TRAGÉDIA EM ITAOCA /ITAPEMIRIM – mãe atira contra ela mesma depois de ser convocada na Delegacia

A morte de Sheila abala o balneário de Itaoca e deixa a Polícia Civil – PC perplexa

Uma cena que emudeceu Itapemirim no fim da tarde desta sexta-feira, 23 a morte de Sheila Santos Costa Smider, a mãe de uma menina de 7 anos que comoveu o Estado do Espirito Santo nos últimos meses com uma campanha de arrecadação para realização de uma cirurgia de um tumor no cérebro. Sheila teria entrado em casa, depois de ser acompanhada por policiais civis, pegado uma arma e disparado contra ela mesma um tiro na região da cabeça, morrendo de dentro de casa. Ela que tinha três filhos, segundo o delegado de polícia de Itapemirim, Djalma Lemos.

A Reportagem entrou em contato com o delegado de Itapemirim, Djalma Lemos que ficou perplexo com a notícia, disse que é algo inacreditável. “Uma coisa absurda. Ela foi convidada a ir à delegacia porque o Ministério Público – MP recebeu denúncia de que ela estava se aproveitando de uma suposta doença da filha e não prestava conta dos fatos. A Polícia foi ao local, conseguimos identificar o endereço que ninguém sabia onde ela morava e a convidamos para comparecer a delegacia. Lá ela autorizou os policiais ir à casa dela para ela pegar os documentos e provar que houve um tratamento e despesas com a criança. Ao chegar à casa, o escrivão a deixou entrar, nunca ia imaginar um absurdo deste, ela entrou para pegar os documentos, foi ao quarto, pegou uma arma e deu um tiro no ouvido. Ninguém esperaria uma situação desta. Ela induziu o policial para levá-la a casa para ela se matar”, detalhou o delegado Djalma Lemos.

Segundo Lemos, Sheila já havia procurado ajuda para tratar a saúde no Conselho Municipal de Saúde. “Ela estava com problemas de depressão. Não sei qual a situação dela, que tinha quatro filhos, todos crianças. Uma tragédia. Estou aguardando o colega que foi ao local, para apurarmos todas as circunstâncias. É um fato chocante, perplexo e sem explicação, fora de qualquer prognóstico”. (Declarou na sexta-feira, logo após o fato)

O delegado frisou que a denúncia foi feita no MP há mais de dois meses e disseram que um empresário, que não quis se identificar havia feito uma doação de R$200.000,00 mil. Perguntado se a cirurgia teria sido feita na menina sua filha, o delegado disse que não podia confirmar. “Não sabemos se houve cirurgia, acho que não, acho que era um tratamento ambulatorial, este é o problema e a comunidade estava cobrando que ela prestasse conta e ela entrou em depressão, porque provavelmente, ela não tinha como prestar esta conta. O MP recebeu denúncia de que havia quatro contas abertas recebendo dinheiro ainda. Nós tínhamos que apurar, inclusive se ela não conseguisse provar a cirurgia da criança, ia ser autuada por estelionato, ela estaria dando um golpe para ganhar vantagens e enganando quem colaborou, até eu colaborei. Isso é ruim, porque as campanhas acabam perdendo a credibilidade. Não é o primeiro caso que a gente vê de pais se aproveitando de situações”, ressaltou o delegado, Djalma Lemos.

Entenda o caso que chegou nesta tragédia

No dia 03 de junho deste ano foi criada uma Vaquinha Eletrônica para arrecadar dinheiro para uma cirurgia urgente. O texto dizia o seguinte: “Olá me chamo L. e tenho 7 anos, recentemente fui diagnosticada com uma doença que vem atacando milhões de pessoas pelo mundo que é o câncer. Sou uma criança muito alegre e cheia de vontade de viver. Preciso realizar com urgência uma cirurgia na cabeça para a retirada de um tumor, como é um procedimento bem ariscado os médicos não querem realizar a cirurgia pelo método tradicional, pois tem 99% de chances de não resistir, por esse motivo precisa ser realizada a laser. Já conseguimos a doação do hospital e da equipe médica, agora falta o valor do aparelho do laser que está em torno de R$ 80.000,00. Como dito acima, preciso realizar essa cirurgia o mais rápido possível. Seria incrível se você pudesse doar para me ajudar a realizar a cirurgia e continuar a minha história. Qualquer doação é bem-vinda”.

A campanha comoveu a sociedade e a criança conseguiu muitas doações para passar pelo processo cirúrgico. Entretanto, foi feita uma denúncia anônima no Ministério Público – MP, em Itapemirim de que a mãe da menina estaria usando o dinheiro da campanha para outros fins e não teria prestado contas.

O MP encaminhou o processo à Delegacia da Polícia Civil para ser investigado. O delegado Djalma Lemos que responde pela chefia da Delegacia com exclusividade falou com a Reportagem logo após a morte de Sheila, disse que deu início às investigações e conseguiu localizar o endereço da casa de Sheila.  

Na tarde desta sexta-feira, 23, Djalma solicitou aos policiais que fossem ao endereço e convidassem Sheila a prestar esclarecimento na delegacia e ela foi. Na delegacia ela pediu ao delegado que a conduzisse junto com os policiais a sua casa e lá ela pegaria os documentos e provaria tudo, como teria gasto o dinheiro arrecadado e quanto teria arrecadado. Chegando à residência ela pediu aos policiais que aguardassem na varanda, entrou, pegou uma arma e atirou contra ela mesma. Uma tragédia completamente absurda, assegurou o delegado.

A Reportagem apurou ainda que Sheila estava sofrendo com depressão profunda por conta da desconfiança das pessoas e ela teria pedido ajuda a um empresário amigo para gerir o dinheiro arrecadado. A filha ainda está em tratamento.

A situação é muito delicada para todos os atores, a polícia que precisava investigar, para a sociedade que cobrava explicações e recebe esta trágica noticia, e, principalmente, para a família de Sheila e seus amigos. Na hora do fato uma das filhas estava dentro de casa.

As crianças estão sob a tutela do Conselho Tutelar de Itapemirim. O corpo está no local aguardando a perícia da Polícia Civil.

O jornal não noticia casos e suicídio, mas diante da possibilidade de haver um delito na cena, a sociedade é informada. Lamenta profundamente o ocorrido.

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