A Academia Marataizense de Letras realizou o VI Encontro de Grupos Folclóricos de Danças Típicas

(Aconteceu na Festa das Canoas: Celebrando 114 Anos de Tradição!) 

O evento Folclórico e Cultural, aconteceu na semana de março, (09/03/2024) durante a celebração da Festa das Canoas, realizada na pitoresca cidade de Marataízes/ES. A Tradicional festa das canoas, religiosa e pesqueira, completou um importante marco de 114 anos de celebração cultural e religiosa, que é dedicada à Nossa Senhora da Penha, organizada pelos pescadores, em conjunto com a comunidade religiosa. O destaque deste ano foi o tão aguardado VI Encontro de Grupos Folclóricos de Danças Típicas, que atraiu a atenção de entusiastas da cultura popular e de participantes de toda a região.

A Escolha e a história:

A escolha da data do evento para acontecer durante os festejos da tradicional festa das canoas tem, como principal objetivo, compartilhar a religiosidade, a cultura popular e a tradição dos pescadores- afirma Bárbara Pérez.

Pérez aborda, ademais, a importância de introduzir a cultura popular na comunidade, pois, segundo ela, trata-se de resgatar essa riqueza popular, do século passado, quando a festa era apoiada por dois senhores pescadores, que saiam com seus tambores e a bandeira do Divino Espírito Santo, cantando trovas e versos nas portas das casas.

Recorda ela que, conforme notas transcritas pelo historiador Guilherme Santos Neves, em seus livros, na época, as casas eram de tábuas e sapé e, que essa tradição de uma procissão, tinha o objetivo de arrecadar prendas e valores em espécie, que iriam contribuir para a celebração da festa de Nossa Senhora da Penha e o Divino Espírito Santo.

 A História da festa e da crença

Conforme é narrada, reza a lenda, que a pesca estava escassa e os pescadores com dificuldades financeiras, então dois pescadores ao adentrar no mar revolto de Marataízes, que ainda era distrito de Itapemirim, eles fizeram uma promessa para Nossa Senhora, de que, se a pesca aumentasse, eles iriam realizar, todo ano, uma festa dedicada à Santa e obviamente aos pescadores e; naquele ano, a pesca teve uma imensa fartura e, por isso, até os dias atuais se cumpre a promessa, completando, neste ano, 114 anos de sua existência.

Ditos populares, ou verdade?

Contam os ditos populares e até citamos, o nome do pesquisador Adauto Ferreira Lima, que nos idos de 1970, ao chegar um novo padre para a comunidade de Itapemirim, ele, descontente com os senhores tocando os tambores em nome do Divino Espírito Santo, apanhou os tambores e a bandeira com a pomba, simbolizando a divindade e a paz e os guardou na Igreja Nossa Senhora do Amparo, localizada na praça de Itapemirim.

Após alguns anos, mais recentemente, o Pároco Josimar Pirovani, resolveu resgatar essa tradição de incluir nos festejos das Canoas, a procissão e a bandeira do Divino Espírito Santo.

Vivenciar as tradições do passado é uma riqueza religiosa e cultural, e possui, também, como um dos objetivos do evento folclórico e de danças típicas, enaltecer as nossas raízes históricas e deixar o legado do passado e do presente para as gerações futuras, porque não podemos ‘esquecer’ ou ‘camuflar’ as nossas identidades por preconceitos religiosos ou raciais, conclui Bárbara Pérez.

  O Evento folclórico

Com a presença de 14 grupos representando a riqueza e a diversidade da cultura popular, o acontecimento transformou-se em uma verdadeira celebração da herança cultural da região. Desde o entardecer ensolarado até o cair da noite, os participantes mergulharam em um festival de cores, ritmos e tradições, reafirmando o valor das manifestações folclóricas.

A praça principal de Marataízes, foi abraçada por uma atmosfera festiva, com as danças típicas ecoando pelas ruas, convidando a todos para se juntarem à festa. Cada grupo trouxe consigo sua própria identidade cultural, apresentando danças tradicionais que refletiam as histórias, as crenças e os costumes de suas comunidades de origem.

