Escritora cachoeirense carimba o 1º lugar no Prêmio Melhores do Ano, na categoria Escritores
A realização dos Melhores do Ano é do Mérito Capixaba. A escritora ficou muito feliz com o reconhecimento. Os frutos estão sendo colhidos.
A escritora, historiadora cachoeirense e professora, Luciene Carla Francelino está muito feliz com o reconhecimento do seu trabalho, ela foi indicada e ganhou o 1º lugar no Prêmio Melhores do Ano na categoria Escritor, promovido pelo Mérito Capixaba.
Luciene lançou neste ano sua obra “A construção histórica do racismo e a luta antirracista” e vem fazendo um brilhante trabalho em diferentes espaços de debates. Recentemente ela participou da primeira Feira Literária de Jardim Camburi/ Vitória que aconteceu entre os dias 7 a 9 de dezembro. Feira que contou com venda e exposição de livros, palestras, apresentações culturais e uma Roda de Conversa intitulada Diálogos Atuais. Nesta Roda o papo foi ‘reto’ e necessário.
“Sei que a minha fala incomodou, no melhor sentido da palavra. É um espaço brancocêntrico e elitista, mas que abriu as portas para o diálogo. Achei bom”.
Radiante com o reconhecimento da sua obra e o 1º lugar nos Melhores do Ano como escritora, Luciene enfatizou: “Receber este prêmio, trouxe muitas alegrias, e a certeza de que a nossa voz, negra, precisa ser ouvida. Este prêmio contemplou o meu livro: A construção histórica do racismo e a luta antirracista, lançado em março deste ano. Vendi 450 exemplares e precisei fazer uma segunda tiragem recentemente”.
Para a historiadora cachoeirense, está acontecendo uma revolução silenciosa nas artes e na literatura. “Estamos rompendo barreiras impostas pelo racismo, sexismo e misoginia. A literatura antes, elitista, está tendo que abrir espaço para as vozes que foram silenciadas ao longo da história, vozes negras, indígenas, quilombolas, vozes diversas”, frisou.
Na Feira Literária em Jardim Camburi
A escritora e historiadora Luciene Carla Francelino, abordou o tema de seu livro: A construção histórica do racismo e a luta antirracista. Que destaca como o racismo foi elaborado ao longo da história e os mecanismos utilizados para a permanência do mesmo.
“Um dos assuntos que sempre causa polêmica quando abordamos a questão racial é o tema: cotas, ou ações afirmativas. Sabemos que estes são mecanismos de reparação histórica, que tem por objetivo promover equidade entre os grupos que de alguma forma não têm as mesmas oportunidades que o restante da população. E por isso vivem situações de vulnerabilidade e estão em desvantagem em diferentes espaços, sobretudo os de poder e de decisão”.
Nesta Roda de Conversa, um dos temas levantados foi o das cotas para mulheres e demais “minorias” em partidos políticos. A historiadora defendeu de forma enfática a diversidade em tais espaços, pois o que sempre aconteceu historicamente é que a política foi um espaço majoritariamente masculino, branco, heterossexual e cisgênero. E consequentemente as pessoas que faziam política pública, pensavam a partir de seus marcadores sociais, de raça, classe e gênero.
“Quando o ambiente é plural, pensamos a partir da pluralidade de vivências e experiências, tornando não só a política, mas a sociedade como um espaço mais igualitário e menos excludente”, disse.
Luciene destacou que sempre houve política de cotas no Brasil, para brancos e ricos, e isso nunca incomodou. É o caso das capitanias hereditárias, os herdeiros eram homens de famílias abastadas. Outro exemplo é a reserva de vagas para filhos de fazendeiros nos cursos de agronomia, política que vigorou até os anos 1980. “Quando as cotas abrangem grupos historicamente discriminados, como negros mulheres e população LGBTI+ percebemos como o racismo, a misoginia e a LGBTgobia atuam”.
O livro da autora doutoranda foi reconhecido como o melhor livro de História do ano. “Olha que legal! Alguém me indicou e eu nem sabia. Fiquei feliz, a minha escrita está produzindo frutos”.O Jornal Espírito Santo Notícias se orgulha deste prêmio e do trabalho essencial e necessário que vem sendo proposto pela escritora cachoeirense, a mesma que é membro do Coletivo de Escritoras Pretas do Espírito Santo Teresa de Benguela.