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Orla de Piúma poderá ganhar um muro móvel para conter a maré

Esforço da sociedade organizada consegue resolver parte do problema da erosão da praia em Piúma

 

No último dia 25, no Auditório do Instituto Federal do Espírito Santo, IFES de Piúma, a Prefeitura de Piúma realizou uma audiência pública para apresentar para a sociedade local o projeto de construção do muro de contenção da erosão da orla.

A audiência pública é uma exigência da legislação, principalmente do Plano de Desenvolvimento Municipal (PDM), que exige da Administração que obras como esta sejam apresentadas e aprovadas pela sociedade. Na Audiência realizada no IFES, destaca-se, não houve provocação do Poder Executivo no sentido de ser votado o projeto, sendo apenas apresentado e ao final, encerrada a audiência, sem votação se os presentes aprovavam ou não a formatação apresentada.

O advogado Nelson Morghetti, membro à Associação de moradores do bairro Jardim Maily e também um dos componentes do grupo SOS Piúma, quando questionado sobre o evento, trouxe um resgate histórico sobre todo o processo. “Antes de falar da Audiência Pública, por questão de justiça, deve ser destacado que ficará registrado na boa história de Piúma que o resultado daquele momento deve-se à sociedade organizada e da atitude por ela tomada, destacando a atuação da Associação de Moradores do Bairro Jardim Maily (AMOJAM), na pessoa de seu presidente, Carlos Alberto Delalori, que acreditou na força da Associação e iniciou uma caminhada visando derrubar as barreiras a nível municipal e estadual e também, de forma paralela, o movimento que ficou conhecido como S.O.S., iniciado pela corretora de imóveis Alessandra Zouain. Os dois movimentos receberam importante adesão da sociedade”, salientou Nelson.

O grupo S.O.S Piúma, por exemplo, fez muitas manifestações públicas, chamando a atenção da grande mídia estadual, resultando em um importante suporte para o movimento iniciado pela AMOJAM, aproximando do problemas autoridades do Estado, como o Deputado Estadual Marcelo Santos, Paulo Hartung, Manato, dentre outros, resultando na liberação dos recursos necessários pelo atual Governador Renato Casagrande para esta primeira etapa da obra, R$4.600 milhões de reais.

O movimento S.O.S. Piúma, com o apoio de seus membros e de empresários locais, visando fazer uma discussão mais técnica na audiência pública e trazer alternativas mais rápidas e com menor custo para resolver o problema, trouxeram de Recife, Pernambuco, o engenheiro Joel Ricarte, profissional que possui tecnologia que possibilitaria uma obra de contenção mais rápida, com melhor preço e eficaz, uma vez que a técnica a ser utilizada pela Prefeitura, pelo que foi observado no projeto e de acordo com a opinião de técnicos, terá uma durabilidade pequena, resultando no retorno da erosão com problemas muito mais sérios dos que hoje são enfrentados.

A construção do muro de contenção da Prefeitura, no projeto apresentado, precisará de nove meses para ser concluído, sendo que para a obra, ainda será necessário construir dois outros muros de contenção para liberar a área onde será assentado o muro, situação que afetará diretamente o município com a paralização da mobilidade naquela área.

SOS Piúma em ação

Na reunião realizada pelo SOS Piúma, no sábado 23, com o engenheiro pernambucano na casa de Nelson Morghetti ficou claro que o projeto do engenheiro possui uma formatação diferente, onde o muro é constituído de placas auto-afundante, o que possibilita, inclusive, se houver nova erosão, que ele (muro) seja completado, mantendo sua segurança e estabilidade. “O projeto apresentado pelo município é caro, frágil, de tempo limitado e utilizado em diversos municípios capixabas, a exemplo do muro de contenção feito atrás da prefeitura de Anchieta que, de tempos em tempo (3 a 4 anos) tem que ser refeito devido a erosão e consequente queda. Na formatação do Engenheiro Joel, ao invés de uma base larga de concreto, é utilizada uma placa de concreto, interligadas com encaixes macho e fêmea, que possibilita, a partir do momento que começa a haver erosão, que estas placas sejam reajustadas na área, afundando-as e complementando com novas placas na parte superior, ou seja, independentemente de haver erosão, essa formatação resolve definitivamente a questão da erosão pela possibilidade de se complementar a parte superior com novas placas.”

Segundo Nelson, a ideia do grupo S.O.S. Piúma de trazer o Engenheiro do Nordeste, foi contribuir com o Município no sentido de baratear a obra e torna-la segura e rápida: “A prefeitura informou na audiência pública que o tempo de realização da obra será de 9 meses. Com a engenharia do Sr. Joel, as placas são confeccionadas em outro local e no momento de sua fixação, basta uma retroescavadeira, para que, em trinta dias, todo o serviço seja realizado, pois bastará ser feito uma vala para recepcionar as placas e tornar a fechá-la, trazendo maior conforto para a sociedade.

 

Engenheira da Prefeitura completamente insegura

 

 

O que mais chamou a atenção foi a insegurança da engenheira da prefeitura Poliana Cardoso Quintino que apresentou o projeto na audiência pública, pois ao ser questionada sobre a durabilidade da obra, não conseguiu responder de forma satisfatória, mas ficando nítido que o serviço será novamente um paliativo, podendo trazer prejuízo muito maior do que o hoje enfrentado pela sociedade piumense, caso não seja feito o engordamento da praia, colocando em risco, inclusive, os prédios em frente à área mais crítica. “Hoje a erosão está acentuada no nível da maré mais baixa. Com o muro sendo afundado cerca de dois metros abaixo do nível da maré baixa, quando começar a erosão abaixo desse nível, vindo a derrubar o muro, teremos a exposição não de 1,5 metros de areia até o nível do asfalto, como ocorre hoje, mas, de pelo menos, quatro a cinco metros de altura abaixo do nível da maré, o que resultaria, segundo o engenheiro Joel, na queda de grande parte da pista, colocando em risco até mesmo a estrutura dos prédios fronteirissos”. explicou o advogado.