Desde as alegres e animadas danças folclóricas, até as mais solenes e reverentes manifestações, os espectadores foram cativados pela energia e paixão demonstradas por cada grupo; os trajes coloridos, os passos sincronizados e a música envolvente transportaram todos os presentes para um mundo de tradição e folclore.

Para os organizadores e participantes, o VI Encontro de Grupos Folclóricos de Danças Típicas não foi apenas um evento, mas sim uma oportunidade de fortalecer os laços comunitários, preservar tradições ancestrais e celebrar a identidade cultural única da região. Mais do que uma simples festa, foi um testemunho vivo da vitalidade e da resiliência do folclore local.

À medida em que o sol se punha no horizonte e as luzes da cidade se acendiam, os participantes se despediram com os corações cheios de alegria e, na memória, momentos inesquecíveis. O VI Encontro de Grupos Folclóricos de Danças Típicas na Festa das Canoas não apenas honrou o passado, mas também inspirou as gerações futuras a manterem viva a chama da tradição e da cultura popular.

Um marco importante foi a homenagem prestada à dona Maria Laurinda Adão, mulher que representa não só a cultura popular, mas, igualmente, as tradições quilombolas, a força da mulher capixaba e a resiliência que brota desde a ancestralidade até os dias atuais; é um orgulho para o Espírito Santo e para o Brasil, enriquecendo as tradições da cultura popular.

 Grupos participantes que enriqueceram o tradicional evento folclórico:

Folia de Reis São Sebastião de Afonso Cláudio/ES- Mestre Francisco Manto Vanelo;

Folia de Reis Três Reis Magos e Mártir de São Sebastião de Jerônimo Monteiro/ES- Mestre Marlon da Silva;

Capoeira – Escola de Capoeiragem de Bom Jesus do Norte/ES – Professor André da Silva Oliveira (Prof. Marrento)

Maculelê – Bom Jesus do Norte/ES – Instrutor Saulo Vital;

Roda de Samba – Bom Jesus do Norte/ES – Instrutora Tatiany Nascimento

Capoeira – Guerreiros da Arte de alunos da APAE de Marataízes/ES- Mestre e instrutor Osmar Barbosa e coordenadora Dilcea Marvila;

Capoeira – Filhos da Princesa do Sul de Marataízes/ES- Professor Elias Alves Pedroso (Sorriso) e supervisão do mestre Arton;

Jongo Maria Preta e Zé Porto de Marataízes/ES – Coordenação Michelle Fonseca Nasr e Diretora Bárbara Péres;

Caxambu Andorinhas de Jerônimo Monteiro/ES – Mestre Sebastião de Azevedo dos Santos;

Dança Flamenca do Studio Alma Andaluza/Vitória/ES – Coordenadora e empresária Giselle Ferreira;

Dança Cigana do Studio Alma Andaluza/ Vitória/ES – Coordenadora e empresária Giselle Ferreira;

Raízes Quilombola- Grupo de adolescentes da comunidade Graúna/Itapemirim/ES – Coordenador Elivanis Paulo

Dança Alemã – Land Der Wasserfalle (terra de muitas cachoeiras) de Afonso Cláudio/ES- Adriana Felhberg Lauvrs;

Roda de Samba – Rainha das Conchas de Piúma/ES- Catarina dos Santos Ferreira.

Serviço:

Realização: Academia Marataizense de Letras

Apoio cultural: Secretaria de Cultura e Patrimônio Histórico de Marataízes, Sismapki, Comunidade religiosa Nossa Senhora da Penha e a dos pescadores de Marataízes,

Coordenação da Festa das Canoas, Prefeitura de Marataízes e equipe da comunicação, Grupos participantes e seus respectivos munícipios, Hotel Saveiros, equipe do projeto: (Márcia Peixoto, Catarina dos Santos, Alessandra Barros, Ana Raquel, Dilcea Marvila, Rodrigo Cortezine);

Produção: Bárbara Pérez e Ricardo Lemos;

Recurso: Funcultura/ Secult/ES.

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