar ensinamentos, companheirismo, de querer está próximo das crianças, próximo a mim, muito honesto. Um homem fiel a tudo, não somente à esposa, aonde ele estava trabalhando, fiel aos filhos, fiel à família. Ele era uma pessoa assim: se você provasse a ele amizade, ele seria fiel a você também. Uma palavra para ele: fidelidade. Um marido e um pai fiel”.
Marco Antônio é o menino mais novo, o anjo da família, como metaforizou a mãe. Ele ficou com o pai no sábado, antes de ser internado no Dório Silva, e cuidou das medicações. O adolescente também ajuda no trabalho da família.
Para Marcos, o pai não é só o herói dele, um exemplo. O ensinou que precisa ser honesto, fiel e não se deixar contaminar com amizades, ter cuidado com quem se envolve. E se dedicar sempre ao trabalho para conseguir realizar os sonhos.
Saulo é o menino do meio, ele tem 15 anos, é centrado e focado. “A lição maior do meu pai é que a gente sempre tem que falar a verdade, e que a gente tem que trabalhar muito duro para ter o que a gente quer, para não depender dos nossos pais. Meu relacionamento com meu pai era muito bom, a gente quase não brigava e se brigava era de brincadeira, a gente brincava muito. É uma ausência que nada preenche, vai ficar um vazio eterno”, disse Saulo Vinicius Gonçalves Campi.

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