Artigo: Erros que atrasam a inclusão escolar

*por Luciana Brites

A inclusão escolar é uma grande conquista para a educação, pelo reconhecimento e aceitação da diversidade nas escolas. Porém, continua sendo um desafio para os professores que, muitas vezes, não contam com o apoio necessário para superar as dificuldades que encontram em sala. Família, escola e profissionais especializados devem trabalhar juntos para evitar erros que podem atrasar a inclusão de alunos com necessidades educacionais específicas.

A educação inclusiva precisa de um planejamento adequado.  Logo, o professor precisa conhecer o aluno, suas características, habilidades, dificuldades e necessidades para considerá-las no seu plano de aula. Um planejamento pedagógico adequado cria estratégias diferenciadas para abordar o conteúdo que será trabalhado em sala. Para isso, o professor precisa do apoio da família e de profissionais que atendam o aluno com necessidades específicas, para juntos, pensarem nas melhores estratégias.

Erros que atrasam a inclusão escolar – Imagem Freepik

Quando os professores encontram estratégias que funcionam com um aluno, podem cair no erro de acreditar que elas serão eficazes com todos que apresentam a mesma dificuldade. Porém, muitos estudantes, especialmente aqueles com deficiência ou transtorno, requerem abordagens diferentes conforme suas necessidades. A comunicação aberta entre família e escola é essencial para evitar esse erro.

É comum que os professores, num primeiro momento, enxerguem seus alunos com dificuldades de aprendizagem, como menos capazes. Isso acontece quando faltam informações sobre a criança, seu diagnóstico e suas características mais comuns. No entanto, é preciso confiar na capacidade de seus estudantes de aprender, independente das dificuldades. Mostre que acredita neles!

Priorizar a socialização é um erro muito comum. Existe uma diferença entre integrar e incluir. Integração considera suficiente a presença de pessoas com necessidades específicas em um ambiente. Já a inclusão é a inserção total, com interação, participação e aprendizagem de todos. Por exemplo, o conteúdo trabalhado em sala deve ser ensinado para todos, ainda que com estratégias diferenciadas. Isso é inclusão.

Já a avaliação deve ser feita de acordo com a evolução e progresso, e não de forma homogênea. Por exemplo, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a análise do desempenho do aluno deve ser contínua e cumulativa, onde os aspectos qualitativos prevaleçam sobre os quantitativos. Melhor do que comparar, é reconhecer o que cada um aprendeu e conseguiu avançar diante das dificuldades.

Cometemos equívocos pois somos humanos, isso não desqualifica nenhum professor. O mais importante é refletir sobre os erros e reconhecer quando eles ocorrem na prática da inclusão, para poder evitá-los e superá-los.

(*) CEO do Instituto NeuroSaber, Luciana Brites é autora de livros sobre educação e transtornos de aprendizagem. É especialista em Educação Especial nas áreas de Deficiência Mental, Psicopedagogia Clínica e em Psicomotricidade, além de ser Mestra e Doutoranda em Distúrbios do Desenvolvimento. É também organizadora do evento NeuroMeeting, que acontece de 27 a 29 de outubro (https://neuromeeting.com.br/).

foto: Samara Garcia

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