Depois de 10 anos de lutas, área do Portinho é regularizada e escrituras são entregues aos novos proprietários

Silvana Boechat lutou como uma gladiadora, não se deixou vencer. Não deu um palmo de terra a ninguém, foi na garra e na competência que conseguiu regularizar os terrenos do Portinho. Pode comemorar, que a vitória é da imobiliária, a vitória é sua!

Silvana Boechat conseguiu depois de 10 anos a regularização da área do Portinho – Fotos: Luciana Maximo

Quem não sonha com a casa própria e a escritura nas mãos? Imagina uma casa de frente pra praia então? É o desejo de toda pessoa. Mas, para conseguir realizar o sonho é preciso encontrar pelo caminho profissionais que atuam com seriedade para que o sonho se torne realidade.

O renomado engenheiro civil Floriano Chácara, (já falecido) e a despachante documentalista Silvana Boechat adquiriram uma extensa área de terra no bairro Portinho, de frente para a paradisíaca Praia do Pau Grande, em Piúma e não imaginavam que passariam por tantos desafios para conseguirem regularizar o imóvel. Eram tantos percalços que Floriano acabou morrendo e não conseguiu. Contudo, Silvana não cruzou os braços nenhum dia sequer, foram 10 anos de luta, e agora ela consegue toda documentação e entregar as escrituras assinadas a todos que adquiriram a sua área. 

O Jornal Espírito Santo Notícias acompanhou o passo a passo da imobiliária para conseguir chegar neste momento. Para Silvana uma questão de honra.

Um relato na integra

Silvana Boechat está no ramo de regularização de imóveis há 25 anos. Duas décadas esteve ao lado de Floriano Chácara, um exímio professor, sabia tudo e mais um pouco. Ao jornal ela detalhou os momentos terríveis que passou para conseguir chegar ao êxito. Para ela, um sonho que virou pesadelo, contudo, terminou com um final feliz.

Tudo começou em 2014 quando Silvana e Floriano adquiriram uma área de 26.000m2, na Praia do Pau Grande, Portinho, Piúma-ES, para investimentos futuros. Foi quando tiveram inícios uma série de ameaças, tentativas de extorsão ditas explicitamente por um advogado, insinuando que a documentação era forjada e um certo gestor da época, processos iniciais referente à regularização da área desaparecendo como num passe de mágica e outros tantos acontecimentos com intuito de prejudicá-los.

“Não tiveram o mínimo de consideração e respeito ao estado de saúde de Floriano Chácara. Diante desse quadro, chegamos à conclusão que não teríamos como prosseguir com a regularização, pois a saúde de Floriano teve uma complicação e ele estava em Vitória para fazer um auto transplante. Foi quando contratamos a Dra. Luciana Nascimento, no início de 2017, para nos assessorar numa ação contra o Município”, relembrou Silvana.

Em dezembro de 2019, Floriano demonstrou claramente uma tristeza e frustração, pois temia pelo futuro de sua saúde e não era da vontade dele deixar o escritório com esse problema e tendo que enfrentar ‘lobos’. E realmente o pior aconteceu. Em 05 de fevereiro de 2020, Floriano veio a óbito depois de muito sofrimento e logo a seguir veio a pandemia. “Colocaram fogo na área por diversas vezes para nos incriminar, fizeram de tudo, mas nos mantivemos firmes”.

De acordo com Silvana, em 2021 durante o lançamento de um condomínio, quando encontrou Lenilce Carvalho no evento, quando foi relatado a história. Enfática, a chefe de gabinete da atual gestão assegurou que, se a documentação estava toda correta, não era preciso se preocupar, pois seria regularizado.

Entrou em cena também a Dra. Daniela Paganini que explicou a situação para a vereadora Bernadete Calezani e ela ficou chocada com a trama e convidou Boechat para ir até o gabinete na Câmara. Lá Silvana mostrou toda a documentação e então, ela abraçou a causa.

“Todos falavam que nossa área tinha todo tipo de problemas. E realmente, com a nova administração o cenário foi mudando para melhor”.

Silvana adoeceu, teve várias crises de ansiedade e por várias vezes precisou ir ao hospital, até que foi diagnosticada com TAG (transtorno de ansiedade generalizada) e começou a fazer uso de medicamentos.

Quatro anos e dois meses depois da partida de Floriano Chácara, Silvana consegui finalmente fechar o inventário e transferiu as devidas escrituras de compra e venda aos seus proprietários.

A engenheira Aline Freire também adquiriu área no Portinho e pegou a escritura

“Finalmente, hoje meu sentimento é da mais pura GRATIDÃO. Primeiramente a Deus que nunca nos desamparou e as pessoas que seguiram sempre ao meu lado me dando um suporte: Dra Luciana Nascimento, Dra. Daniela Paganini, Bruno Zuqui, Lara Valiati, a família de Floriano Chácara e a mais importante de todas, Rosangela Ribeiro, que sempre confiaram no meu trabalho e no meu caráter. Enfim, posso ter me esquecido de alguém, neste relato, mas agradeço também a tantas outras pessoas (não dá para relatar todas) que percorreram comigo esse caminho, cheio de obstáculos, mas, uma certeza, para Deus nada é impossível e que “NADA DURA PARA SEMPRE”, finalizou Silvana Boechat.

