REINTEGRAÇÃO DE POSSE: 70 casas no chão. Justiça determina demolição na área de invasão, no Penedo, em Itapemirim.

A ação foi comandada pelo Batalhão de Missões Especiais – BMP DA 9ª Cia Ind. da PM, mais Polícia Ambiental, com apoio da Guarda Municipal, Cavalaria da PM, Corpo de Bombeiros e Prefeitura de Itapemirim. Um dia tenso e de muito trabalho.

Foto: Divulgação

Logo cedo, nesta terça-feira, 22, a Rodovia do Sol, 060 – Rodovia que liga Marataízes a Itaoca/ Itapemirim, foi interditada pelo Batalhão de Missões Especiais da Polícia Militar – PM, que realizou uma operação de reintegração de posse de uma área na localidade do Penedo, em Itapemirim. Nesta ação, 70 casas foram demolidas, com autorização da Justiça.
A ação foi determinada pela 1ª Vara Cível de Itapemirim. A medida visa atender ao requerimento da empresa “Apoio Distribuidora Agrícola LTDA”, proprietária do terreno.
A ação de desocupação da área afetou, significativamente, o trânsito na região, com os acessos pelas Rodovias do Penedo e Rodovia do Sol, sendo interditados. Como alternativa, os motoristas foram orientados a utilizar a ES 487, via Gomes, para acessar Marataízes e Itaoca, em Itapemirim. O trânsito foi liberado no final da tarde.
A situação das famílias impactadas pela demolição, também tem sido alvo de atenção. A prefeitura de Itapemirim informou que uma equipe da Secretaria de Assistência Social e Cidadania está no local, cadastrando as famílias que estão sendo retiradas das casas. Essas famílias estão sendo encaminhadas para o Ginásio Municipal “Waldir Alves”, na Vila de Itapemirim, onde outra equipe presta assistência e dá continuidade ao trabalho de apoio. As famílias terão um prazo de 30 dias para permanecer no ginásio e encontrarem um novo local para morar.


Moradores das casas que foram demolidas manifestaram seu descontentamento com a ordem judicial, alegando que não receberam tempo suficiente para retirar seus móveis e demais propriedades. “É uma covardia o que estão fazendo conosco. Não deram tempo de tirarmos nossas coisas”, relatou uma moradora que preferiu não se identificar.
Muitos dos que compraram terreno no local possuem casas e imóveis em outros locais, como foi apurado in loco. Vários de outros municípios. Outros moradores caíram no conto do vigário, compraram por valores baixos e construíram, ainda que não tivessem documento que comprovasse a legalidade da compra.
A demolição das casas foi coordenada pela Justiça, através do Batalhão de Missões Especiais – BME, Cavalaria da Polícia Militar DA 9ª Cia Ind. em apoio à Guarda Municipal, a Secretaria de Assistência Social de Itapemirim, o Corpo de Bombeiros. A prefeitura enfatizou que a ação é uma determinação judicial, e o município está fornecendo o suporte necessário para a operação.
Vale reforçar que essa é uma ação com base em uma ordem judicial, que está sendo cumprida após os proprietários do terreno entrarem na justiça. A Prefeitura não é realizadora da ação, ela foi convocada pela justiça para dar suporte. Estamos com a Assistência Social e a Guarda Municipal ajudando.
Diversos registros da ação e das manifestações dos moradores foram compartilhados nas redes sociais.

Energia – gato

Uma equipe da concessionária de energia – EDP foi acionada para fazer o desligamento da eletricidade nas casas. Um amontoado de fios foi retirado das residências para que, tanto os moradores e agentes pudessem trabalhar em segurança na desocupação da área sem correr riscos. Todas as ligações eram clandestinas.

Água – gato


Uma equipe do SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgoto, de Itapemirim, também esteve no Penedo e detectou vários pontos clandestinos de ligação de água. A maioria das casas que possuía água encanada, a ligação não fora autorizada pelo Saae.

Fossa

Videos: Divulgação


Segundo informações da PM, apenas uma fossa grande foi encontrada no local, porém ainda não estava sendo usada. Não obtivemos informações de onde os moradores estavam depositando os dejetos.

