“Meu filho não era bandido. Meu filho era um jogador de bola, um pescador”, assegura mãe de Pelota assassinado na Praça

Quase sete meses se passam e a dor da mãe de Pelota é maior, a cada dia. O filho foi assassinado, desarmado, na Praça em Piúma, no dia da comemoração do Flamengo.

Na época do crime, o jornal informara que havia sido uma troca de tiros, um atirou no outro, mas, não foi assim que ocorreu. Luiz Carlos Távora não estava armado e não atirou em ninguém, ele foi mais uma vítima indefesa.

A mãe de Luiz Carlos Távora, Lena, assim mais conhecida choratodos os dias a ausência do filho. Fotos: Arquivo de família

Ela foi mãe e pai durante muito tempo, até Deus se casar com o marido que deu novo sentido a sua vida. E o trabalho nunca foi motivo de reclamação ou revolta, já atuou em quiosque, arrumando mesas na praia, no sol, andando na areia quente, e vendendo canga, para não deixar faltar nada aos filhos. Ainda era adolescente quando engravidou do primeiro filho, aos 17 anos. Lucilene Távora tem orgulho da memória do filho que ela perdeu, na fatídica noite de 29 de outubro de 2022; Luiz Carlos Távora.

São quase sete meses que o crime ocorreu, e a dor só aumenta, a saudade parece dilacerar ocoração, todos os dias, da mãe do jovem brincalhão, pescador e apaixonado por futebol. Luiz Carlos não estava armado, não foi para a Praça para brigar com ninguém, se desentendeu com um rapaz na orla da praia, contudo fizeram as pazes. Ele saiu de casa, tomado banho, arrumado, perfumado, ia à praça para caçoar de um amigo botafoguense.  

Os amigos prestaram homenagem ao jorgador que teve a vida ceifada num ato covarde de um assassino que interrompeu os sonhos de Luiz Carlos e de Saulo

O jornal conversou com Lena, que reside no centro de Piúma, para que ela falasse um pouco do filho que foi assassinado por estar na hora errada e no local errado, às 22h30, daquela noite da Libertadores que o Flamengo foi campeão.

“Aqui é Lena, a mãe do meu eterno Luiz Carlos, o qual, naquela noite de sábado, no dia do jogo em que o Flamengo foi campeão, estava naquela pracinha. Ele foi uma vítima, os sonhos dele foram juntos. Faltavam quatro dias para ele completar 21 aninhos, para eu chegar naquele local, ver meu filho caído e morto, daquele jeito, e depois ver publicações que falam da índole do meu filho, que falam que meu filho era um bandidinho; traficantezinho, conforme mostrei o comentário daquela moça que colocou na matéria do jornal. Eu choro muito. Estou desnorteada, eu tomo remédios e mais remédios, todo dia é uma luta, choro em todos os momentos. O meu coração e minha alma estão doendo. Estou viva, mas estou vegetando”, contou a Lucilene. 

A homenagem é merecida

Está certa, Lena, em procurar o jornal e esclarecer os fatos, uma vez que, o Boletim Unificado da Polícia Militar, pós crime, trouxe informações que não conferem com os fatos. Luiz Carlos Távora era pescador e não estava envolvido em confusão com o assassino, que matou mais um e baleou quatro adolescentes, na mesma noite.

A Polícia Civil – PC fez um brilhante trabalho e prendeu o autor, Kauam Paulino, na cidade de Aracau, no Ceará, em 18 de março. Contudo, a prisão e o cárcere do algoz não diminuem o sofrimento de Lena e, possivelmente, da mãe de Saulo Manduca Soares, de 17 anos, o adolescente que também foi morto naquela noite sangrenta. Ainda mais nesta semana em que se comemora o dia das mães. A dor toma conta de toda alma das mães que perderam seus filhos da forma com que Pelota foi tirado de Lena. Isso mesmo, Pelota, assim ele foi adjetivado tão logo nasceu, era gordinho.

Luiz Carlos chegando da pescaria todo feliz.

O crime fora noticiado por todos os jornais de circulação, no Espírito Santo, e, nós trouxemos a informação equivocada, a respeito do pescador que amava a viver e se divertir, Luiz Carlos Távora. Ele morava no centro.  O sofrimento é todo dia, não há nada que faça Lena esquecer o seu menino, por isso ela pede que o jornal traga a verdade dos fatos.

A Reportagem do Jornal “Espírito Santo Notícias” obteve informações do Boletim Unificado – BU da Polícia Militar, na manhã de segunda-feira, após o crime. E com base naquelas informações, publicou a notícia. O inquérito da Polícia Civil ainda estava sendo instaurado para averiguação dos fatos. O delegado David Gomes Santana, de forma majestosa, chegou ao autor e buscou os detalhes do crime que destruiu duas famílias de Piúma.

O time que Pelota integrava em Piúma

De acordo com a Polícia Civil, não houve troca de tiros entre vítimas e assassino, de fato, havia ocorrido uma briga antes, próximo ao Quiosque 03, na orla da Praia. Contudo, Luiz Carlos Távora, não se desentendeu com o autor dos disparos que tirou a vida dele. Ele foi morto por engano.

Segundo a mãe de Pelota, o filho havia se desentendido com um rapaz, apelidado de Baianinho, mas, logo depois, fizeram as pazes, daí foi para casa, tomou banho, se arrumou e foi a para a Praça onde, o assassino chegou mais tarde, atirando em outro rapaz e acabou baleando quatro adolescentes e matou o filho dela, que estava desarmado.

“Baianinho me mandou mensagens na madrugada do dia seguinte, dizendo que não fez nada com meu filho, me pediu desculpas, disse que eles brigaram, mas se perdoaram logo depois”.

Luiz Carlos ia completar 21 anos quatro dias depois de sua morte.

A vida perdeu o encanto para Lena, o filho dela era dono de uma alegria incomensurável, amava jogar futebol e se divertia trabalhando no mar, fazia vídeos na embarcação e, quando chegava em casa, era o melhor momento. Corria para abraça-la. A dor é muito grande, a saudade é imensa e o vazio tomou conta da sua vida, que só dorme a poder de remédios e chora todos os dias. “Mataram meu filho enganado, ele sempre foi um trabalhador. Meu filho era pescador e jogador de bola. Este ano, se ele estivesse vivo, tinha ganhado de novo o campeonato. A briga na praia não se estendeu para a pracinha, de lá ele foi para casa, depois se arrumou e foi para a praça. Meu filho foi uma vítima. A confusão que ele se envolveu, foi  feito as pazes. Faltavam quatro dias para o meu filho fazer 21 aninhos e acabou comigo. Meu filho morreu no dia 29 de outubro, às 22h40, meu filho não estava armado”.

O jornal deixa claro que, não conheceu nem as vítimas, nem o algoz, e esclarece que a notícia foi construída com informações do BU, entretanto, os meninos mortos, não estavam trocando tiros, foi uma covardia, sem limite, e um ato imperdoável do assassino, que é de Itaipava, estava armado e disparou contra diversas pessoas, tirando a vida de dois jovens.

“Eu estou um caco, eu choro o tempo todo. Estou fazendo uso de medicamentos, mas, quando eu penso em tudo que eu passei naquela pracinha, indo para Cachoeiro, não é fácil. E tudo volta novamente. A vida acabou”, disse mãe do jovem assassinado.

Que Deus conforte e acalente o coração das mães que tiveram a vida de seus filhos ceifadas de forma brutal, e que o criminoso pague pelo crime com o peso da condenação que lhe for conferida.

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