Opinião: A COVID deixa o Brasil cada vez mais pobre

Jordan L.Alves, Doutorando e Mestre em Linguagem – Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF –

Não proponho pensar a situação através de uma ótica claramente política, pois determinadas situações estão além das trincheiras criadas entre esquerda e direita. Falo de vidas, humanidade, pais e mães de família.

A COVID talvez seja o grande encarcerador da História, nos impede dos abraços calorosos, dos contatos, priva-nos dos sorrisos e, nos casos mais graves, da vida. Infelizmente, nós nos acomodamos com os números, mas para o ente enlutado a ausência sempre baterá na porta, pois para 446 mil famílias essas pessoas não são números; são sonhos, amores e exemplos de uma vida.

Essa guerra declarada que vivemos nos empobreceu de tantas Marias, Joões, Manuéis, Sebastianas, Tomés. Todos igualmente importantes em suas famílias e comunidades. Não podem e não devem cair no esquecimento. No entanto, em um golpe sorrateiro, perdemos importantes figuras do nosso cenário artístico e cultural, personagens que ajudaram a construir o que entendemos como teatro, televisão, música, cultura e as artes vivas. Uma perda sem precedentes!

Em dezembro de 2020 perdemos a grande Dama do Teatro Nacional Nicette Bruno, 87 anos, a atriz é incontornável na história da dramaturgia nacional. Uma atriz talentosa, perfeccionista e à frente do seu tempo, interpretou textos de William Shakespeare a Oscar Wilde. Sua genialidade se confunde com a própria arte.

Aldir Blanc durante sua vida nos permitiu aplaudir seu talento e perspicácia, um olhar agudo e certeiro sobre os problemas que o brasileiro enfrentava. Eternizou sua arte e competência na voz de Elis Regina: O bêbado e o Equilibrista. Blanc foi um poeta que utilizou da caneta como arma contra as injustiças e a opressão. Sua arte é de revolução!

Paulo Gustavo levou milhões de brasileiros ao teatro e depois aos cinemas. Uma arte com características barrocas: abusadas, descobada, afrontosa. A arte serve para incomodar e isso ele fazia perfeitamente com genialidade e doses frequentes de humor.

O teatro segue em profundo e longo silêncio, mas as constelações nunca brilharam tanto como agora. Seja o artista de rua, o grafiteiro do bairro ou uma grande dama do teatro; um artista não morre, eterniza-se em sua arte!

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