ENQUANTO HOUVER SOL…

Coluna Literatuando

Foto ilustrativa

Mês de outubro sempre chega com um cheirinho de final de ano: o sol já nasce com cara de verão e os canais de TV começam a passar aqueles filmes de Natal que marcaram uma geração ou os mais recentes, recheados com histórias de amor. Porém, especificamente em 2020, depois de tantos meses em casa, saindo apenas para o necessário, percebo que mesmo com a calmaria proporcionada pela primavera, clima oscilando entre temperaturas elevadas e friozinho chamativo para um cobertor, a natureza nos dando de presente o colorido das flores e um magnífico amanhecer ou um esplendoroso entardecer, ainda continuo assustada com atitudes vindas de alguns seres humanos.

E foi bem no dia das crianças, ao fazer minha caminhada diária, seguindo os protocolos de segurança, usando máscara e longe de aglomerações, percebi que a empatia está aquém de ser colocada em prática, pois, por incrível que pareça, sinto-me presa a um filme com o tema apocalíptico e a pandemia só existe nesse cenário onde me encontro, enquanto as outras pessoas estão se desfrutando de um paraíso, ignorando a existência do coronavírus: todas curtindo o feriadão na aglomeração e sem máscara.

Mas ainda pensei que meu dia seria salvo ao ver uma família passeando feliz, com suas devidas bicicletas, só que o pai rebocava um carrinho de brinquedo com seu filho dentro. Contudo, aquele, ao fazer uma manobra para chegar ao asfalto e assim poder atravessar a rua, o pomposo carrinho tombou com a criança e esta bateu com tudo no canteiro que separa a rua da ciclovia. Nesse momento, esperava que rapidamente os pais fossem socorrer o menino. No entanto, não foi isso que aconteceu. Enquanto o garoto se esgoelava no choro, o pai caiu na gargalhada, achou graça da cambalhota do filho, e a mãe brigava com o pai, ignorando o estridente choro de sua prole. Feliz dia das crianças!

Como se não bastasse, terminei o dia com a notícia de que iríamos realmente voltar às aulas presenciais. Nosso excelentíssimo senhor governador, ignorando as tentativas fracassadas de outros Estados que tentaram manter a normalidade, fazendo com que alunos e professores voltassem para as escolas, mas tiveram que regredir na decisão, já que vários docentes foram contaminados pelo coronavírus. Assim, mesmo sabendo que os casos só aumentam no Espírito Santo, fazendo com que o mapa da Covid-19 fique incerto a cada semana, estaremos de volta, mais vulneráveis à doença e colocando em risco nossos familiares. Feliz dia do professor!

Queria tanto estar enganada e poder acreditar que a pandemia realmente seria um momento de reflexão entre as pessoas e estas pudessem ser tocadas pela generosidade e sensibilidade para esse momento tão difícil que estamos passando. Entretanto, vejo que o cuidado para com o próximo não é mais importante que o lazer, que ficou mais nítido que muitos governantes não se preocupam com as vidas, mas sim com lucros, que as pessoas estão mais aceleradas no trânsito, descuidadas com o meio ambiente, despreocupadas com seus familiares, enfim, cada vez que me deparo com um ato que deveria ser improcedente para a circunstância, fico angustiada com o descaso que o ser humano tem com o seu bem mais precioso que é a vida. Mas, enquanto houver sol e ainda haverá, sigo na tentativa de compartilhar os bons exemplos, sempre levando no rosto o sorriso de uma criança, nas atitudes, a bravura de um professor que jamais desiste e, no coração, a esperança do escritor que afaga a Humanidade rabiscando suas palavras.

Li e Gostei

Um romance poderoso, baseado em uma incrível história real de uma linda mulher, atriz de estrondoso sucesso e cientista brilhante, responsável pela invenção que revolucionou os sistemas de comunicação modernos Hedy Kiesler é uma mulher de sorte. Com sua beleza estonteante, consegue um papel de destaque em um filme de relativo sucesso. Segue-se, então, o casamento com um poderoso comerciante de armas austríaco, o que a permite escapar da perseguição nazista na Segunda Guerra Mundial, ainda que pese sobre seus ombros a ascendência judaica. Fonte: Submarino.

Vi e Gostei

Em A Maldição da Mansão Bly, a jovem Dani Clayton (Victoria Pedretti) é contratada por Henry Wingrave (Henry Thomas) para trabalhar numa enorme e antiga mansão, cuidando de seus dois sobrinhos órfãos. Mas tudo se complica quando os irmãos Flora (Amelie Bea Smith) e Miles (Benjamin Evan Ainsworth) começam a apresentar um comportamento estranho. Fonte: AdoroCinema.

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