Acusada de assassinar Zé Mauro vai à júri hoje, no Fórum de Vila Velha

Carla Rogério, acusada de executar Zé Mauro a tiros, na casa dele, no dia 03 de setembro de 2017, senta no banco dos réus, hoje, em Vila Velha e será julgada pelo crime.

Zé Mauro foi executdo à tiros, em casa, no dia 03 desetembro de 2017. O júri é hoje em Vila Velha.

Está confirmado para esta quarta-feira, 24, às 13h00 o júri popular da ré Carla Rogério Ribeiro Ferreira, assassina confessa do ex-secretário de Gerência Geral de Itapemirim, José Mauro Sales, o Zé Mauro, no dia 03 de setembro de 2017. O júri será no Fórum Desembargador Anibal de Athaide Lima, de Vila Velha/ES.

O Tribunal de Justiça do Espírito Santo – TJES determinou que o júri do assassinato de Zé Mauro ocorra fora de Itapemirim, por entender que havia riscos à imparcialidade do julgamento. A decisão foi tomada após a ré presa envolver um ano depois do crime o nome do ex-prefeito de Itapemirim Thiago Peçanha, como suposto mandante do assassinato.

O jornal Espírito Santo Notícias acompanha o caso desde o crime. No dia 03 de março de 2020 estava marcado o julgamento da ré, denunciada pelo Ministério Público, mas acabou sendo suspenso.

As Câmaras Criminais reunidas do TJES decidiram, por unanimidade, retirar da Comarca de Itapemirim o processo que apurou o assassinato do então secretário de Gerência Geral do Município, José Mauro Sales, morto em setembro de 2017 em sua residência. Com a decisão do TJES, o caso passou a tramitar em Vila Velha.

Carla Rogério Ribeiro Ferreira, presa duas semanas após o assassinato, fez a acusação as autoridades judiciárias do município no dia 18 de setembro de 2018 e tentou em janeiro de 2019 um acordo de delação premiada com o Ministério Público. O acordo foi rejeitado por falta de elementos que pudessem sustentar a informação.

Justiça

A família de Zé Mauro espera por justiça e quer que o culpado pague pelo crime covarde que cometeu contra um homem íntegro e que dedicava a vida a fazer o bem ao próximo. Abalados ainda, a família prefere apenas o silêncio, porque a saudade e a dor não diminui, só aumenta com o passar do tempo. A lembrança de Zé Mauro faz parte do cotidiano de toda família Sales que conviveu com ele e conhecia o tamanho do coração de Zé. A condenação da ré e de quem estiver envolvido nesta trama não vai aliviar a dor da perda de Zé Mauro, mas sem dúvida, dará aos culpados o melhor destino, a cadeia, comentou um amigo da família.

Júri suspenso em 2020

O julgamento era para ter ocorrido no dia 03 de março de 2020, entretanto, um fato inusitado ocorreu e o júri foi suspenso. Mesmo sendo devidamente intimado sobre a data do julgamento de sua cliente, Carla Rogéria Ferreira, o advogado Nelson Moreira Junior fez carga dos autos do processo no dia 02, um dia antes do júri  e não devolveu os mesmos para que o julgamento pudesse acontecer, tampouco compareceu ao Fórum, onde se daria o julgamento.

A justiça chegou a expedir no dia 03 de março de 2020, um mandado de busca e apreensão do processo nos endereços do advogado de Carla, na tentativa de reaver os autos para realização do julgamento, contudo, nem o advogado, nem o processo foram localizados.

