Encenação de casamento civil entre elas, um luxo!
O Amor É uma Companhia
O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Fernando Pessoa
A cerimônia do casamento civil já foi oficializada no último dia 29 de outubro, em um cartório de Registro Civil, em Juazeiro, na Bahia. O primeiro casamento civil entre duas mulheres realizado no sertão, até então, apenas um casal masculino oficializara o matrimônio na cidade. Elas são pioneiras – As empresárias Ellen Ramalho Mota e a Samara Fernandes Ramalho reuniram no último sábado, 05, na Chácara Alvorada, no Retiro do Congo, em Vila Velha familiares e amigos e fizeram uma encenação da união entre elas. O ator e diretor de Teatro, Anderson Lima fez o papel de juiz de paz e uniu as duas empresárias sobre aplausos e lágrimas. Muitas manifestações de felicidades ao casal mais feliz do momento.
Todas as tias e sobrinhos foram padrinhos e madrinhas. Foi um casamento para entrar literalmente para história. A cerimônia civil já foi oficializada no último dia 29 de outubro, em um cartório de Registro Civil, em Juazeiro, na Bahia.
O primeiro casamento civil entre duas mulheres realizado no sertão. As empresárias, Ellen Ramalho Mota e Samara Fernandes Ramalho reuniram sábado, dia 05, na Chácara Alvorada, no Retiro do Congo, em Vila Velha familiares e amigos e fizeram uma encenação da união entre elas. O ator e diretor de Teatro, Anderson Lima fez o papel de juiz de paz e uniu as duas empresárias sobre aplausos e lágrimas. