Capital: Piquenique poético envolve estudantes em cultura, arte e poesia

Uma manhã repleta de cultura, arte, representatividade, muita poesia e troca de experiências. A 10ª oficina de experimentação poética, do projeto “Poetizando nos Parques de Vitória”‘, realizada na manhã de ontem, quinta-feira (09), foi um sucesso com os estudantes do 6º e 8º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Neusa Nunes Gonçalves, que fica em Nova Palestina.

Estudantes da Emef Neusa Nunes Gonçalves prestigiam exposição da fotógrafa Ana Luzes

O local escolhido para o “piquenique poético” foi o parque Pedra da Cebola. Logo ao chegar, os estudantes deram uma volta no parque, trabalhando a observação e as percepções de cada um, para entrar no clima de toda a experiência poética do dia. Enquanto isso, as professoras Rosemere Resende, Brenda Soares e a bibliotecária Meg Deptulsqui preparavam o cenário do projeto “Nascer poesia”.

O objetivo das oficinas de escrita criativa e poesia é promover a reflexão por meio da arte da palavra, buscando trabalhar a construção de projetos de vida saudáveis, resgatando a autoestima e a identidade dos estudantes. É o que explica o poeta, professor e educador cultural Diego Cavaleiro, que trabalhou ativamente em parceria com a escola para possibilitar o projeto.

Estudantes da Emef Neusa Nunes Gonçalves durante apresentação de Slam

“Toda expressão artística é poesia, é sentimento. Esse movimento é muito significativo, talvez hoje a maioria deles ainda não tenha a dimensão do que tem sido essas oficinas e esse trabalho, mas tenho certeza que lá na frente eles vão conseguir elaborar esse sentimento do que estamos vivendo, e que a experiência será um elemento transformador na vida deles, como foi na minha”, disse.

Galeria a céu aberto

A fotógrafa documental Ana Luzes também marcou presença trazendo uma galeria a céu aberto, que foi exposta em varais entre duas árvores do parque, com uma coleção de várias fotos autorais que encantaram estudantes, professores e convidados.

“Eu acho que mais do que uma ação educativa, esse movimento foi um impulsionador de sonhos. Trazendo a arte e um pouco da nossa vivência, acredito que ajudamos os estudantes a pensar no seu futuro e principalmente na forma de se expressar. Temos aqui diferentes linguagens, poesia escrita, falada, pintura, fotografia, isso tudo multiplica as possibilidades e as formas de se expressar”, disse a fotógrafa.

Poesia falada e rima

Já confortáveis na grama do parque sob a sombra da vegetação rupestre nativa do local, os estudantes viram uma apresentação dos artistas Santz, Do Carmo e Ed Nigga, que fazem parte do coletivo “Slam Marielle”. Eles fizeram uma demonstração de poesia falada e rima improvisada que cativou os estudantes e ainda trabalhou conceitos de ritmo, rima e poesia.

O estudante Pedro Polese, do 8º ano, aproveitou a oportunidade ao máximo. “Para mim foi muito especial, o que mais gostei hoje. Acompanho freestyle e poesia falada no meu tempo livre em casa, sempre que posso. Gosto de me expressar em rimas, porque aí posso falar de amor, de diversos temas”, disse.

Como o projeto trabalha com as variadas formas de expressão e poesia, o designer gráfico e ilustrador Fel Vint2 foi convidado para trazer um pouco de sua vivência e talento na arte. Inclusive, enquanto as atividades aconteciam, o artista produzia uma pintura em tela, ao ar livre, com o objetivo de representar em arte um pouco do movimento poético.

“Acredito que a arte liberta, ela dá vida. Por isso fiz essa pintura, que traz um arco íris saindo da boca de uma pessoa, que representa os estudantes, pois creio que depois de tudo que vivenciamos aqui, eles espalharão vida, amor, conhecimento e coisas positivas. Foi um momento especial para todos nós aqui e acredito que pode ser transformador na vida deles também”, disse o artista.

Vivenciando a poesia

Os estudantes do 8º ano finalizaram o piquenique poético com uma bela apresentação, declamando poemas de sua autoria e de autores consagrados da literatura brasileira. A estudante Nicolle Guedes, por exemplo, criou um poema em homenagem à irmã, que segundo ela é uma inspiração para sua vida.

“Sorrindo de um lado para o outro,
Querendo viver uma verdade,
Querendo mudar o meu rumo,
Antes que fosse tarde,
Mas depois que te encontrei,
Comecei a amar de verdade
Um sentimento tão puro,
Que a base é a Honestidade”, diz um trecho do poema.

O que os artistas convidados têm em comum é o fato de que, por meio da arte, todos ressignificam o território onde moram, possibilitando um novo olhar sobre a comunidade, ao mesmo tempo em que trabalham o resgate dos valores humanos e da importância dos sonhos.

“O movimento de trabalhar a poesia em si trabalha a escrita, a percepção artística, a criatividade. Além disso, traz uma reflexão sobre a maneira que se enxergam como estudantes, da Grande São Pedro, da cidade da Vitória. Trazer eles a esses parques faz com que eles se sintam pertencentes dos espaços públicos da cidade. A poesia não é apenas o escrito, é o falado, é a pintura, é a fotografia, acho que isso abre o horizonte deles como estudantes e traz novas possibilidades e experiências”, disse a professora Brenda Soares.

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