OPINIÃO: a Videconomia, ou a Econovida: viver para trabalhar, ou trabalhar para viver.

Talvez esse seja mais uma das muitas retóricas “argumentações pandêmicas”. Há posições solidamente entrincheiradas para defender a preservação da vida, inclusive para a oportuna recuperação econômica. Outros, defendem que sem uma economia ativa não há como manter as condições de vida em sociedade.

Talvez valha citar Jim Brown (equivocadamente atribuído ao Dalai Lama), onde “os homens perdem a saúde para juntar, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E nisso se assenta o “olho do furacão”, as mais acaloradas divagações filosóficas, sobre o que seria “O mais elevado dos princípios”, todos esses atemporais e interdependentes. E não me atreveria a delongar sobre os tantos que filosofam sobre uma “vida antissepticamente enjaulada”, daquelas que permitem uma conversa sem mãos na massa ou sem pés no chão.

Esses tantos provocam igualmente acalorados questionamentos sobre “o que é mais importante”, ou sobre “como (sobre)viver sem real acesso aos meios de mantença”. Ou ainda, “como exercitar a produção sem expor a (sobre)vida de quem lhe move”. Não quero entrar na velha e não-concluída discussão sobre o trabalho e os meios de produção, mas lembrar uma canção do Sílvio Brito: “tem que pagar pra nascer, tem que pagar pra viver, tem que pagar pra morrer…” E “pagar”, nesse caso, não se restringe apenas ao orbe financeiro. Paga -se, por algo, de tantas maneiras…

Mas o furacão que falava, ainda gira vertiginosamente, e somos centrifugamente postos para fora. Ou seja, o momento da “calmaria” (“estou pensando sobre…”) que antecede uma.tomada de decisão está acabando. A cortina de fumaça onde nos “escondemos em dúvidas” já se dissipa. Curiosa e miraculosamente, nos damos conta que a turba, a “massa ignara”, tantas vezes “tangida” por “testas oleosas” (que se creem “mentes brilhantes”), vem “cobrar” uma opinião. 

Qual, dos princípios mais elevados e mais importantes -o direito à vida, e o direito à dignidade social da vida- prevalecerá? Quem é o marisco, o rochedo, e o mar bravio? Como em um bolero mal dançado (pronto, entreguei a idade…) volto ao olho do furacão. “Fique em casa, se puder” ou “vamos reabrir o comércio/serviços”? Use esse ou aquele medicamento -tão controverso em seus benefícios, quanto à espera por uma vacina- ou distancie-se socialmente? Vale a opinião desse ou daquele pesquisador? Ser paciente, esperando resposta, ou um paciente, em leito de hospital? O olho do furacão parece se afastar, e nos sentimos aturdido, desorientados. Sobrevém aquela sensação: o que faço? 

Simples (aparentemente…). Bom senso. Pés no chão. Lógico que não desejamos o mal a mim mesmo. Por consequência, não desejo o mal a ninguém (bom, é o que espero…). Imagino que não façamos a ninguém o que não desejamos que alguém nos faça. Viver em sociedade é ter opinião. Ter opinião nos obriga/não significa menosprezar a opinião alheia. Discordar sem discutir. Discutir sem brigar. Brigar sem agredir, sem romper laços. A principal prova de fraqueza de argumentos -da perda da própria razão- é a alteração do humor, a briga, o grito, a ofensa. Viver em sociedade é construir pontes. Não ilhas. Em bom momento surge a ideia da ilha. Ser ilha e um conceito não muito compatível com o ser coletivo, societário, membro da “aldeia global”. Hoje, nossa mais dolorosa sensação de solidão sobrevêm quando o celular acaba a bateria… 

Porém, voltamos à questão: como socializar se nos dizem imperioso isolar? Como (sobre)viver quando o que nos garante a mantença nos obriga à exposição cotidiana do trabalho, do transporte coletivo etc? “Virtus in médio”, diriam os romanos. A virtude está no.meio termo. Viver, sim, mas sem se expor desnecessária e/ou  imprudentemente. Trabalhar, sim, mas sem se expor desnecessária e/ou  imprudentemente. Como diz a música, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, aqui incluídos as artes, ofícios e profissões.

Cuide-se. Por si mesmo, e pelos outros. O outro é seu espelho: tem a si mesmo e os que lhe são importantes. Queira aos outros sempre o melhor. Viva na sua ilha, no seu quadradinho, mas respeite o espaço alheio -que é a vida alheia-, pois se desrespeitar a si próprio já é ruim, fazê-lo contra outra pessoa já beira o crime. Queira a e pratique o bem, por si e para os outros. Em tempo de clichês, prevenir é melhor que remediar.

E fazendo assim, poderemos cuidar de todas as ilhas, de todos os quadrados, de todos os espaços, sem invadir ou interferir. A sociedade agradece. Dessa forma, não nos conhecemos a (sobre)viver em ilhas. Fique em casa, se puder. Mas não fuja do mundo. Se tiver de sair, não o faça como se só você existisse ou importasse. 

Grupo de risco, é quem está exposto a um risco à vida. Para morrer basta estar vivo. Não ponha em teste a falta que você faz. Mais uma citação cinematográfica, tenha “vida longa e próspera”, e não deixe seu comportamento pôr ninguém em risco. Nem sua ilha, nem o continente.

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