Mulheres capixabas participam de ato na Porta da Assembleia em defesa da todas vítimas de violência política

Elas por ela, o ato em frente à Assembleia Legislativa promete reunir pelo menos 15 grupos de ativistas do Espírito Santo em defesa de todas. Foto: Freepik

Às 17h00 desta quinta-feira, 26, as mulheres capixabas têm um encontro marcado em frente a Assembleia Legislativa do Espírito Santo em Vitória. Mais de 15 grupos feministas, confirmaram presença no ato, iniciado pelo Movimento de Mulheres Bertha Lutz.

De acordo com o Movimento apartidário Bertha a manifestação é a favor das mulheres em situação de violência política de gênero. O ato não é somente por conta das injúrias que a vice-governadora sofreu recentemente e sim, por todas as mulheres.

Entretanto, convém ressaltar que os recentes ataques à Vice-Governadora Jacqueline Moraes no meio virtual e as recorrentes injúrias sofridas pelas vereadoras nas Câmaras Municipais da Grande Vitória foram gatilhos para manifestação. Durante a manifestação será solicitada a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI da Violência Política de Gênero no Espírito Santo.

A ideia do ato em frente a Assembleia desta quinta-feira surgiu após a indignação das mulheres capixaba que se sentiram todas agredidas com a publicação do artigo em um portal de notícias de Cachoeiro de Itapemirim.

A Secretária Estadual de Mulheres do PSB, Sônia Damasceno em diálogo com a presidente do Movimento de Mulheres Bertha Lutz, Vânia Venâncio sugeriu o manifesto para que possa ser elaborado um documento e este se torne uma CPI na Assembleia, como forma de dar um basta nesta violência de gênero, contra as capixabas na política. “Mulheres na Política ou em qualquer lugar MERECE RESPEITO porque lugar de mulher é onde ela quer estar, Elas por Ela”, este é o tema do cartaz que convida todas as capixabas para estarem unidas hoje no fim da tarde.

“O Bertha está organizando junto com as companheiras. O ato na verdade é como coletivo, nós todas somos contra a violência de gênero na política, quem está organizando são as mulheres. A Soninha quem nos chamou aqui no grupo Bertha, e ela nos convidou não só como Bertha, mas como pessoa porque sabe da nossa luta, nos colocamos a disposição e demos a sugestão de criar um GT, grupo de trabalho para organizar lá dentro. Somos todas por todas”, disse Vânia no grupo M.M Bertha Lutz.

Todas estão convidadas a participarem do ato hoje, como diz o flayer do movimento Mulheres na Política ou em qualquer lugar, MERECE RESPEITO.

Que fique bem claro, a luta é maior do que o ato em si, que promete continuar e todas são as protagonistas. “O importante não é quem puxou o movimento, e sim o resultado do manifesto”.

Mulheres são atacadas

Segundo dados da ONU Mulheres, 82 % das mulheres em espaços políticos já sofreram violência psicológica, 45% já sofreram ameaças e 40% das mulheres afirmaram que a violência atrapalhou sua agenda legislativa e executiva. A professora, mestra e pesquisadora de gênero, Vice-Presidente do Instituto Casa Lilás, Déborah Sathler, falou sobre os aspectos culturais e psicossociais envoltos da violência política de gênero. “Tem uma questão cultural envolta que é o fato de que mulheres, pessoas negras, indígenas e LGBTQIA+ não serem vistos como legitimados a ocupar espaços de poder. Quando a gente pensa nestes espaços vem na cabeça o homem branco, cisgênero, de meia idade como único merecedor de cargos, como se fôssemos um grupo hegemônico, ao invés da diversidade que é a população. O Instituto Marielle Franco realizou uma pesquisa recente indicando que dentre as mulheres negras políticas, 98,5% sofrem violência política de gênero. O fator violência é alegado como maior motivo da sub-representação de mulheres na política. Precisamos reiterar que a violência política de gênero é intencional, consciente e dolosa, com o intuito de retirar o espaço, deslegitimar o cargo e a narrativa da mulher política e agredir sua reputação profissional, com discursos que reportam de forma bizarra a condição de ser mulher. Se tolerarmos continuaremos tendo a cada 15 dias uma mulher política atacada presencial ou nas redes no Brasil de acordo com a PGE Eleitoral, sem contar as não notificadas. Eu creio em penas com medidas educativas, estes agressores precisam ser reeducados com uma educação anti-machista e os casos mais graves punidos. A impunidade cria uma onda deste tipo de violência”.

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