Reitor do santuário detalha vida do Santo Anchieta

Detalhes sobre o santo José de Anchieta ainda não revelados são ditos pelo padre Cesar Augusto, reitor do santuário

 

O Reitor do Santuário Nacional José de Anchieta, Padre César Augusto, concedeu entrevista ao Jornal e falou com exclusividade sobre a vida do Santo José de Anchieta.

De acordo com o reitor, ainda na juventude, com 18 anos aproximadamente, José de Anchieta chegava ao Brasil, mais precisamente no ano de 1593, onde desembarcou na cidade de Salvador e permaneceu ali por dois meses. “Depois foi enviado para São Vicente, chegando à cidade exatamente na véspera do natal de 1593. Ali, ele ficou sabendo que após os festejos da data, ele, acompanhado de outros jesuítas, subiriam ao Planalto para fundar um colégio na localidade que anos mais tarde se chamaria Colégio de São Paulo. Apesar de Anchieta ter participação na fundação do Colégio, a ideia mesmo pertencia ao Padre Nóbrega”, frisou César.

Como era um homem sábio e com visões futuristas, José de Anchieta também ajudou na fundação do Colégio do Rio de Janeiro, onde conversou com os nobres e com o governador, foi ordenado Padre e quando voltou, veio com a missão de catequizar os índios aqui no ES.

Salientou o reitor, que José de Anchieta chegou à Rerigtiba onde atualmente é Anchieta, já em sua fase adulta.

César Augusto, contou que Anchieta e outros jesuítas fundaram também o colégio de Salvador. “Ele é fundador porque as pessoas mudavam de casa pra ficar perto dele. Ele era tão bom, tinha tanto conteúdo, falava muito de Deus, que as pessoas queriam morar perto dele. Então foi criando a aldeia, o aldeiamento e depois o povoado”, complementou. “Depois ele foi para o litoral, posteriormente, voltou à Bahia, em seguida veio para o ES e fundou o colégio Vitória, onde é o Palácio Anchieta atualmente. Mais tarde ele veio para Anchieta e organizou a aldeia de Rerigtiba, o primeiro nome da cidade”.

A missão do Padre Anchieta, era evangelizar os índios para que o país fosse explorado, como traduzem os livros de história. Em Rerigtiba, a aldeia que ele fundou é o lugar escolhido para viver, evangelizar, e morrer.

Destacou o reitor que, foi graças a Anchieta que o Brasil fala apenas uma língua e tem a religião católica tão forte. “Anchieta veio para o Brasil junto com outros padres Jesuítas com a missão principal de catequizar e evangelizar os índios. Além de passar noções sobre Deus, ele também dava noções sobre os homens. Para os índios muita coisa ainda era novidade, pois eles possuíam seus próprios modos e crenças”, comentou.

 

Dança e teatro

Durante a viagem para São Vicente, lembrou o reitor que, José de Anchieta teve contato com os índios e percebeu que os mesmos gostavam de danças, músicas, colares e de cores. Essa percepção foi o ponto de partida para o jovem padre planejar sua comunicação com esse povo de maneira mais direta. Então, ele imaginou o teatro para passar uma linguagem de fácil compreensão entre as tribos. “Podemos até arriscar dizer que ele é o pai do teatro do Brasil, no sentido de que, o primeiro a realizar teatros no país foi ele, até por uma forma de conseguir se comunicar melhor com os catequizandos. E futuramente também lidar com os escravos e negros”, salientou.

 

Relação difícil

 

Vale destacar que não foi fácil a relação com os colonizadores no processo de catequização, e a missão do jovem Anchieta era trazer o evangelho de Jesus a esse povo. “Ide por todo mundo e pregai o evangelho”, citou um trecho da bíblia, o reitor.

Já, naquela época, Anchieta propagava o amor, independentemente da visão dos colonizadores. Em Roma, há cartas que o padre relatava aos generais do Vaticano o trabalho que os jesuítas faziam no Brasil com os chamados negros da Guiné, traduzindo, os escravos vindos da África. Anchieta não concordava com o sofrimento dos escravos e também pregou a eles falando sobre a importância do casamento e do batismo, o que acabou gerando atrito entre os senhores.

 

Acordo

 

Vale ressaltar, que a vinda dos jesuítas para o Brasil foi um acordo feito entre o Rei de Portugal, D. João III e o Papa, pois, se a nova terra descoberta não fosse incutida a religião católica, automaticamente, os descobridores perderiam aquela nova terra. Por isso enviaram os jesuítas para catequizar os índios e abrirem igrejas nessas novas terras. “O português não dava muita importância para o Brasil, mais tarde um amigo de D.João III, que estava em Paris, escreveu para ele dizendo: ‘Olha, vocês vão perder o Brasil, os franceses estão invadindo o país e, de mais a mais, vocês têm a obrigação de evangelizar aquele povo’. O Rei vendo que o negócio estava sério, ficou sabendo que em Roma havia um grupo de padres novos que estavam fazendo muita coisa boa por lá, era Inácio de Loyola. Então, mandou alguém entrar em contato com Inácio e pediu que ele viesse com esses jesuítas para o Brasil”, enfatizou Augusto.

Pela grandiosidade do padre sendo o mesmo santificado devido às suas obras e atuação na propagação do evangelho, o reitor sugere que seja posto pelo poder público um monumento histórico em homenagem a José de Anchieta na Praia de Ubu, local por onde o cortejo fúnebre do Santo passou. Acredita ainda que é preciso pensar melhor no grande potencial turístico que se tem a cidade de Anchieta, de forma mais consciente e responsável, pois se trata do 2° Santuário nacional do país.

 

Foto: Reitor Cesar Augusto/ Luciana Maximo

Legenda: O reitor Padre Cesar Augusto é um estudioso do santo José de Anchieta e é quem reza as missas no santuário Nacional

 

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