ORESTES BAHIENSE: O homem do chapéu preto

Falar sobre Emancipação Política de Kennedy é poder relembrar histórias que envolvem o município. Não teria como abordar o tema sem falar de Orestes Bahiense

 

As estradas da Kennedy antiga guardam a sombra de uma figura lendária na região. O homem que cruzava todos os caminhos da região a bordo de seu cavalo, com sua capa e chapéu preto; de porte imponente e fama de bravo. Essa é a história do homem que foi dono de quase todas as terras do centro de Presidente Kennedy, que cedeu seus bens para a construção de espaços públicos e criou sua família sob a mão de ferro de um patriarca lendário. Essa é a história de seu Orestes Bahiense, ou “O Homem do Chapéu preto”, que nasceu em 05 de dezembro de 1927 e faleceu em 01 de maio de 1983 de câncer no intestino.

O produtor rural Orestes Bahiense, residiu muitos anos em um sítio chamado Olho D’ Água. Ao vir para o centro da cidade de Presidente Kennedy comprou uma enorme propriedade que abrangia das terras de seu Elimário Bahiense às terras do seu Vitório Tonon. Conhecido na cidade como o Homem do Chapéu Preto, seu Orestes gostava muito de ajudar as pessoas economicamente desfavorecidas, tanto que muitas famílias têm seu teto graças à bondade dele. Dona Cabocla, uma figura lendária na cidade é uma delas, bem como a família de dona Nalzira e a família do seu Amaro Lampeta.

Seu Orestes era dono de muitas terras em Kennedy. Desde as terras onde foi construído o Hospital Tancredo Neves, hoje Pronto Atendimento Médico – PAM, o campo de futebol de Kennedy e o terreno do Fórum e do Ministério Público, a área da rodoviária, o antigo sindicato, a Praça Manoel Fricks Jordão, a delegacia, a antiga Igreja Católica até o cemitério local, todas essas áreas foram doadas por ele. A avenida que leva seu nome também está numa área doada por ele. “O que mais dói é ver a morosidade da conclusão dessa importante Avenida, que já se arrasta há muito tempo e não se conclui, desabafa uma das suas netas”.

O coração bondoso do seu Orestes não tinha limites. “Todos os anos, na Sexta-Feira Santa ele doava toda a produção de suas vacas para o povo de Kennedy, garantindo o leite para que as famílias mais humildes fizessem sua canjica”, relatou uma de suas filhas, Isabel Bahiense.

 

 

Foto: Orestes / Arquivo

Legenda: O fazendeiro Orestes Bahiense foi quem doou a maioria das terras em Kennedy para os principais prédios públicos

 

 Paixão pela política

Foto: Ronaldo/ Arquivo

Ronaldo lembra com muitas saudades o pai, Orestes Bahiense que era um homem muito bondoso em Presidente Kennedy

Seu Orestes era apaixonado por política e concorreu algumas eleições, sem sucesso. “A oposição jogava sujo”, afirmou o filho Ronaldo, de 74 anos, que hoje reside no Maranhão. “Meu pai era muito trabalhador e muito honesto, possuiu muitas terras e era muito astuto, mesmo com pouco estudo, ele era um exímio, negociador, comprava gados, tinha mercearia, farmácia e fazendas, até um ônibus que fazia a linha de Kennedy a Itapemirim. Foi comprando terras e mais terras, era um homem de visão”.

Teve mais de 100 alqueires de terra. Onde é a Escola do Estado ele vendeu ao ex-prefeito, Manoel Fricks Jordão, na época por cinco mil e quinhentos Cruzeiros. Ele era muito sabido, quando o sujeito “ia com o milho ele já tinha comido o angu”, brincou o filho.

De acordo com o filho, além de bom negociador, seu Orestes era um pai ciumento. Casou seis filhos e nenhuma filha sentou-se perto do namorado antes de casar. Ele sempre se sentava no meio.

Era muito amigo do comerciante Virgílio Brezinsk, na época nomeado prefeito quinze meses após o interventor Irysson Soares da Silva ficar à frente da Prefeitura.

“O home do chapéu preto era candidato a prefeito, teve um torneio em Boa esperança e os jogadores carregavam papai no colo, mas um tal de João de Teti espalhou por lá que papai tinha dito que os negros eram bom de cela, o povo se revoltou da noite para o dia, meu pai perdeu a política. Seu Bery Porto e Lúcio Moreira eram oposição. Mas ele era muito querido por todos e nunca desistiu da política, perdia uma e entrava na próxima, naquela época o título de eleitor era feito na casa das pessoas”, relembrou o filho de seu Orestes.

O filho ainda lembra que o pai era uma figura muito alegre e popular. Pagava cachaça para todo mundo e era muito querido. Perdia uma política e entrava na outra, ele dava gado, carro, terra e tudo mais que o povo pedisse. “Naquela época”, Ronaldo.

 

 

Coração mole e pulso firme

Orestes foi subdelegado em Kennedy e apesar do coração doce e da fama de conquistador (teve filhos fora do casamento, mas era um pai tradicional), era muito rígido e muito bravo.   O típico valentão que andava de chapéu preto e capa, sempre montado a cavalo. Quando chegava a casa, a água do banho já deveria estar quente. Após o banho, mesmo se fosse madrugada, Bahiense ia de quarto em quarto conferindo se todos os filhos estavam dormindo.

“Meu avô tratava todos de igual para igual, ele fazia de tudo para ajudar a todos, não media esforços, era muito honesto e só a palavra dele bastava para cumprir algum negócio fechado. Ele era muito justo com os empregados e com ele não tinha meio termo. Palavra dada, palavra cumprida”, frisou a neta Neimar Baiense Neves.

Seu Orestes era esperto, justo com os empregos, muito correto. Com ele não tinha meio termo, o que ele falava era fato, não tinha como querer contornar a situação. Palavra dada, palavra cumprida.

 

Foto: Orestes no curral/ Arquivo

Legenda: Seu Orestes Bahiense como outros pecuaristas de Kennedy doavam o leite para as famílias fazerem a famosa canjica na Semana Santa

 

Curiosidades

 

O nome da sua filha Juscelina Baiense foi dado por causa do presidente Juscelino Kubitschek, mesmo período em que Juscelino ganhou as eleições para presidente do Brasil, o nome de sua filha seria outro, mas com a vitória para presidente, na mesma hora ele mandou mudar o nome e registrar Juscelina, tamanho era seu fascínio por política.

 

 

 

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