OPINIÃO: a próxima vítima é o meu filho, o seu filho? Quantos Joãos hão de serem assassinados?

Texto de opinião de Jaqueline Taylor- colunista de Piúma radicada na Itália

Era João Alberto Silveira Freitas o nome do homem assassinado no estacionamento de um supermercado, João era junto com a sua esposa em uma quinta-feira como qualquer uma outra, a única diferença é que era uma tarde / noite de novembro, ano 2020 onde o mundo parou por conta de uma pandemia e onde todos nós começamos a sonhar que por conta de tanta dor passaríamos a sermos seres humanos melhores.

Ao que parece estávamos errados!

Além dos vídeos que circulam nas redes sociais e alguns testemunhos, ainda não se sabe realmente o que aconteceu, e na verdade não importa. Diante de um corpo inerte em um chão nada mais importa além do sentimento de grande indignação.

Era só um João qualquer? Não, esse João poderia ser você ou eu, esse João poderia ser meu pai, teu pai ou até mesmo teu avô. Esse João provavelmente havia outras pessoas em casa ou em algum outro lugar esperando-o voltar, esperando uma ligação ou até mesmo a festa programada para juntos poderem estar.

João saiu de sua casa, talvez tinha trabalhado o dia todo eu não sei, a única certeza é que João saiu para nunca mais voltar.

Seria cômico se não fosse trágico, eu imagino daqui para frente a esposa do João diante de uma pergunta “e aí, como vão as coisas tudo bem? E o João como está? – João? Você não soube? João, morreu em uma tarde de compras espancado por dois jovens que tinham o dever de nos defender”.

Talvez João passou de predador a vítima, eu não sei e não importa neste momento. O que nos resta na memória é uma cena chocante, estarrecedora de dois jovens que usam o corpo de João como saco de boxer. Não caro leitor, não era um homem negro, era o João, era um marido, um filho, um tio, um vizinho, um primo, um potencial de um futuro melhor se tivessem vivido em uma sociedade onde existem realmente oportunidades, mas o, mais, importante RESPEITO.

Quando leio ” HOMEM NEGRO MORRE….. Me vem um enjoo no estômago, eu fico pensando na frase “essa é minha filha morena Geovanna “, “esse é meu filho branco Samuele”. Diante de tanta violência, covardia e desequilíbrio emocional o que nos importa a cor? Gente era o João!

E deve passar a ser o João de todos nós, essa dor, esse luto precisa ser de todos nós, porque ontem foi o João, amanhã pode ser você!

A PALAVRA de Deus diz no livro de Mateus 24:10, 11 e 12 – “Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão/E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos/E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará”.

Não faz muito tempo, e falamos mais ou menos do mesmo assunto “a falta de amor”.

E quem esqueceu da morte Di George Perry Floyd, no dia 25 maio 2020 na cidade de Minneapolis, em Minnesota?

É inacreditável que cenas como essa tem se tornado a nossa realidade quase como normalidade, ou vocês já esqueceram da brasileira morta na França pouco tempo atrás?

E desde quando a cor, escolha sexual, condição econômica, religião ou grupo político passou a definir o valor de uma vida?

Quando foi que deixamos de sermos seres humanos e passamos a ocupar o lugar de Deus tendo assim o direito de escolher quem vive ou quem morre?

Não era um negro, não era só mais um, era o João, criado por Deus, um ser humano como eu e você.

Vivemos em uma sociedade doente, frágil e cada dia mais debilitada onde nossos filhos são filhos da televisão, do cinema violento e da jogos que incentivam a morte e tudo entra muito sutil em nossas casas.

Eu espero estar enganada, mas a cena me mostra quase que um vídeo jogo onde tudo é uma ilusão e toda a luta é porque alguém deve sair vencedor.

Neste caso, todos nós perdemos, neste caso todos nós temos uma grande responsabilidade e devemos rever nossos conceitos. Não é suficiente o dia da consciência negra, não é suficiente colocar cotas ou fazer qualquer outro movimento.

O problema deve ser tratado na raiz, na família, na Igreja, na escola, nos cursos para qualquer tipo de cargo público que alguém deseja concorrer.

Eu até queria escrever um texto bonito, comovente que te fizesse chorar mas  NÃO POSSO, não consigo.

Quantos “Floyd” ainda devem morrer? Quantos João?

Precisamos de posicionamento e devemos começar dentro das nossas casas. Eu preciso começar, ou recomeçar dentro da minha casa e me conscientizar que crescemos os filhos para o mundo, para a sociedade e não parar viver como na floresta onde prevalece o predador.

E me encontro a pensar em Willy Monteiro Duarte que era um chefe  italiano de origem  capoverdiana que  foi assassinado a Colleferro dia 6 de setembro 2020, durante uma briga, onde ele em uma tentativa de separar um  amigo em  dificuldade “Morreu” (repito ASSASINADO), e por esse delito a polícia ainda está investigando e dois jovens já se encontram na cadeia .

Existe uma grande confusão mental no homem entre a fantasia e a realidade e cenas como essa penso que não deveriam existir nem na fantasia mais absurda!

Quero deixar para cada amigo leitor uns versículos para meditação e aconselhar como um remédio para a humanidade porque é o que precisamos: “Acima de tudo, porém, REVISTAM-SE do AMOR, que é o elo perfeito” (Colossenses 3:14).

“Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é AMOR”. (1João 4:8)

“Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o AMOR”. (1 Coríntios 13:13).

“Que diante de QUALQUER tipo ou forma de violência não possamos dizer NÃO! Sem virar o rosto do outro lado”.

Aos familiares de João meus sinceros sentimentos, a todos aqueles que choram por conta de um João que a casa nunca mais voltou meus sentimentos e a JUSTIÇA SEJA FEITA.

Roma, 20 de Novembro de 2020.

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