Comida e casa de mãe

A gente cresce, sai de casa, monta casa, realiza sonhos, trabalha, estuda, faz planos. Corre como idiota pra ter e pagar contas.

A gente consegue se formar, conclui faculdade, faz pós-graduação, capacitações, compra moto, carro, monta apartamento, viaja, ganha o mundo, conhece pessoas importantes, escreve um livro, vira jornalista, poeta marginal, encara bicho e gente pior que anima irracional.

Experimenta quase todo que desejou na infância, até cigarro e bebida duas maldições ilusórias. Fica metido, se acha importante, por alguns instantes.

Mas quer saber, de tudo que se vive, que experimenta, desde de churrascarias caras, a hotéis cinco estrelas. Copacabana, Leblon, Búzios, Porto Seguro lugares cobiçados que a gente faz pose e posta no instagram e facebook. Nada se compara a casa da roça da mãe que a gente vê tão pouco e curte menos ainda nesta pressa descabida e idiota.

Tudo parece ser tão bacana, tão legal e especial, mas é tudo uma grande ilusão, o que a gente acha que conquistou depois que sai de casa.

Hoje pela manhã minha mãe ascendeu o fogão a lenha, colocou o feijão no fogo. Abanou pra lá e pra cá. Logo depois de um tempo o cheiro tomava conta da casa toda. Era o alho frito na banha de porco e ela já refogando o feijão socando o alho no “machucador”, é assim que chama o pilão.

O arroz refogadinho no alho, o quiabo, a galinha ensopada também no fogão a lenha com aquele cheiro verde por cima. Não precisa de mais nada, só o cheiro da comida de mãe mata a fome da gente ainda de longe.

Que delícia de café da manhã feito com amor

Lá naquela simplicidade, eu me vejo de novo criança. O café que ela faz, daquele jeito, com mandioca cozida no fogão de lenha e manteiga que derretida na boca.

Ô meu Deus do céu, minha mãe já tem 80, seu eu não for primeiro no meio de tantas taxas altas e dietas, como que eu fico sem ela?

Comida e casa de mãe duas coisas que nada no mundo pode ser comparada.

A casa é simples, é de telha e quando chove a gente sente o cheiro do mato que entra adentro. O terreiro é de chão batido, as galinhas comem na porta, os cachorros nem latem quando a gente chega, é tudo tão do jeito dela, mas é lá que eu esqueço de tudo e volto a dormir no canto da cama dela.  

Compartilhe nas redes sociais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *