Defensor de assassina de Zé Mauro perde prazo e devolve o processo ao Fórum um dia depois do júri ser cancelado em Vila Velha

Advogado de Carla, assassina que confessou ter matado Zé Mauro diz que não sumiu com o processo

Carla confessou que matou Zé Mauro, o advogado dela perdeu prazo no processo, não tem data marcada para o juri

O advogado Nelson Moreira Júnior que defende Carla Rogéria Ferreira, ré confessa do assassinato do secretário-geral de Itapemirim, José Mauro Sales morto a tiros no dia 3 de setembro de 2017 enviou um áudio a um amigo que reenviou ao jornal e neste ele afirma que não desapareceu, nem deu sumiço no processo. Ele fez carga e o devolveu na tarde desta quinta-feira, 05, um dia após a data marcada para o júri no Fórum Desembargador Anibal de Athaide Lima, em Vila Velha.

De acordo com o advogado de Carla, dia 28 de fevereiro foi publicado uma decisão do juiz de Vila Velha, Drº Eneias o intimando com urgência para ele se manifestar no processo. “Só que esta intimação foi publicada na segunda-feira, dia 02, o júri estava marcado para o dia 04, e como advogado, toda vez que uma decisão é publicada ele tem cinco dias no mínimo para falar nela. Eu exerci o meu direito. Fui lá, peguei o processo, entrei com uma suspeição contra o doutor Eneias, entrei com um mandado de segurança contra a 4ª Vara Criminal de Vila Velha, porque eles estavam querendo fazer o júri sem ouvir o prefeito, sem ouvir o Ernane, sem ouvir Davi, sem ouvir o Oseias. As provas que são boas para Carla eles não queriam ouvir. Eu quero acareação, quero tudo. Fiz o mandado de segurança, fui despachar ontem com o desembargador Wilian Silva e relatei para ele: ‘desembargador, eu quero fazer o júri. Eu quero fazer o melhor para os jurados. Eu quero fazer o contraditório com todas estas testemunhas e provas e o juiz de Vila Velha estava me atrapalhando. Eu aproveitei que eu não tinha tirado cópia do processo e dentro do meu prazo tirei cópia, pronto, já devolvi o processo hoje”, ressaltou em áudio o advogado.

A reportagem foi ao Fórum acompanhar o júri marcado para quarta-feira 04 e o mesmo não ocorreu porque o advogado da ré não estava presente e nem havia devolvido o processo que ele havia feito carga.

No cartório da 4ª Vara Criminal de Vila Velha a informação obtida pela reportagem era que o advogado havia feito carga e levado o processo, mas não compareceu ao júri e nem havia devolvido os autos. O cartório ainda informou que a justiça chegou a expedir nesta terça-feira (03) um mandado de busca e apreensão do processo nos endereços do advogado de Carla, na tentativa de reaver os autos para realização do julgamento. Entretanto, nem o advogado nem o processo foram localizados.

Advogado da família de Zé Mauro acredita que querem tumultuar o júri

A Reportagem falou por telefone com o advogado da família do secretário-geral de Itapemirim, José Mauro Sales assassinado em setembro de 2017, Drº Paulo Viana para explicar aos leitores a veracidade dos fatos que envolvem o caso.

Para melhor compreender a situação é preciso relembrar os detalhes do crime. Carla Rogéria era funcionária concursada no cargo de telefonista da Prefeitura de Itapemirim, porém ela acabou sendo comissionada em um cargo de diretora da Defesa Civil, mas acabou sendo exonerada.

Segundo a polícia, Carla além de ficar insatisfeita por perder o cargo de diretora, outra motivação para o crime seria o fato de que o marido dela, que tinha uma empresa de fogos de artifício, perdeu contratos com a administração municipal, e o secretário estaria impedindo que essa empresa participasse de novas licitações.

O marido da acusada e o enteado foram ouvidos pela polícia no dia 11 de setembro antes de Carla se entregar e disseram que, dias antes, ela estava bastante perturbada e chegou a dizer que iria matar o secretário, mas ninguém acreditou que ela cometeria o crime.

Carla foi até a casa da vítima com um revólver calibre 38 e, após uma discussão, atirou em José Mauro. A polícia chegou até a autora do crime depois que analisou as imagens de câmeras de segurança. Nas imagens, foi possível ver que a suspeita chegou até a residência da vítima de táxi.

A polícia conseguiu identificar o taxista que prestou o depoimento e entregou Carla. O taxista disse que a deixou na casa da vítima, ficou esperando, ouviu os disparos e a servidora voltou para o veículo dizendo que tinha matado o secretário. “Vamos embora para casa, acabei de matar Zé Mauro porque ele prejudicou muito a mim, acabando com minha empresa”, (disse Carla assim que voltou ao taxi”.

