Criança de 4 anos é esquecida em ônibus escolar e monitora é exonerada, em Piúma

A reportagem não traz nomes, nem da aluna de 4 anos, em respeito ao que prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente, nem do motorista, nem da monitora, nem da mãe e nem da avó da menina. Foi também um pedido da família da criança, uma vez que, não querem se expor

Uma aluna de 4 anos, da educação infantil de uma escola em Piúma, foi esquecida dentro do ônibus escolar que faz o transporte dos estudantes, na última sexta-feira, 28. A menina dormiu em um dos bancos do ônibus e, acabou esquecida pela monitora e o motorista que deixaram todos os alunos na escola. O condutor seguiu para casa com o veículo escolar e a criança dentro.
Segundo o motorista, que não terá o nome citado, (para que a criança não seja identificada), ele parou o ônibus na porta da escola, como faz todos os dias, e os alunos desceram, mas a menina estava dormindo em uma das cadeiras do coletivo. Ele teria olhado o corredor e não viu mais nenhum aluno e teria perguntado a monitora (que também não terá o nome citado), se todos desceram, e ela confirmou que sim, porém, a menina de 4 anos estava dormindo. (Depoimento dado ao secretário de Educação de Piúma)
O motorista seguiu para sua casa levando o ônibus, como de costume, uma vez que, reside próximo ao trevo de acesso a Iriri e aproveita o horário para almoçar e depois retornar à escola para pegar os estudantes e deixá-los em suas casas.
Chegando ao local onde estaciona o ônibus, o motorista fechou a porta e desceu, indo para sua casa. Cerca de uma hora e meia, depois, a criança teria acordado e chorado muito, gritando e batendo nas janelas do ônibus, pedindo socorro e chamando a polícia. Uma mulher (ainda não identificada), teria passado na hora e visto a menina batendo nos vidros e chorando muito. Ela conhecia o motorista, foi até à casa dele e avisou. O motorista foi até o ônibus, vendo que era fato, conduziu a criança até a escola.
Informações da advogada da família dão conta de que a diretora da escola teria ligado para a mãe da menina, que trabalha em Anchieta e solicitado a presença dela na escola, pois havia ocorrido algo que só poderia falar pessoalmente. Desesperada, a mãe da criança se dirigiu à escola e, então, a diretora teria informado a ela o que havia acontecido.
Imediatamente o caso foi levado à Secretaria de Educação e, o secretário, Jonaci Garcindo, pediu que a monitora fosse para casa e, na segunda-feira, 31, a exonerou do cargo e abriu um Procedimento Administrativo – PAD para investigar a conduta do motorista.
A Reportagem procurou o secretário de Educação para saber se os monitores escolares passam por treinamento antes de assumir a função, ele disse que sim.
“Tem coisa que foge do nosso controle. Infelizmente, a monitora foi relapsa, ela tinha de ter ido lá atrás e conferido cadeira por cadeira. A menina dormiu no ônibus, no banco de trás, e ela desceu do ônibus e não averiguou, tinha de ter averiguado, foi um erro grave. Já tem um protocolo. Fiz uma reunião com os monitores, ontem, reenviei novamente este protocolo para eles, que é observar tudo, até porque alguma criança pode esquecer algum material, observar se tem alguma criança dentro do ônibus para não acontecer isso. Talvez, a gente tenha um péssimo hábito de não fazer isso antes que aconteça, mas a gente nunca vai imaginar que, em um ônibus tão pequeno, a monitora vá esquecer uma criança dentro. Uma coisa inimaginável pra nós”, ressaltou o secretário.
O ônibus, segundo o secretário, não possibilita que o motorista veja, da frente, todos os alunos sentados, porque as cadeiras são maiores e altas, e não possui vão entre as poltronas. Não é possível ver uma criança deitada, o que também pode ter contribuído para que não tenham percebido a menina dormindo. Lembrando ainda que uma criança de 4 anos é ainda muito pequena.

