OPINIÃO: BANDIDO BOM É BANDIDO…

Roney Cozzer – Doutorando em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), licenciado em Pedagogia e História e formado em Psicanálise.

O momento político que estamos vivenciando tornou muito sensíveis determinados temas sociais, de modo que muitos preferem até evitá-los. Na condição de teólogo e educador, entendo que, pelas vias da reflexão e do diálogo, precisamos sim abordar esses assuntos justamente para que superemos ideias e posições extremadas, que dão lugar a complexos de ignorância.

Esses complexos de ignorância vão se consolidando na sociedade, e por vezes alimentam preconceitos e a intolerância que, por sua vez, geralmente desemboca em violência simbólica e física, como temos visto. Daí decorre a necessidade do diálogo e da análise da realidade que nos envolve de maneira responsável.

Estamos vivendo a “era da lacração”, das frases de efeito, da “mitagem” e das fake news. Mas a análise séria e responsável dos fatos sociais requer tempo, escuta atenta e imparcialidade. Infelizmente, a grande maioria das pessoas não se mostra predisposta a fazer esta busca, afinal, é muito mais fácil repassar adiante uma mensagem que chega por WhatsApp do que ouvir um especialista no assunto durante 10 minutos.

Mas precisamos reafirmar o fato de que o compromisso com a verdade, com a ética e com a análise mais profunda dos fatos e da nossa realidade social demanda muito mais do que essas frases de efeito, que alimentam a opinião pública, infelizmente. Frases como “Bandido bom é bandido morto”, repetida tantas vezes e insuflada pelo bolsonarismo no Brasil, carregam em si uma forma de pensar, de entender determinada questão, mas são reducionistas. Não contemplam a amplitude envolvida na questão. E no caso desta frase em particular, ela não contempla a amplitude envolvida na questão da segurança pública.

Ela contribui sim para a banalização da vida humana e para o fomento da violência pela violência. Importante destacar aqui que, quando afirmo isto, não estou necessariamente legitimando o crime. Particularmente, entendo ser necessária uma revisão urgente em nossa legislação. O crime se combate também com uma ação policial firme, que disponha de retaguarda jurídica e de equipamentos… Mas que se dê dentro dos limites da Lei! E a Lei visa punir o criminoso visando sua recuperação, não seu assassinato a sangue frio.

A melhora no problema da segurança pública na sociedade não passa apenas pela ação policial, ainda que ela seja absolutamente necessária. É preciso colocar livros nas mãos das nossas crianças, adolescentes e jovens, buscando educar, e não fomentar ainda mais uma cultura de armas e de violência.

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