OPINIÃO: O PROBLEMA DA INTOLERÂNCIA

Roney Cozzer – Doutorando em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), licenciado em Pedagogia e História e formado em Psicanálise.

A intolerância se manifesta na sociedade de diversas formas, pelas vias da violência, que pode ser simbólica e até mesmo física, como temos visto, e atinge a diferentes grupos sociais. As pessoas podem ser vítimas da intolerância em função da sua escolha política, religiosa, da sua raça, etnia ou orientação sexual, além de outros fatores. E este momento político que estamos vivenciando, marcado por binarismo político-ideológico, vem contribuindo para reforçar alguns desses preconceitos e trazê-los à tona.

A intolerância é, sem dúvida, um grave problema social, que precisamos superar enquanto sociedade. Ela pode ser definida como a incapacidade de aceitar o outro em função dele ser portador de algum pensamento, opinião, crenças e/ou condição que simplesmente não aceitamos. Mas a intolerância pode ser entendida ainda por outras características.

Ela é também o reflexo, em grande medida, da nossa irracionalidade, uma vez que simplesmente não faz sentido esperar que as pessoas se condicionem ao que queremos ou pensamos, uma vez que vivemos numa realidade plural. A intolerância é o fim do diálogo, da capacidade de escuta atenta. A intolerância é o reflexo da nossa arrogância, arrogância de quem busca se mostrar certo no que afirma e vencer o debate, ao invés de procurar entender o ponto que o outro está levantando, que também pode ser correto e contribuir para a questão.

As mídias sociais potencializaram muito a difusão do preconceito e da intolerância. Tornaram-se uma espécie de plataforma delas. As mídias sociais – como diria o grande intelectual italiano Umberto Eco – deu voz e vez a imbecis e idiotas, que disseminam mentiras, desinformação e meias verdades. As mídias sociais constituem uma ferramenta fantástica, mas tem sido usadas de maneira muito irresponsável, para disseminar o ódio e a discriminação.

Diante desse quadro, precisamos resgatar a capacidade de escuta atenta do outro, com interesse sincero e real pelo que ele pensa e de como ele entende. Precisamos ser capazes de compreender que não necessariamente precisamos que o outro pense exatamente como pensamos, e faça exatamente as mesmas escolhas que fazemos, para conviver bem com ele. A diversidade humana não deve ser entendida como uma ameaça, mas como uma condição humana que nos torna mais interessantes.

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