Os casarios, o abandono e o palacete do Barão

Joaquim Marcelino da Silva Lima, 1.º barão com grandeza de Itapemirim (São Paulo1779 — Itapemirim18 de dezembro de 1860) foi  um fazendeiro e político brasileiro

 

A história de Itapemirim se mescla com outros recantos deste Brasil que viveu os idos do Brasil Imperial com seus casarões suntuosos que ostentavam a riqueza de uma pequena camada da população, em detrimento de outros que viviam para servir aos seus senhores.

O Jornal tentou levantar alguns pontos desse município que teve um Barão, que segundo, algumas fontes, teria morrido de desgosto. Trata-se de Joaquim Marcelino da Silva Lima – o Barão de Itapemirim.

Nos casarios da Vila, a história perpassa o tempo e ainda nos indica que no passado o local foi referência para os soberanos de outrora que cavalgavam por estas paragens, deixando seu rastro histórico.

Os quadros imperiais, guardados no plenário da Casa de Leis, e o Prédio onde funcionou até pouco tempo atrás a Câmara Municipal de Itapemirim, são provas da pujança deste Município no contexto histórico nacional.

 

 

Ouro e pompa no Palácio do Barão

palácio do Barão de Itapemirim

Digno da nobreza. Digno de um barão. O Palácio onde residiu Joaquim Marcelino da Silva Lima, na área da Usina Paineiras em Itapemirim, hoje, ruínas esquecidas em meio a canaviais. Observando as ruínas do Palácio do Barão, em nada lembram a arquitetura luxuosa que no passado chegou a ser comparada aos palacetes medievais.

O luxo do palácio começava pela escadaria em mármore e dois leões em tamanho real. No interior, biblioteca, sala de armas, dezenas de quartos, salões adornados de quadros e grandes retratos de antepassados. A edificação, assim como nos castelos feudais, escondia galerias subterrâneas. Ao lado do casarão, o barão construiu uma capela cujo interior era totalmente coberta em ouro. O barão de Tschudi, que se hospedou nesta residência em 1860, escreveu: “Raras vezes vi no Brasil casas de fazenda em estilo tão soberbo e de tão bom gosto”.

Alguns historiadores acreditam que o Barão de Itapemirim morreu de desgosto porque o Imperador Dom Pedro II, em viagem realizada à Itapemirim, não lhe deu a honra de ser recebido em seu palacete, apesar de todos os preparativos que havia feito.

O barão mandou seus 120 escravos largarem os canaviais para preparar a fazenda, capinaram a alameda de bambus, cobriram o caminho com folhas aromáticas e enfeitaram com flores. As escadarias e os leões foram lustrados e o barão comprou finas iguarias e bebidas importadas da Europa.

Enquanto os trabalhadores preparavam a fazenda, de binóculo em punho, o barão observava a estrada. Mas Dom Pedro não veio. Preferiu se hospedar numa outra residência para minimizar conflitos entre o grupo do barão e dos moços da Areia.

 

Foto: Palácio do Barão / Luciano Retore

Hoje, restam poucas ruínas desse que foi o palácio do Barão de Itapemirim

 

151 anos de história esquecidos no tempo

Câmara de Itapemirim acervo da família Brumana

Como se pode constatar através de uma longa entrevista com o historiador Luciano Retore Moreno, existem alguns casarios em Itapemirim. Um dos poucos, é o prédio da antiga Câmara, hoje, infelizmente, continua abandonado como sinal de profunda falta de respeito com o monumento de 151 anos, adquirido após a morte de seu dono.

Luciano, acredita que o prédio da Câmara tenha sido construído por volta de 1837 ou 1835 que pertencia a um fazendeiro da família Souto Belo, que era proprietário da fazenda da Safra e acabou ficando para a viúva dele, Josefa Pinho de Souto Belo. O município o comprou porque as sessões da Câmara eram realizadas em casas alugadas. Após a compra do prédio, que na época era uma casa pomposa, a Câmara passou pelo menos 7 anos fazendo adaptações. “A obra, eu suponho que tenha ficado pronta em 1857. Funcionou neste local a Casa de Leis aproximadamente por oito anos”. Desde então, tentou-se restaurar e reformar, mas até o momento tudo continua do mesmo jeito. Caberia ao município providenciar a restauração”.

Além do prédio da Câmara, Itapemirim também preserva a Igreja Nossa Senhora do Amparo, que já completou 160 anos. No mais, alguns casarios, poucos, pois a maioria passou por transformações.   “As pessoas foram vendendo, reformando e transformando as casas antigas, sobraram poucas. Do final do século XIX, Itapemirim preserva no máximo cinco casas, o restante foi totalmente descaracterizada”.

 

Foto da Câmara / Luciano Retore

Legenda: O Prédio da Câmara que remonta a história do Município ainda está esquecido no tempo

 

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