Dr. Danilo Besteti também participou da luta, ele é enteado de Floriano Chácara

Uma década

A advogada Simone está no centro da mesa, ela é filha de Floriano Chácara

A advogada Simone Chácara, filha do engenheiro, também acompanhou todo o processo que ficou nas mãos de Silvana Boechat.

“Exatamente uma década! Isso mesmo, foram longos e árduos 10 anos necessários para chegar ao fim da regularização da área do Portinho. Nunca pensamos que seria fácil, mas também não imaginamos que seria tão desgastante, que seríamos tão massacrados, desmotivados, desacreditados e tantas vezes humilhados. Desistir nunca foi uma opção, mas confesso que esmoreci diversas vezes diante de tantas perseguições, inclusive políticas”.

Simone afirmou que muitas pessoas compraram a “causa” e os encorajaram a seguir adiante.

“Eu nem me atrevo a citar nomes aqui porque poderia esquecer de alguém e todos foram de suma importância. Mas uma, em especial, devo um destaque, a Silvana, pois sem ela nada disso seria possível. Ela foi um ponto de apoio e suporte e por esta razão também recebeu todas as “pedradas” que recebemos pelo caminho (e não foram poucas). Meu pai foi antes de ter o prazer de ver o Portinho regularizado, mas honramos a sua palavra e sei que ele está feliz lá em cima. A Deus toda a honra e Glória, por preparar todas as coisas e por renovar as nossas forças todas as manhãs”. Ressaltou a filha de Floriano.

Luta travada

Dra. Daniela ressalta que

s com muita garra, determinação e honestidade, nosso objetivo foi alcançada

A advogada Daniela Paganini Alves também entrou em cena. 

“Quando conheci Silvana, ela travava uma luta árdua e longa em busca da regularização do Portinho, todos acreditavam que existia um problema ambiental. Um certo dia, em um momento de lazer, eu estava com a vereadora Bernadete e expliquei o que de fato acontecia no Portinho, ela ficou muito chocada com toda a realidade e com toda a documentação que possuíamos sobre a área, ela abraçou a nossa causa e juntas demos início à regularização de fato! Foi trabalhoso, foi desgastante, havia muitas perseguições e interesses de terceiros, mas com muita garra, determinação e honestidade, nosso objetivo foi alcançado. Tenho muito orgulho em fazer parte dessa história”.

Clareza, honestidade, trabalho sério

A advogada Luciana Nascimento também acompanhou o processo de regularização da área do Portinho. Ela assegurou que a conclusão com a entrega dos lotes no bairro Portinho aos seus respectivos compradores, significa uma vitória de uma batalha que seus proprietários Silvana Boechat, Floriano Chácara e, após seu óbito, por seus herdeiros, tiveram que enfrentar ao longo desses 10 anos.

“Foram inúmeras dificuldades, que foram desde atraso, morosidade, sem justificativa do poder público municipal, passando pela angústia e ansiedade de não vislumbrar o término, que culminaram com a doença e óbito do sr. Floriano Chácara, e da Sra. Silvana, que até hoje faz acompanhamento médico para controle de suas aflições desenvolvidas no curso desse processo”.

Destaca Luciana que sua contratação em 2017 se deu dentro do contexto, uma vez que eles precisavam de um profissional que atuasse mais de perto com deles, com a dedicação que a demanda exigia, “e diria mais, para trazer conforto nos dias que as perseguições eram muitas e aviltantes”.

A advogada ressaltou que foram muitas lutas, muitas noites de sono interrompido pela preocupação, pela incerteza da vitória; muito trabalho, gasto; raiva, aborrecimento, frustração que eles passaram por aqueles que deveriam trazer solução por obrigação do ofício, mas que teimava em desafiá-los e até mesmo a lei. 

“Mas nem mesmo isso, a morte do Floriano, os problemas que saúde que a Silvana Boechat passou a enfrentar esmoreceram sua força, vontade e determinação de fazer e agir de acordo como sempre pautou a sua vida em todos os aspectos, principalmente profissional: clareza, honestidade, trabalho sério e com afinco até cumprir aquilo que se propôs a fazer e entregar. E foi o que aconteceu, quando entregou a todos os compradores: área regularizada e escritura nas mãos. Parabéns!! Ela é merecedora dessa conquista’, parabenizou a advogada.

Gratidão é a palavra

Enfim: Regularizado e com escrituras

A enfermeira aposentada Albaci Fernandes, mãe das filhas de Floriano Chácara, estava aliviada no dia da entrega das escrituras das áreas do Portinho.

“Foi um desgaste tão grande para todas as partes. Simone teve um contato maior com o pai, trabalhava com ele, ficou mais próxima, a forma como tudo aconteceu, a doença dele. Foi um conjunto de coisas que acabou gerando muito desgaste. Eu tenho certeza que se não fosse pela Silvana, as minhas filhas teriam chutado o balde. Nós agradecemos muito a Silvana, ela esteve a frente de tudo, cuidou e resolveu da melhor maneira possível. Este momento é como se fosse um aniversário, é para comemorar. Silvana arregaçou as mangas, correu atrás, sofreu junto com as meninas, tinha dia que desanima, achava que não ia resolver e Deus deu o alicerce, e o dia chegou. Eu só tenho a agradecer. Sentimento de alívio, missão cumprida”, ressaltou Albaci. 

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