Pintora Angela Gomes é premiada na Ucrânia com tela que retrata cultura capixaba

Com uma parte importante da cultura capixaba retratada em tela, a pintora Angela Gomes, maior referência na arte Naif do Espírito Santo, foi condecorada com medalha de prata na IV Exposição de Paisagem “Memorial Arkhip Kuindzhi”, que aconteceu na Ucrânia. A artista, a única brasileira premiada na mostra, conquistou o segundo lugar com a obra “Ticumbi no Convento da Penha”.

A IV Exposição de Paisagem “Memorial Arkhip Kuindzhi”, que aconteceu na cidade de Mariupol, reuniu o trabalho de 200 artistas de diversas partes do mundo, como Grécia, Cazaquistão, Lituânia e Canadá. Angela Gomes explica que a mostra é de arte tradicional, com obras pintadas com óleo sobre tela, mas que, pela primeira vez, a organização permitiu a participação da arte Naïf. Uma outra exceção foi a permissão do uso de tinta acrílica por ela, já que tem alergia à tinta a óleo. “Fiquei lisonjeada por aceitarem a minha arte. Essa premiação é muito especial, pois é uma vitória para a representatividade Naif em eventos internacionais e uma grande honra trazer mais essa premiação para o Espírito Santo”, declara.

Sobre a artista

Natural de Cachoeiro de Itapemirim, Ângela Gomes ainda era pequena foi brincar no quintal da casa, após uma longa noite de tempestade. O vento espalhou a areia e foi sobre ela, usando um palito de picolé, que começou a dar os seus primeiros traços artísticos: desenhou um carro (Fusca) que estava estacionado em frente à sua casa. A riqueza dos detalhes a impressionou e aumentou o seu fascínio pelas cores. A arte já fazia parte dela e desde cedo sua visão pelo mundo se ampliava de forma festiva, sonhadora e feliz. Já encantava os vizinhos e colegas de escola com suas habilidades artísticas, vivia sempre com lápis de cor, desenhando para a turma da classe estudantil; adorava fazer montagens e colagens com recortes de revistas, estampava tecidos, tudo de forma natural e intuitiva.

Sua primeira pintura a óleo sobre tela foi por encomenda de sua tia Sônia Rosalém, aos nove anos de idade. Despontava para o Naïf, quando entrou num curso para aprender a técnica de pintar e o conhecimento do material a ser usado. Produziu várias telas e as guardou junto com o sonho e o desejo artístico.

Autodidata, em 1981, Ângela Gomes realizou a sua primeira exposição individual. Nenhum convidado compareceu, apenas ela e o fotógrafo contratado. Mas o que era para ser motivo de desistência transformou-se em incentivo para continuar, lutar e vencer. A falta de apoio familiar, o preconceito social e o descrédito profissional continuaram até se definir por volta de 1987, pela pintura Naïf, após rápida convivência com Raquel Galena, pintora do gênero, no Embu das Artes, em São Paulo.

Hoje, a artista é referência na arte Naïf. Suas telas são de uma limpeza e clareza que chegam a sugerir ao observador que foram lavadas após o término. Sua fascinação pelas paisagens regionais e pelas cenas que expressam a arte e a tradição popular – o povo, seus usos e costumes.  Ela busca, junto às comunidades, elementos para abastecer seu universo iconográfico, através de suas pesquisas.

Já expôs sua arte em lugares como o Museu de Arte Contemporânea de Campinas e o Museu Internacional de Arte Naïf, no Rio de Janeiro. Esteve presente em exposições coletivas na cidade de Porto, em Portugal, na mostra “Pontes Luso Galaicas IV”, em Mônaco, na França e na “Arte Naïf em Mônaco 2015”. Também participou, como convidada de honra, do Salão Internacional de Arte Naïf, que aconteceu na Mansion Eiffel, no Centro Histórico de Lima, no Peru, entre outros.

Em 2017, faturou um prêmio inédito para a América Latina, oSZYB WILSON, ao ter três obras eleitas, via júri popular, como as melhores expostas no X Art Naif Festiwal, que aconteceu na cidade de Katowice, na Polônia. As telas premiadas foram “Jardim de Monet com Coqueiros e Aves Brasileiras”, “Colheita de Lavandas – Provence” e “Le Mont Saint-Michael”.

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