O que diz a monitora

O jornal entrou em contato com a monitora, (não vamos citar o nome), para dar a ela o direito de explicar o que aconteceu. Ela afirmou que está muito triste com tudo que houve. “Estou abalada porque não é uma coisa que a gente espera que aconteça, principalmente com uma criança meiga, que nunca deu nenhum trabalho no ônibus. Quando chegava na Escola, eu descia, abria o portão e ficava segurando para que as crianças descessem e o portão não batesse nelas, elas faziam a fila e desciam. Todas sempre desceram certinho, e, à tarde, as crianças não costumam ser sonolentas, nem nada. Nesse dia eu achei que todas tinham descido, entrei no ônibus, olhei para trás, não vi ninguém, então, saímos. Por ser uma coisa repetitiva e que fazemos todos os dias, a imagem da menina descendo ficou na minha cabeça, achei que tivesse descido também. Infelizmente aconteceu. Já me retratei com a família, pedi perdão”, frisou a monitora que acabou sendo exonerada do cargo.

Advogada da família registrou o BU na PC e vai protocolar duas ações


O jornal também entrou em contato com a advogada criminalista que atua para a família da criança, dra. Marina Feres, e ela foi enfática, disse que nesta segunda-feira, 31, esteve na Delegacia da Polícia Civil -PC, com a mãe da menina de 4 anos, e registrou o Boletim Unificado – BU. Ela assegurou que a família espera que os culpados sejam responsabilizados criminalmente pelo crime de abandono de incapaz e administrativamente para que esse pesadelo não ocorra com mais nenhuma criança. Ambos serão responsabilizados, segundo Marina Feres.
As ações judiciais serão movidas contra o município, uma vez que, tanto o motorista, quanto a monitora são contratados pela Prefeitura, embora a empresa de transporte seja terceirizada.

Conversas entre motorista e monitora faz esquecerem aluna do Portinho

Na mesma sexta-feira, 28, Agatha Filipino da Silva, de 9 anos, cuja guarda está com a professora Ana Cláudia Siqueira da Silva e a jornalista Luciana Maximo, também foi esquecida em um ônibus porque o motorista e a monitora estavam conversando e passaram do ponto, em frente ao trevo do bairro Niterói. Acredita-se que seja outro motorista e outra monitora que fazem outra linha de transporte escolar para a Prefeitura de Piúma.
Agatha chegou em casa falando, sem parar, quase perdendo a respiração, e dizia que demorou chegar em casa porque o motorista e a monitora esqueceram dela enquanto conversavam. Eles manobraram depois da ponte, na chegada de Piúma, e retornaram com ela. Perguntada por que ela não falou com o motorista que havia passado do ponto dela, ela foi enfática: “Você falou mamãe que não é para atrapalhar conversa de adulto, eles estavam conversando, eu estava esperando para falar que tinha passado do meu ponto”.
Vale ressaltar que a Agatha vem todos os dias no transporte, exceto às terças-feiras que ela faz acompanhamento com psicólogo e, sendo assim, Ana a leva de carro, saindo direto da escola para o Centro de Especialidades.
O secretário frisou que o motorista também está errado, mas ainda se justifica que Agatha não vem de ônibus todos os dias. “Não pode, mas ela não tem o hábito de vir todo dia, ainda é justificável, no caso da outra criança, não, a monitora tinha de ter ido lá atrás, ter olhado, observar se tudo estava certo. Eu não vou isentar o motorista, porém, a alegação dele, eu acho justificável, acreditando na monitora. Ele garantiu que, a partir de agora, também vai criar o hábito de olhar, fazer a revista minuciosa”.
Jonaci afirmou que não há mais o que fazer diante da situação, não tem como voltar atrás. A atitude do secretário foi exonerar a monitora, afastou do cargo e nesta segunda exonerou. “Eu vou abrir um PAD contra o motorista para ele justificar também. Eu entendo que ele não tem culpa, ele já está na tensão com o ônibus cheio de criança, tendo de ter atenção, e não é função dele, mas mesmo assim, vamos ouví-lo, para ver a versão dele”.
O secretário salientou que a atitude que era para tomar, foi tomada, chamou a mãe da criança para uma conversa, no mesmo dia em que o fato ocorreu, e, informou a ela que iria exonerar a monitora. E a mãe concordou que fosse exonerada. “Eu perguntei que atitude eu poderia tomar, já que voltar atrás eu não podia, entendo que a atitude correta é exonerar a monitora. Agora vamos ouvir o motorista, administrativamente”.