Escola


O Município de Itapemirim tem conhecimento de alguns alunos da localidade do Penedo que estudam na Escola “Narciso Araújo”, na sede do Município. Caso os mesmos precisem de transferência escolar, o procedimento é o seguinte:

1º passo: Ir na escola mais próxima e ver se tem a vaga. (Observação: Se for no Município de Itapemirim e na mesma não tiver a vaga, os responsáveis deverão procurar a Secretaria Municipal de Educação – Vila do Itapemirim – Praça Domingos José Martins, antigo Narciso Araújo).
2º passo: Ir na escola atual e pegar a transferência, caso já tenha conseguido a vaga.
3º passo: Levar os documentos (certidão, cartão SUS, cartão de vacina, comprovante residência) e a transferência para escola em que o aluno será matriculado.
Horário de funcionamento das escolas: De 7h às 17h.
Ressaltou a Prefeitura que o Ginásio “Waldir Alves” fica próximo ao “Narciso Araújo”, desta forma, quem for ficar no abrigo, não vai precisar, neste momento, de transferência.

Gato por lebre

A Reportagem conversou com uma moradora, que não é do ES e pediu para não ser identificada. Ela contou ao Jornal que comprou o lote onde construiu um cômodo por R$3.500.00. Sendo uma entrada de R$2.000.00 e o restante dividido em 10X.
Dona Maria, assim chamada pela Reportagem, disse que, antes do marido construir, sozinho, o cômodo, morou em uma barraca de plástico no meio do mato, passou frio e muita necessidade.
Havia dono de quadras e mais quadras de terra lá no Penedo, até donos de embarcações. Entre os moradores das casinhas, havia donos de caminhão, motos de R$50.00, carro do ano. Mesa de granito de R$7.000.00 a TV de 52”. Mas por lá, tudo era no dinheiro. Havia até quem tinha casa e uma espécie de venda de lajotas, para os próprios moradores. O dia lá de um pedreiro custava em torno de R$180.00. Houve quem vendesse sua casa no local onde era seguro, como Campo Acima, e investiu tudo lá na área de invasão.
Muita confusão e desentendimento era o dia a dia dos moradores que sofriam ameaças caso não cumprisse com os acordos feitos com quem lhe vendia a terra e ou o imóvel.
Os terrenos eram vendidos por diversos valores, de R$2.000.00 a R$10.000.00, ou trocavam por carros. Havia muita confusão, segundo um morador. Houve um caso que uma missionária teria vendido uma casa para um comprador, e, a mesma casa negociado em troca de um carro para um pastor. “Energia e água era tudo no gato. Não tinha nada de relógio, nada. Nada era legalizado. Os próprios líderes que vendiam, pegava quadra inteira. Tinha uma tal de Tininha que liderava. Tem gente lá que tem moto de R$50.000.00 a R$100.000.00”.
O pastor Amós fundou uma igreja, ele alegou que recebeu informação de que a área era desapropriada pela Prefeitura de Itapemirim, lá ele construiu também a sua casa e, hoje, a viu ser demolida. Ele disse que veio para Itapemirim por conta do tratamento da filha especial e que em Cachoeiro, onde morava, era de herdeiros, e não havia documento. E que sua missão também é converter as pessoas, e que há casos de pessoas com dependência química no local.
“Eu morava aqui, eu, minha esposa, uma filha especial, uma cunhada minha especial, e a minha sogra idosa. Onde eu morava era terra de herdeiros e não tem documento. Minha filha fazia tratamento em Itapemirim, por esse motivo eu vim para Itapemirim. Este terreno era área desapropriada da Prefeitura, segundo informação, a Ouro Negro tinha convênio com a Prefeitura. A Prefeitura não nos deu direito de moradia, para que nós saíssemos daqui para um local seguro e adequado, razão esta que hoje veio a retirada”.
O pastor enfatizou que, casa se constrói outra, e que estava feliz em retirar a família em segurança. Disse que ficou sabendo que a Prefeitura havia alugado um galpão em Marataízes e que as famílias que não tem para onde ir iriam dividir um espaço de baia de animais. Informação que não procede.
As famílias estão sendo encaminhadas ao Ginásio “Waldir Alves”, na Vila de Itapemirim.
Uma moradora assegurou que não havia fossa na casa dela, ela e o marido faziam as necessidades fisiológicas em uma sacola e jogavam na lixeira à beira da pista.
“Ninguém teve dó de mim. Eu carreguei muita água no carrinho de mão. Meu marido fez o barraquinho sozinho. Era um negócio que só se pagasse a gente tinha alguma ajuda”.

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