Bom Destino, 230 famílias atingidas, dois mortos e 13 casas levadas pela enxurrada

As famílias de Bom Destino abrigam as famílias atingidas, uma lição de amor

O Centro Comunitário anexo a Igreja católica em Bom Destino é um dos pontos de apoio e distribuição de mantimentos as vítimas da tragédia em Iconha.

O presidente da Associação de Moradores de Bom Destino, Moisés Marchiori explicou que a comunidade possui em torno de 2 mil moradores, distribuídos em 622 famílias. Destas famílias, 230 foram atingidas pela enxurrada de sexta-feira 17. Perderam muita coisa: carros que foram arrastados, móveis, eletrodomésticos, animais, e 13 casas foram destruídas completamente.

Bom Destino parece que um tsunami varreu o distrito e deixou as margens os montes de lama e entulhos.

Moisés salientou que todos os comércios na parte esquerda para quem vai de Iconha para o distrito foram destruídos, sobraram duas a três lojas que ficam na parte de cima.

Dois óbitos

Um bar foi levado com o proprietário Alex Hantequeste Sofiate, dentro que acabou morrendo e será sepultado nesta terça em Inhaúma. E atravessando a ponte de acesso à Ilha de Santo Inácio seu Antenor, mais conhecido como Japonês que teve o corpo encontrado na lama, próximo a Igreja da comunidade. Não há da comunidade nenhum morador desaparecido.

“Eu passei em todas as casas aqui em Bom Destino, basicamente 230 famílias foram atingidas, 13 casas desceram inteiras, e destas 230 perderam tudo, estão desabrigadas. Nós dividimos em dois pontos de apoio, um aqui no Centro Comunitário e outro na Associação de Moradores de Santo Inácio. O povo que mora da Ilha pra cima está sendo atendido lá e quem mora para baixo é atendido aqui, Mesa Grande, Crubixá. Estamos cozinhando aqui e as marmitas que estão chegando estamos dividindo”.

Ilha de Santo Inácio acolhimento é na sede da Associação

O vice-presidente da Associação dos Moradores de Bom Destino, Edelson Paulino estava coordenando as distribuições de alimentos, colchões às vítimas que residem na pequena Ilha.

Jornalista e o vice-presidente da Associação explicando como está sendo feita a distribuição

As doações não param de chegar e comove o presidente, mas ainda faltam colchões, roupas masculinas, sabonete, absorvente, materiais de limpeza, tolhas de banho, lençol e outros. “Nós abrimos as portas da Associação de Moradores para recolher mantimentos, colchões, roupas, tudo aquilo que aquele não perdeu ou que pode doar para ajudar quem tanto está precisando neste momento”.

A Ilha tem cerca de 200 famílias, pelo menos 40 famílias sofreram, com a perda de móveis ou as casas. “Estamos dificuldades em receber colchões para o número de desabrigados que estão locados na casa de familiares e vizinhos na própria Ilha”.

Sem dúvida a solidariedade acaba comovendo todos. “Cada vez que alguém fala do assunto a gente fica fragilizado, mas a solidariedade tem vindo de todos os lugares, de pessoas de fora do estado também, eu tenho pedido as pessoas que tem parentes fora ou aqui no estado que possam vir dar um abraço, se não pode ajudar com muito que ajude com um abraço. Este abraço talvez vai fazer com que esta pessoa tenha força para amanhã continuar lutando”.    

Depois de dedetizar o supermercado, a enxurrada carregou tudo

Cada um dos moradores de Iconha atingido pela tragédia tem uma história particular para contar.

Enquanto as máquinas retiravam os entulhos, a lama e o barro da rua que corta Bom Destino a reportagem entrou no Supermercado que leva o nome da comunidade.

Só as prateleiras amassadas, os balcões vazios que estavam sendo lavados, no mais, tudo se foi. Fábio Vieira conversou com a reportagem e disse que por volta das 19h00 de sexta estava dedetizando o supermercado. Havia acabado de deixar tudo limpo e arrumado. Havia acabado de chegar 30 fardos de arroz. “Eu saí daqui por volta das 19h00 e fui para casa do meu irmão. Lá eu fiquei ilhado. Citando um exemplo, tinha acabado de comprar 30 fardos de arroz. Tudo é muito sofrido, a gente não trabalha com aquele capital todo. Construímos um deposito nos fundos onde guardávamos as mercadorias, a força da água levou tudo, até o piso da estrutura. Uma situação difícil de acreditar. A gente está burro, não sabe ne o que falar”.

Por trás da tragédia tem humanos de verdade. ‘Alguns fornecedores nos ligando, dando apoio, falaram que vão fazer uma doação para começarmos do zero”.

_ Nuca desacredite da forma da natureza, afirma Fábio, que garante que vai recomeçar com muita fé.

Caixões empilhados, prédios rachados, um rastro de destruição

Passar pelas ruas do Centro de Iconha e não se emocionar é como se estivesse cego, de tudo se vê, desde um carro amassado no canto de uma rua sem saída, sacolas de arroz, embalagens, caixões empilhados, prédios rachados, geladeiras, documentos, tudo se foi.

A parte alta da cidade observa atônita o sofrimento de quem perdeu tudo. Todos se unem neste momento. E o pior, a chuva não para e as previsões de mais pancadas. Falta energia, água e internet no interior.

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