Ao jornal, o advogado de Carla, à época, disse que no dia 28 de fevereiro foi publicada uma decisão do juiz de Vila Velha, Drº Eneias o intimando com urgência para que ele se manifestasse no processo. Ocorre, segundo o defensor, que, esta intimação foi publicada na segunda-feira, dia 02 de março e o júri estava marcado para o dia 04, e como advogado, toda vez que uma decisão é publicada, ele tem cinco dias de prazo para se manifestar. “Eu exerci o meu direito. Fui lá, peguei o processo, entrei com uma suspeição contra o doutor Eneias, entrei com um mandado de segurança contra a 4ª Vara Criminal de Vila Velha, porque eles estavam querendo fazer o júri sem ouvir o prefeito, sem ouvir o Ernani, sem ouvir Davi, sem ouvir o Oséias. As provas que são boas para Carla eles não queriam ouvir. Eu quero acareação, quero tudo. Fiz o mandado de segurança, fui despachar ontem com o desembargador Wilian Silva e relatei para ele: ‘desembargador, eu quero fazer o júri. Eu quero fazer o melhor para os jurados. Eu quero fazer o contraditório com todas estas testemunhas e provas e o juiz de Vila Velha estava me atrapalhando. Eu aproveitei que eu não tinha tirado cópia do processo e dentro do meu prazo tirei cópia, pronto, já devolvi o processo hoje”, ressaltou em áudio o advogado em março de 2020.

Revolta

Familiares e amigos de Zé Mauro que estavam no fórum no dia 03 de março de 2020 ficaram indignados ao tomarem conhecimento do cancelamento do júri. Também se fizeram presentes vereadores e lideranças políticas locais, todos ficaram estarrecidos.

Advogado da ré perde prazo

De acordo com os autos do processo, o advogado que defende a ré Carla Rogéria Ferreira acabou perdendo prazos para arrolar testemunhas. Ele alegou também em um áudio que aproveitou a oportunidade que estava com o processo para fazer cópias, ocorre que o processo ficou em seu poder do dia 10 de dezembro de 2019 até o dia 07 de fevereiro de 2020.

O artigo 422 do Código Processual Penal – Decreto Lei 3689/41 dispõe que ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência”.

O advogado Nelson teve prazo de cinco dias para arrolar as testemunhas conforme o artigo 422 do CPP, mas não arrolou dentro do prazo, segundo o advogado da família de Zé Mauro.

No dia 18 de dezembro de 2018, o juiz da primeira vara criminal de Itapemirim, José Flávio D’ Ângelo Alcuri deferiu a juntada da mídia ora apresentada pela defesa da ré, neste CD Carla tenta incriminar o ex-prefeito interino de Itapemirim, drº Thiago Peçanha, porém, declara na mídia que foi ela quem o matou. “Zé Mauro está morto, eu matei”…  

No dia 05 de fevereiro de 2019, o advogado Paulo Viana, que defende a família de Zé Mauro entrou com embargos de declaração e o juiz acatou. “Pois bem, considerando que o Patrono da ré Carla Rogéria Ribeiro Ferreira de Oliveira foi intimado na data de 18/10/2018 para manifestar-se na fase do artigo 422 do Código de Processo Penal, mas somente protocolizou seus requerimentos no dia 1º de novembro de 2018, verifica-se que, de fato, ocorreu a preclusão do prazo para apresentar rol de testemunhas, juntar documentos ou requerer diligências (fls. 964 e 967)”.

Convém lembrar que o juiz de Itapemirim havia negado o requerimento do advogado de Carla, momento em que ele fez o mesmo requerimento ao juiz de Vila Velha para ouvir suas testemunhas.

No dia 26/10, o juiz de Vila Velha Eneias José Ferreira Miranda indeferiu novamente o requerimento do advogado da assassina de Zé Mauro, quando ele solicita uma delação premiada, onde ela tenta incriminar o prefeito de Itapemirim como o mandante e o policial militar Ernane como executor.

“Com relação ao pedido de delação/colaboração premiada formulado pelo nobre patrono da acusada Carla Rogéria Ribeiro Ferreira de Oliveira já contou com a manifestação do órgão ministerial, descabendo a este juízo, ao menos por ora, lançar juízo valorativo sobre tal instituto. Em relação à promoção ministerial que se posiciona no sentido de que seja oportunizada a colheita da prova oral em plenário de julgamento das testemunhas indicadas pela defesa da ré Carla Rogéria Ribeiro Ferreira de Oliveira às fls. 959-966, mais precisamente em seu item “4”, penso que a defesa não trouxe dados que justifiquem a oitiva de tais testemunhas como do juízo, razão pela qual mantenho o posicionamento já destacado no ato judicial de fls. 1.045 e verso”.