No depoimento do taxista ele disse que não teve coragem de procurar a polícia antes, pois também ficou com medo de morrer.

Durante a confissão Carla ela cotou ao delegado que agiu sozinha, isentou o taxista que a levou ao local do crime bem como, o marido dela, proprietário da arma, que ela disse ter usado para matar o secretário.

Advogado da ré perde prazo

De acordo com os autos do processo, o advogado que defende a ré Carla Rogéria Ferreira acaba perdendo prazos para arrolar testemunhas. Ele alega também no áudio que aproveitou a oportunidade que estava com o processo para fazer, ocorre que o processo ficou em seu poder do dia 10 de dezembro de 2019 até o dia 07 de fevereiro de 2020.

O artigo 422 do Código Processual Penal – Decreto Lei 3689/41 dispõe que ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência”.

O advogado Nelson teve prazo de cinco dias para arrolar as testemunhas conforme o artigo 422 do CPP, mas não arrolou dentro do prazo, segundo o advogado da família de Zé Mauro.

No dia 18 de dezembro de 2018, o juiz da primeira vara criminal de Itapemirim, José Flávio D’ Ângelo Alcuri deferiu a juntada da mídia ora apresentada pela defesa da ré, neste CD Carla tenta incriminar o prefeito interino de Itapemirim, porém, declara na mídia que foi ela quem o matou. “Zé Mauro está morto, eu matei”…  

No dia 05 de fevereiro de 2019, o advogado Paulo Viana que defende a família de Zé Mauro entra com embargos de declaração e o juiz acatou. “Pois bem, considerando que o Patrono da ré Carla Rogéria Ribeiro Ferreira de Oliveira foi intimado na data de 18/10/2018 para manifestar-se na fase do artigo 422 do Código de Processo Penal, mas somente protocolizou seus requerimentos no dia 1º de novembro de 2018, verifica-se que, de fato, ocorreu a preclusão do prazo para apresentar rol de testemunhas, juntar documentos ou requerer diligências (fls. 964 e 967)”.

Convém lembrar que o juiz de Itapemirim havia negado o requerimento do advogado de Carla, momento em que ele faz o mesmo requerimento ao juiz de Vila Velha para ouvir suas testemunhas.

No dia 26/10, o juiz de Vila Velha Eneias José Ferreira Miranda indeferiu novamente o requerimento do advogado da assassina de Zé Mauro, quando ele solicita uma delação premiada, onde ela tenta incriminar o prefeito de Itapemirim como o mandante e o policial militar Ernandes como executor.

“Com relação ao pedido de delação/colaboração premiada formulado pelo nobre patrono da acusada Carla Rogéria Ribeiro Ferreira de Oliveira já contou com a manifestação do órgão ministerial, descabendo a este juízo, ao menos por ora, lançar juízo valorativo sobre tal instituto. Em relação à promoção ministerial que se posiciona no sentido de que seja oportunizada a colheita da prova oral em plenário de julgamento das testemunhas indicadas pela defesa da ré Carla Rogéria Ribeiro Ferreira de Oliveira às fls. 959-966, mais precisamente em seu item “4”, penso que a defesa não trouxe dados que justifiquem a oitiva de tais testemunhas como do juízo, razão pela qual mantenho o posicionamento já destacado no ato judicial de fls. 1.045 e verso”.

História para tumultuar o júri

O advogado Paulo Viana que defende a família de Zé Mauro falou à Reportagem que o que mais deseja é o julgamento deste processo.  A autoria do crime já ficou demonstrada nas confissões da ré, no depoimento do marido dela também, onde Carla afirma para ele que matou Zé Mauro por vingança, o taxista que a levou ao local do crime e o enteado dela também confirmam em depoimento à polícia, “além de todas as outras provas efetuadas, inclusive, pela perícia realizada no local do crime”, frisou Viana.

Convém lembrar que no momento em que a assassina confessa se entrega à delegacia com o advogado, ela detalha como matou Zé Mauro. “Então a interrogada de pé enquanto Zé Mauro se encontrava sentado no sofá, cuja a porta da sala estava no momento aberta, a interrogada sacou a arma dizendo: “seu problema não é com a empresa, seu problema é comigo”, concomitantemente sacava arma da bolsa de palha e disparando dois tiros em direção ao peito de Zé Mauro, que ainda estava sentado, e ele disse algo que não se recorda, levantando-se e tentando fugir, que efetuou outros disparos já nas costas de Zé Mauro, que tentava fugir pegando a porta, onde Zé Mauro conseguiu sair da sala e caiu entre o carro e o muro da casa, que passou pelo mesmo lado em que o corpo de Zé Mauro já estava caído na garagem…”, contou ao delegado.

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