“SEI QUE A VIDA VALE A PENA”

 

Logo cedo, fui interpelada por um professor ressaltando que está muito quente e aproveitou também para reclamar da quantidade de papel no final de ano. Isso me fez lembrar de que uma professora dizia que desta vez o mundo acabaria em fogo, devido justamente à quantidade de papéis que circulam em nosso meio, principalmente, quando os professores finalizam mais um ano letivo.

O professor, ao ouvir meu comentário, fez uma contrapartida e disse que o mundo deveria acabar em poesia: “Imagine todos os seres humanos com um livro de poesia nas mãos?”

Depois de proferir essas palavras, ainda me contou que um conhecido queria como último desejo, que alguém tocasse violino em seu velório, mas quando este estava acontecendo, chegou a amante, e a esposa mandou parar tudo porque achava que a música que saía do violino era para sua rival. Coitado do defunto! O seu momento poético, como derradeiro desejo, naufragou com as lágrimas de ódio e de saudade das viúvas.

Mas a poesia já me basta. O mundo não acabaria se todos tivessem o hábito de inseri-la no seu dia a dia. Pelo contrário, ele seria melhor. Melhor no sentido de olhar através da janela da sala de aula e ver o flamboyant todo florido e os passarinhos em seus galhos a cantar alegremente. Com poesia, veríamos também a superlua, mesmo em dia de tempestade, porque imaginar é flutuar para dentro de si mesmo, é fazer com que a lua seja somente sua, do jeitinho que você sonhou.

A poesia mostra-nos que quando o céu está estrelado, é porque ele está acordado. Raios e trovões indicam-nos que Deus está zangado mesmo, pois o céu está querendo desabar em nossas cabeças.

Ah, poesia! Você é tal qual a inocência da criança que faz a família inteira rir ao falar “orégamo” e também chorar pelo jovem brutalmente assassinado, mas que virou anjo, com grandes asas aladas, que permanecerá na memória daqueles, principalmente, que estavam mais próximos.

A poesia, infelizmente, não vive só de alegria, ela derrama lágrimas e, no momento, o Brasil está banhado, pois acreditamos que as gotas vindas do céu são as lágrimas dos familiares do time Chapecoense e da bravura de dona Ilaídes, mãe do goleiro Danilo, que nos deu uma lição de amor ao próximo, pois ela sentiu a dor de perder um filho, mas isso não a impediu de acalentar todos os outros corações envolvidos nessa tragédia.

E a poesia não pode metaforizar o branco da noiva que iria chegar ao altar. A máquina traiçoeira levou-a para longe do noivo e fez a poesia respingar sangue nas pérolas tão carinhosamente bordadas na alvura do tecido. Vestido e sangue: branco e vermelho formaram um singelo rosa como a aurora, como todo o enlace matrimonial sonhado que jamais acontecerá.

E a poesia silenciou-se por um momento, perdeu todos os seus sentidos, camuflou-se dentro de si mesma para o último adeus a Ferreira Gullar que usava a (pa)lavra para desenhar no infinito as metáforas da calejada vida.

Mas a poesia adormeceu somente por um instante, pois Gullar logo sussurrou: “sei que a vida vale a pena, mesmo que o pão seja caro e a liberdade pequena.”

LI E GOSTEI

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Meu primeiro livro de crônicas, O Badalador de Sinos e Outras Crônicas, lançado em 29/10/2016, reuniu as crônicas publicadas no Jornal Espírito Santo Notícias e traz uma diversidade de temas, tais como filosóficos, saudosos e tantos outros que emocionam e nos fazem refletir. Onde adquirir? Site Editora Kazuá, site da Livraria Cultura e também com a própria escritora.

 

ASSISTI E GOSTEI

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O filme A Dama Dourada, 2015, dirigido por Simon Curtis, baseado em fatos reais, conta-nos a história de uma família judia que, durante a 2ª Guerra Mundial, perde todos os seus pertences, dentre eles, as obras de arte originais do pintor Gustav Klimt. Dentre os quadros levados pelos nazistas, estava o retrato da tia de Maria Altmann que se exilou nos EUA e teve que entrar na justiça para recuperar as obras de arte.

 

FRASE DO DIA

 

A arte existe porque a vida não basta.

Ferreira Gullar

 

OUVI E APROVEI

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Lá da internet, com Roginei Paiva: Quero uma vida no campo/ Que seja muito simplória/ Curtindo o Arcadismo/ Isso vai ser a glória…

 

 

E A GRAMÁTICA… COM AS CURIOSIDADES DA LÍNGUA PORTUGUESA

Expressões usadas em tempos de diplomações

 

Pedimos licença a colunista para incluir na coluna Literatuando algumas expressões muito usadas nessa edição, relacionadas as diplomações dos prefeitos eleitos em 02/10. (Luciana Maximo)

Expressões muito usadas nesses tempos de transição de governo, diplomações e posse de prefeitos.

 

 

Batata quente nas mãos

 

Problema.

 

Estevão Machado, 2º colocado nas eleições de 2012 assumiu no último dia 13 após Dr. Luciano ter sido cassado, Logo ele herdou uma “batata quente nas mãos”, ou seja, problema. A matéria da página 06 explica mais detalhadamente.

 

Ao vencedor as batatas

 

 

Essa expressão significa que o mais forte é que sobrevive. Basta ler “Quincas Borba”. Ou seja, o mais forte sobrevive. A matéria da página 06 também cita a expressão e o mais forte ainda não se sabe quem será. Se Dr. Luciano toma posse, ou se o presidente eleito da Câmara em janeiro será o prefeito até a realização das novas eleições.

 

Descascar pepino

 

Expressão usada quando se deve resolver algum problema grave.

 

Os prefeitos de Piúma, Marataízes, Cachoeiro e Anchieta estarão descascando muitos pepinos, ou seja, encontrarão muitos problemas que precisam ser resolvidos imediatamente.

 

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