História para tumultuar o júri

O advogado Paulo Viana que defende a família de Zé Mauro falou à Reportagem que o que mais deseja é o julgamento deste processo.  A autoria do crime já ficou demonstrada nas confissões da ré, no depoimento do marido dela também, onde Carla afirma para ele que matou Zé Mauro por vingança, o taxista que a levou ao local do crime e o enteado dela também confirmam em depoimento à polícia, “além de todas as outras provas efetuadas, inclusive, pela perícia realizada no local do crime”, frisou Viana.

Convém lembrar que no momento em que a assassina confessa se entrega à delegacia com o advogado, ela detalha como matou Zé Mauro. “Então, a interrogada de pé, enquanto Zé Mauro se encontrava sentado no sofá, cuja a porta da sala estava no momento aberta, a interrogada sacou a arma dizendo: “seu problema não é com a empresa, seu problema é comigo”, concomitantemente sacava arma da bolsa de palha e disparando dois tiros em direção ao peito de Zé Mauro, que ainda estava sentado, e ele disse algo que não se recorda, levantando-se e tentando fugir, que efetuou outros disparos já nas costas de Zé Mauro, que tentava fugir pegando a porta, onde Zé Mauro conseguiu sair da sala e caiu entre o carro e o muro da casa, que passou pelo mesmo lado em que o corpo de Zé Mauro já estava caído na garagem…”, contou ao delegado.

O CRIME

Um crime mancha de sangue de mais uma vez a história do pacato município de Itapemirim, o assassinato covarde do secretário Municipal de Gerência Geral, José Mauro Sales da Penha, de 58 anos com seis vários tiros, na noite de domingo (3) de setembro no interior de sua residência, localizada no balneário de Itaoca. O crime ocorreu por volta das 21h00 e a vítima morreu no local.

De acordo com informações do Boletim de Ocorrência, na Polícia Civil, Zé Mauro foi assassinado com seis tiros, dois disparados no peito e quatro pelas costas quando ele tentou ainda correr para fora da casa. Várias buscas foram realizadas, mas os suspeitos não foi foram localizados na noite de domingo. O caso é investigado pela Polícia Civil do município, que conta com o apoio da Secretaria Estadual de Segurança Pública. Na manhã de ontem o secretário André Garcia esteve na sede do município acompanhando as investigações e o andamento do caso. Os delegados, Guilherme Eugênio, da Delegacia de Crimes Contra a Vida de Cachoeiro de Itapemirim acompanha os delegados, Drº Djalma Lemos de Itapemirim e Drº Geraldo Peçanha de Piúma na investigação. Ontem à tarde foi realizada a segunda perícia na casa do secretário assassinado.

José Mauro era braço direito do prefeito em exercício, Thiago Peçanha. Percorri todo o município e tratava pessoalmente as demandas para adiantar ao prefeito. Simples, objetivo e político, Zé Mauro não ostentava nada, nem mesmo um veículo possuía. Não temia a nada, não tinha segurança e morava sozinho em um duplex na Rua Canaã, em Itaoca.

Recado

Zé Mauro tinha uma relação íntima com as redes sociais, e usava muito ultimamente para postar frases com mensagens subliminares. Na manhã de domingo ele compartilhou uma publicação em sua página no Facebook. “Não vás ao meu funeral mostrar o quanto gostavas de mim. Mostra-me o quanto gostas de mim agora, enquanto estou vivo”.

Pelas publicações Zé Mauro passeava entre frases e pensamentos dos maiores autores da literatura Brasileira, como se pode ver nessa citação de Clarice Lispector. “Até onde posso, vou deixando o melhor de mim… Se alguém não viu, foi porque não me sentiu com o coração”. Essa citação define muito de quem foi José Mauro Sales da Penha.

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