Mesmo não sendo a melhor técnica, o município e seus cidadãos não podem deixar passar essa oportunidade, mas, ao contrário, continuar lutando para que todo o serviço seja realizado. “Se a sociedade organizada, através da AMOJAM e o movimento S.O.S Piúma conseguiu sensibilizar os poderes Legislativo e Executivo do Estado ao ponto de, em conjunto com a Prefeitura, conquistar os recursos necessários para fazer o muro de contenção, então essa união de forças (sociedade e Município) deve continuar atuando no sentido de conseguir liberar os recursos necessários para fazer o engordamento da orla, pois só com esse engordamento, utilizando técnica moderna, conseguiremos afastar os riscos de uma tragédia”, ressaltou Morguhetti.

Conversando com o Carlos Alberto e também com os membros do grupo S.O.S Piúma, será iniciada nova fase dos movimentos para sensibilizar os Governos do Estado e Federal para que liberem os recursos prometidos, de forma a se evitar que daqui a três a quatro anos possamos ter uma tragédia ainda maior.

 

Reunião com secretário de Obras

O movimento S.O.S. Piúma, a pedido da Prefeitura, marcou reunião com o Secretário Municipal de Obras, André Layber, para apresentar as técnicas mais modernas de contenção de avanço de marés, utilizada na Bélgica e aperfeiçoada para o Brasil pelo engenheiro Joel, oportunidade em que foi apresentado não só as técnicas de engordamento da praia em uma engenharia definitiva, mas também as placas que possibilitariam a construção do muro de contenção de forma mais rápida e barata para o Município. O Engenheiro Joel, apesar de ter patenteado a técnica de construção de muro auto-afundante,  sensibilizado pela situação caótica de Piúma, colocou-se à disposição da Prefeitura para ceder sua técnica ao Município para que outra empresa realizem a obra.

 

 

Licitação

O prefeito Ricardo Costa afirmou que após a audiência o próximo passo é preparar o procedimento licitatório. “Tão logo o governo repasse o recurso, nós vamos autorizar a publicação do edital de licitação para que a gente consiga terminar este processo de contratação de empesa o mais rápido possível”.

O ex-governador Paulo Hartung deixou disponível R$5 milhões, mas o projeto, segundo Ricardo todo foi orçado em R$4.600 milhões. “É Claro que com a licitação o valor vai ficar menor ainda não será necessário, na visão nossa, ter que repassar esse montante todo, pode ocorrer de ser R$4.600 milhões, mas como é comum nas licitações algumas empresas oferecerem um desconto um pouco maior e neste caso ainda haverá uma economia tanto para o município como para o governo do Estado”.

A expetativa é grande. “Neste momento a obra do muro vai livrar muitos comerciantes de uma dor que tem no coração em termo da maré chegar até as suas calçadas, seus prédios. A gente acredita que este muro vai causar um alívio principalmente na conservação do patrimônio que foi um investimento de uma vida toda”, frisou.

Carlos Alberto Delaroli, presidente da Associação de Moradores do bairro Jardim Maily fez um desabafo na Audiência, ele disse que não é hora de oposição política. O momento é muito importante. “É uma conquista da sociedade, eu fui nomeado na época como coordenador do grupo, que extrapolou os limites da própria associação de moradores e abrangeu todo o interesse da sociedade, é muita honra pra mim poder participar disso. Hoje fechando com a Audiência Pública e o povo aceitando essa obra importante para a economia do município, para a vida das pessoas, para aqueles que dependem da praia, dependem do turismo, isto é só o começo, novas conquistas com certeza vamos estar empreendemos”, salientou Delaroly.

 

IFES quer estudar a maré

O Instituto Federal do Espírito Santo – IFES entrou em contato com o advogado Nelson Morghetti dizendo que acharam por bem montar uma comissão para aprofundar os estudos em relação à técnica do engenheiro pernambucano Joel trazido a Piúma pelo SOS Piúma. “O Diretor vai baixar uma Portaria nomeando alguns engenheiros, eu e Alessandra, além do Joel, para fazer parte dessa comissão de estudos. Isto significa o fruto do trabalho do grupo S.O.S. e, por conseguinte, mérito de todos”.

 

 

 

 

 

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2 Comentários

  • Leonardo Leite disse:

    acho que seria melhor ideia tornar a avenida Beira Mar mão única e a via que sobrar seria transformadada em um paredão sólido de concreto e fixo. tal qual um cais.

  • Paz a todos, sou de Caiçara do Norte- RN. Meu nome é Herlon Gomes Varela, militar reformado da Marinha do Brasil, estamos na luta com o avanço do mar na nossa cidade, graças a Deus por intermédio do meu tio encontrei o SR.JOEL RICART, o mesmo veio para uma reunião com os prefeitos de Caiçara do norte , Galinhos e São Bento do norte, reunião esta, com a intenção de combater a erosão e destruição das orlas destas cidades. O Sr. Joel engenheiro mecânico e de pesca tem um projeto enovador que é O Muro de contenção AUTO-AFUNDANTES. A Nossa cidade graças ao Prefeito o projeto esta em andamento burocráticos e logo saindo do papel vamos da inicio as obras.

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