OPINIÃO: o “mito” fechou-se em copas e Lula propõe baixar as armas

O texto a seguir é de opinião, onde a jornalista observa o silêncio do presidente passadas 24 horas da eleição.

Passaram-se mais de 20 horas do resultado das eleições anunciado pelo Tribunal Superior Eleitoral e o presidente da República, o excelentíssimo senhor Jair Messias Bolsonaro, o “mito”, para os seus milhares de seguidores fiéis se fechou, literalmente, em copas.
Isolado no Palácio, o “mito” está quieto, não se pronunciou ainda. Não ligou para o presidente eleito para parabenizá-lo e nem tampouco para xingá-lo, como fez por quatro anos, odiando a esquerda e os petralhas, como dizia.
Circula nos grupos de WhatsAPP que o presidente eleito por 60 milhões, trezentos e quarenta e cinco mil e novecentos e noventa e nove votos, Luiz Inácio Lula da Silva, o operário nordestino de 77 anos, o nosso Lula não tomará posse no dia 01 de janeiro de 2023. Quem manda a mensagem pede calma. Seria o tenente das Forças Armadas que salda a todos e repete: “Não esquenta pessoal, não esquenta, vocês estão se preocupando demais, nós estamos lidando com um momento extremamente importante, que o Brasil vai passar por uma faxina total. Primeiro, que as pessoas precisavam ter certeza, conhecer e ver quem é esta gente da esquerda aí…” e prossegue a mensagem compartilhada pelos seguidores do Jair.
O fato é que o “mito” está recluso, não admite, não aceita e não ouve nem quem esteve a seu lado projetando a campanha que se perdeu nas presepadas que ele mesmo deu, e dos seus aliados.
Logo na véspera, a sua deputada Zambelli empunhou uma arma e perseguiu um jornalista, caiu sozinha entre um carro espremida na calçada e encurralou o homem num bar dando ordens para que ele se deitasse ao chão. Uma semana antes, o aliado Jeferson, ex-deputado, atira granadas na Polícia Federal e contra os agentes, fere policiais.
Os tiros de suas armas não paravam de acertar o próprio pé, “mito”, determinou que o Ministro da Justiça fosse ao encontro de Jeferson.
Dias antes do episódio de domingo com o arsenal apreendido na casa do ex-deputado e o padre fanfarrão como conciliador na cena do crime, passeava de moto, e o “mito” se deparou com meninas venezuelanas arrumadinhas e as confundiu com prostitutas, “pintou um clima”.
As presepadas do “Bozo” deixavam o marketing desesperado, qual a próxima peça? Talvez a criatividade para a criação das fakes News estivessem se esgotando, depois que ludibriaram milhares de fiéis com as lavagens cerebrais de pastores que pregaram a luta do bem contra o mal, a história do banheiro unissex nas escolas, a liberação das drogas e o aborto, o comunismo que voltaria, até o fechamento das igrejas. Lula é ladrão, era tudo que diziam. E repetiam, e repetiam. Da outra vez teve até mamadeira de piroca, como se não bastasse a ideologia de gênero.
Minha mãe caiu na cilada e votou, 22 – 22. Ela acabou confessando para mim, na igreja só oravam para o Bolsonaro vencer e ela de joelhos pediu que a vontade de Deus fosse feita, e foi. Por telefone ela me disse: – o seu governador ganhou e o Lula. Eu logo perguntei: e a senhora votou? _Não, não minha filha, eu falo a verdade, eu votei 22 e 22. Mas Deus atendeu as minhas orações e fez a vontade Dele, disse dona Palmerina.
Por último, tentaram ganhar mais propaganda na rádio e, o filho do “mito” até sonhou em adiar a eleição, uma jogada doida de última hora, acionaram o TSE, alegaram que as emissoras estariam deixando de exibir as inserções, mas o ministro Alexandre de Moraes rejeitou a ação por falta de provas e não caiu no golpe. Foi tanta mentira e tão visíveis que, as rádios desmentiram, o TSE também, e de forma clara. Tiveram de voltar atrás.
O silêncio do “mito” tem som de barulho doido, de mais uma presepada, e quem sabe o último tiro no pé.
Os bloqueios das rodovias federais, um caos no País? O fim do auxílio Brasil, o reajuste da gasolina? O que virá pela frente? O “mito” está quieto. Eu confesso, estou aliviada e, hoje eu visto verde-amarelo e canto: “Brasil, meu Brasil Brasileiro…”, mas eu tenho medo, a luta é a do bem contra o mal e o mal faz hora extra. Enquanto ele se isola e planeja, Lula deixa o recado, bem claro.
“Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação.
Não interessa a ninguém viver numa família onde reina a discórdia. É hora de reunir, de novo, as famílias, refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio.
A ninguém interessa viver num país dividido, em permanente estado de guerra.
Este país precisa de paz e de união. Esse povo não quer mais brigar. Esse povo está cansado de enxergar no outro um inimigo a ser temido ou destruído.
É hora de baixar as armas, que jamais deveriam ter sido empunhadas. Armas matam. E nós escolhemos a vida.
E vamos aguardar o pronunciamento do “mito”.

Foto:  Foto: Evaristo Sá/AFP

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