Falta de segurança no hospital provoca novamente quebra-quebra em Piúma

A noite deste domingo, 07, foi mais uma de terror que viveram os profissionais da saúde que atuam no Hospital Nossa Senhora da Conceição em Piúma. Alguns saíram correndo, se esconderam em salas com fechaduras, outros ficaram apavorados. E não é a primeira vez, há décadas os profissionais ficam na linha de frente e se arriscam para salvar vidas.

Assim que foi baleado, na noite deste domingo, o cavaleiro Anilton Nascimento Aranha foi levado às pressas ao Hospital. Mas, já estava sem vida, segundo relatou o técnico de enfermagem Wilson Oliveira Neves Junior.

O irmão, muito nervoso, desesperado acabou saindo do controle e quebrou a porta de entrada do Pronto Socorro no pé assustando a todos que estavam no local.

“Estávamos na sala de emergência, quando entraram um senhor e uma mulher carregando o rapaz que havia sido baleado. Quando o colocaram encima da maca ele já estava em parada cardio-respiratória, a doutora ordenou que começássemos com a manobra de reanimação, aí começamos as massagens cardíacas, ofertamos oxigênio, foram feitos medicação, pulsão, todos os procedimentos, mas ele não respondia. Daí o irmão dele, que é técnico de enfermagem, entrou na sala e perguntou se podia ajudar, e começou a fazer massagens também. Mas, a doutora viu que não havia mais nada a ser feito e decretou o óbito. Nessa hora não vimos mais o Sr. Valcir (irmão do baleado). Não sei como foi dada a notícia lá fora, eu sei que o Sr. Valcir saiu e começou uma gritaria gigante lá fora, de repente ouvi um estrondo, que foi a porta quebrando, ele literalmente destruiu a porta. Aí ele entrou exaltado gritando muito. Eu estava sozinho na sala de emergência e eu pedi pelo amor de Deus para ele não quebrar nada, pois aqueles eram os únicos aparelhos que tínhamos para salvar a vida das pessoas, mas ele estava muito exaltado, mas em momento algum ele me agrediu. A PM chegou e tentou também dialogar, mas infelizmente não havia diálogo, daí a PM entendeu que para a segurança de todos era necessário detê-lo, algemando e levando- o para a delegacia. Todos ficaram muito nervosos, até a recepcionista do hospital, que já tem 20 anos de profissão, sua pressão foi a 17”, narrou Wilson.

 

No limite

A situação da falta de um segurança no hospital já fez diversas cenas semelhantes, e os profissionais não suportam mais, chegou ao limite.

Ressaltou Wilson que essa é a história dele de terror, mas não é desta gestão. É um apelo dos servidores efetivos.  “Já fazíamos esse apelo há muitos anos, porque infelizmente, a gente sempre ficou ali sem segurança, nunca tivemos segurança, tivemos vários episódios no município, semelhantes”.

Wilson lembrou a morte de um rapaz que morreu numa festa de Piúma e também a população e vários familiares dele foram para o hospital e começaram a quebrar tudo em volta. “Isso fragiliza a gente, deixa-nos mais apreensivos porque nunca tivemos segurança para trabalhar. Isso acontece há 30 anos, nunca pensaram em nossa segurança”, disse.

 

O tiro foi no peito, não havia o que fazer para ele voltar à vida

Explicou o técnico de enfermagem que a lesão do tiro foi no meio do peito, “lesão incompatível com a vida, o projétil deve ter pegado em alguma veia de grosso calibre. Infelizmente ele chegou morto. Somente num centro de Vitória ele teria alguma chance de vida, mesmo assim, seria muito difícil, mesmo uma equipe de ponta, treinada, não conseguiria trazê-lo de volta”, garantiu Wilson.

A morte de Anilton não se deu por negligência médica e nem por falta de socorro, ele já teria chegado a óbito, não havia o que ser feito. A família estava transtornada, segundo Wilson.

“Não tem mais condições de trabalhar naquele local sem segurança, é prejuízo para todo mundo, infelizmente não é a primeira nem a última vez, outra vez tacaram um capacete na recepcionista que varou aquele vidro. Tá na hora de colocar uma segurança armada ali, não tem condição de trabalhar assim não. Infelizmente o maior prejudicado é a vitima que está sendo socorrida, não tem nada a ver com a família, a família tem que ficar lá fora sendo tranquilizada pelas enfermeiras, por alguém, mas dentro do pronto socorro, junto com a vítima não dá mais. Infelizmente, o irmão se descontrolou, por sorte esse já tinha entrado em óbito, pois quando ele entrou quebrando tudo, todo mundo se escondeu. Imagina se a gente precisa fazer um procedimento mais profundo? No meio de uma doideira dessas, como é que se faz?”, interrogou doutor Glauco Almeida Dahan.

O Boletim de Ocorrência confeccionado pela PM do crime que vitimou Anilton registra o ocorrido no hospital.

A Reportagem tentou falar com a secretária de Saúde, mas ela não atendeu a ligação. O celular do prefeito também estava na caixa postal. Vamos continuar com a pauta e trazer as informações posteriormente sobre quais medidas a administração irá tomar para proteger os profissionais que dedicam a salvar vidas no Hospital de Piúma.

 

 

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