Pagode antirracista: Diney celebra a Consciência Negra com single e clipe de “Temos Um Sonho”

Ideia do cantor e compositor é usar o pagode para, mais uma vez, mostrar que vidas negras importam

Em um gênero como o pagode — normalmente associado a temáticas de festa e amor — chama atenção quando um artista escolhe botar o dedo na ferida e abordar o racismo. E é isso que faz Diney, com seu novo single e clipe “Temos Um Sonho”, já disponível nos aplicativos de música e no YouTube.

Nascido e criado em Marechal Hermes, Rio de Janeiro, Diney é, antes de tudo, um escritor, que vive de transformar experiências humanas em música. Suas composições, já foram gravadas por nomes do naipe de Diogo Nogueira, Péricles, Mumuzinho e Ferrugem e o próprio artista já emplacou singles autorais como “Faveladona” (Diney/Cleitinho Persona) — com 3 milhões de plays no Spotify.

Sendo um homem negro brasileiro, não é de se assustar que o racismo sistêmico seja uma constante na vida do artista. “Outro dia, por exemplo, estava com uma roupa casual em um restaurante onde os garçons vestiam ternos. Não demorou para que uma cliente me pedisse algo como se eu trabalhasse lá”, exemplificou.

A dor do preconceito sempre existiu para o ex-soldado da Aeronáutica, que encontrou seu talento ainda jovem, fazendo pequenos shows na casa de comandantes da Força Aérea. Uma de suas letras gravadas por Dudu Nobre, por exemplo, é justamente “20 de Novembro”, que relembra a luta de Zumbi e outros ícones da causa. É o mesmo caso de “Antiga Escritura”, gravada por Mumuzinho e Péricles e de “Coisa Boa”, gravada por Diogo Nogueira e com participação do próprio Diney no clipe.

Atleta amador, o cantor e compositor pratica jiu-jitsu há mais de 20 anos, e o hábito de frequentar as casas de shows sem beber ou praticar excessos fez com que seu faro ficasse ainda mais aguçado, percebendo as nuances do comportamento humano. “Uma pessoa que é preta seguirá sendo, independente do seu sucesso e reconhecimento. E quem não gosta de preto seguirá não gostando, não importa classe, status ou qualquer outra”, explica a partir do seu lugar de fala.

Um dos estopins criativos para “Temos Um Sonho” foi justamente um dos incidentes mais repercutidos em 2020: o assassinato do negro George Floyd, desarmado e indefeso, por um policial branco. Daí, o músico se juntou ao seu diretor musical, Mailson Teles da Silva, para gravar o pagode. 

Completando o time de músicos, há nomes consagrados na cena carioca, e o videoclipe conta com Diney em estúdio ao lado de amigos e fãs, que se comoveram com as primeiras versões de “Temos Um Sonho” e fizeram questão de gravar uma versão coletiva da canção antes mesmo da gravação de estúdio ser lançada.

As crianças, que representam o futuro, foram uma surpresa do produtor musical a Diney, que não sabia da presença delas no set de filmagens. Outro detalhes de semiótica como o fogo representam que os racistas não passarão, seja no rock, no pagode ou em qualquer lugar.

Ficha técnica – “Temos Um Sonho”


Composição: Diney

Produção musical/arranjos/bateria: Mailson Teles da Silva 

Arranjos/contrabaixo: Zazá

Piano/teclados: Miguel Schonmann 

Violão: Davi dos Santos

Cavaco/banjo: Rafael Delvaux

Percussão: João Duarte, Pedrinho Ferreira, Flavinho Miúdo, 

Coro: Marcelle Ferreira e Bino Santana

Coro infantil: Mirella Teles, Anna Luyza Santana, Emilly Santana, Henrique Santana

Programação: Gabriel Vasconcelos

Videoclipe – “Temos Um Sonho”

Direção/figurino: Dandara Oliveira

Gravação/edição: Argolo (Grave)

Participações ‘mais que especiais’: Anna Luyza Santana, Emilly Santana, Eli Henrique Santana, Mirella Teles, Eloá Moreira, Paulo Henrique Moreira, Caio Moreia, Camile Moreira.

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