Morre mestre do Jongo em Cacimbinha, Kennedy

“… Eu disse que eu vou me embora pela semana que entra, eu disse que eu vou me embora pela semana que entra, quem não me conhece chora, quem dirá quem me quer bem…, silenciou-se na madrugada desta sexta-feira, 08, em sua residência, na Comunidade de Boa Esperança, Presidente Kennedy a cantoria na voz do mestre Jorginho, do Jongo de Cacimbinha.

O corpo acaba de chegar na Capela Mortuária de Presidente Kennedy, onde será velado até as 18h00, logo após, será realizado o sepultamento no Cemitério local da cidade.

O mestre do Jongo, tinha 77 anos, faleceu por volta das 5h00 em sua casa, depois de sofrer de uma doença que atrofia os nervos, por nove meses. Jorge dos Santos era pai de três filhos, dedicou a sua vida ao trabalho ainda criança quando saiu da comunidade de Barra de Marobá, aos 10 anos e foi residir na Comunidade Quilombola de Cacimbinha, onde já estavam os seus familiares.

De acordo com a filha dele, Efigênia Graça dos Santos o pai amava o jongo, era a sua principal diversão, e se dedicou muitos anos a cultura de seus antepassados. A doença evoluiu muito rapidamente e ele veio a falecer, nesta madrugada deixando o jongo de luto na comunidade e na cidade. “Muito jongo a gente tem na cabeça, muitos, porque, através dos antigos tem muito jongo que a gente grava na cabeça… Uma noite toda pra nós dançar, precisa ter muita coisa na cabeça… se eu inventar um jongo aqui agora, eles não vão cantar, que eles não sabem”, disse o mestre a uma entrevista.

O Jongo Mãe África Pátria Amada Brasil tem mais de 100 anos de Resistência e vem passando de Geração a Geração no Quilombo de Boa Esperança e Cacimbinha. A Resistência de uma Cultura de um povo negro remanescente de quilombo que vem resistindo a muitas lutas.

Segundo o mestre Jorginho, no documentário Apresentação do Jongo Mestre Jorginho, os temas das cantorias não são específicos, a ideia era cantar e dançar e seguir, “mulher sempre está nos versos. Alguns jongos que a gente tira a gente canta. ‘Menina me dá seu nome que eu também lhe digo o meu

A morte do mestre de jongo Jorginho de Cacimbinha, Presidente Kennedy deixou de luto o Coletivo Negros (a) Empoderados (a) do Sul do Espírito Santo.

“O Coletivo Negros (a) Empoderados (a) do Sul do Espírito Santo vem externar nossos sentimentos de pesar a toda família jongueira e de todos os seguimentos culturais, pelo falecimento do Mestre Jorginho, que parte deixando um legado. Resistência, resiliência, pontos, prosas e muitas histórias, sabedoria vivência transmitiu a todos que puderam ouvir seus pontos. Mais um rei do quilombo descansa sua matéria, com cicatrizes que representam a libertação de seu povo. Hoje chora Cacimbinha e todos os mestres de jongo, e cultura popular. Perdemos um guerreiro que cantava e encantava no batuque do tambor, vamos continuar rebolando, sempre cheio de bonança, sem esquecer o Mestre Jorginho do jongo de Boa esperança”, ressaltou Luciana Souza, Baiana pelo Coletivo de Empoderamento e Fortalecimento da População Negra do Sul do Estado.

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