Nada a ver 25 de dezembro com o Nascimento de Jesus

Segundo Pedro Paulo Funari, professor de história e arqueologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a origem da comemoração e seus símbolos são muito mais pagãos que cristãos

É costume secular, nos países de tradição cristã – sendo a maior parte deles situada no Ocidente –, celebrar, no dia 25 de dezembro, o dia do Natal. Essa celebração diz respeito ao dia do nascimento de Jesus Cristo, tido pelos cristãos como o Filho de Deus e Redentor da Humanidade, isto é, aquele que veio ao mundo para a remissão dos pecados e para a ressurreição dos mortos. Mas, se formos verificar os textos do Novo Testamento, sobretudo os quatro Evangelhos Canônicos, que tratam de narrar a vida de Cristo, perceberemos que não há nenhuma referência ao dia 25 de dezembro como sendo a data exata do nascimento do Filho de Deus. Há apenas a referência ao local de seu nascimento, a cidade de Belém, na Galileia.

Por telefone o jornal conversou com o pastor Torres Júnior, da Igreja Missão Vida e ele disse que não há mesmo na bíblia nenhuma passagem que associe o dia 25 de dezembro como a data do nascimento de Jesus. “Optamos por comemorar neste dia por conta de uma questão de tradição, sabemos que Jesus não nasceu nesta data. O mundo comemora neste dia, a data do nascimento para nós é irrelevante, o que de fato importa é o nascimento de Jesus, não o dia”.

Bruno Sutter, também pastor, explicou que não é possível Jesus ter nascido no dia 25 de dezembro porque em Belém é inverno, nesta data. “Houve nesta data o recenciamento romano para contar quantas pessoas teriam em Belém, José fez uma viagem nesta época. O inverno lá é rigoroso demais, nevando algumas vezes. Uma criança que nascesse em uma manjedoura naquele período certamente não sobreviria, muito complicado, como eles tinham que se deslocar para fazer o recenciamento”, explicou

Bruno assegurou que os três primeiros séculos do cristianismo, o império romano perseguiu muito os cristãos. “Nero chegou a colocar fogo em Roma e culpou os cristãos e para penalizar criou várias tochas para iluminar o jardim dele usando os cristãos vivos para isso. Constantino não, se converteu através de uma batalha, ele teve a visão de um sinal de duas palavras gregas que simbolizava cruz e sobre esse sinal ele venceu a batalha que era improvável vencer na época, então ele aderiu ao cristianismo como religião oficial do império romano. E ele absolveu todas as culturas.

Para Bruno, a identificação do dia 25 de dezembro com o nascimento de Cristo foi estabelecida durante o período em que o Império Romano do Ocidente passou a ser cristianizado, isto é, por volta dos séculos III e IV d.C. Esse processo de cristianização se deu na mesma época em que a estrutura do Império Romano começou a entrar em crise, por conta (dentre outros muitos fatores) das invasões dos povos bárbaros. Na medida em que a administração romana perdia seu protagonismo, a Igreja Cristã primitiva ia organizando moral e culturalmente a população dos domínios do Império.

Bruno disse que muita gente comemora o natal no dia 25 e a igreja não fica fora. “A gente não comemora que Jesus nasceu no dia 25, normalmente, a igreja evangélica se reúne, faz um culto e ensina a verdade, que Ele não nasceu neste dia e aproveita, já que é uma data em que as famílias se reúnem as igrejas aproveitam para evangelizar, tanto é que é muito raro ver Papai Noel em igreja evangélica, justamente por ser algo pagão”, comentou.

Uma das formas encontradas pela Igreja para empreender tal organização foi a assimilação de elementos da cultura pagã (romana, grega e bárbara). Dentre esses elementos estavam ritos e mitos bastante antigos. Um desses ritos se dava no dia 25 de dezembro e era dedicado ao deus Mitra, uma divindade solar. Esse rito era conhecido pelo nome “Nascimento do Sol Invencível”. Paulatinamente o rito ao Deus Mitra foi sendo dissipado da cultura romana e, em seu lugar, os primeiros “Pais da Igreja” começaram a substituí-lo pela celebração do nascimento de Cristo, haja vista que, assim como o Sol, Cristo faz renovar todas as coisas e é símbolo de esperança.

Fonte: site História do Mundo

Foto: Constantino/ Divulgação

Legenda: Segundo Bruno após a conversão de Constatino ao cristianismo ele teria absolvido muitas culturas, inclusive as pagãs, daí o natal

 

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