Sobre o motorista ir com o ônibus para casa

O jornal questionou ao secretário de Educação o fato de o motorista ir para casa com o ônibus escolar e deixá-lo estacionado no Trevo da entrada de Iriri. Ele disse que a prática é comum e não é de agora, uma vez que, há uma distância entre a casa do motorista e a garagem, ficaria difícil a locomoção dele para o trabalho. “Nós não temos como transportar os motoristas para onde eles moram, este mora próximo ao trevo de Iriri, ele vai com o carro no horário de almoço dele, mas agora não vai acontecer mais. Ele vai deixar na garagem da Sudeste, que está dentro de Piúma. A alegação dele é que ele só tem moto e não tem carro e, quando chove, ele iria chegar todo molhado. Sempre foi assim, não é nesta gestão, sempre foi. O ônibus dele sempre fica no trevo e fica mais fácil para ele vir, ele sai de casa às 5h00. Nós não temos um carro para ir buscar os motoristas. Outros municípios fazem isso, eles têm um motorista em um carro pequeno que vai recolhendo e levando para a garagem, nós não temos. Não podemos obrigar o motorista a usar o veículo dele para vir trabalhar. Ele vem, vai na hora do almoço e retorna”.

Prefeito manda mensagem à mãe da criança

O prefeito Paulo Cola se colocou à disposição da família da criança para que todo suporte fosse disponibilizado, inclusive apoio psicológico. Ele enviou mensagem à mãe da menina dizendo que, se for necessário, a prefeitura vai fazer o acompanhamento psicológico.

Uma criança dócil, meiga e tímida


A aluna da Educação Infantil de 4 anos, esquecida dormindo no ônibus, e é diferente de muitas, tímida, meiga. “Eu conversei com a mãe, o que me deixou mais tranquilo é que a criança participou das atividades normais, levou uma lembrancinha para avó e tudo”, disse o secretário.
A avó da menina contou ao jornal que a neta está tendo pesadelos e o assunto é o mesmo com todas as pessoas, conta que a esqueceram no ônibus e que ela chorou, bateu em todos os vidros e gritou a polícia.

Crianças ajoelhadas no banco de trás

Recentemente o jornal flagrou uma cena quando passou o ônibus escolar com alunos a caminho de casa, pela rodovia do Sol, próximo à Autoescola “Piúma”. Quatro estudantes estavam ajoelhados nos últimos bancos do coletivo, olhando para a rua e acenando com as mãos, sem nenhuma segurança. A jornalista buzinou para o motorista, mas ele não ouviu e nem viu os alunos no fundo do ônibus, totalmente soltos, correndo risco de serem arremessados, caso o motorista desse uma freada brusca.

100 reclamações por dia

O secretário de Educação enfatizou que quando assumiu a pasta tinha, em média, 100 reclamações por dia, em vários aspectos. Atualmente, tem quase zero, garantiu. “Eu precisei ajustar, estas coisas. Infelizmente tem coisa que foge do nosso controle, não tem como prever”, disse.

OBS/ A foto é meramente ilustrativa

Grifo nosso

O jornal foi procurado para que o caso fosse apurado. Em nenhum momento, a jornalista dá a opinião dela sobre o fato na Reportagem. Lamenta o ocorrido e pede a todos os profissionais que atuam com crianças e adolescentes que, redobrem a atenção, pois, o perigo é constante. No caso da criança, infelizmente, acreditamos que ela não vai esquecer este fato tão cedo, e talvez até tenha necessidade de acompanhamento psicológico. A monitora também não vai esquecer, uma vez que ela acabou perdendo o emprego. Acreditamos que Deus protegeu a menina, para que não acontecesse algo pior, como por exemplo, ela pular da janela do ônibus e ser atropelada. Aos motoristas e monitores, a atenção deve ser 100 % aos alunos, nossos filhos são o nosso bem maior. Elas não podem ser esquecidas, deixem as conversas para o horário de almoço.

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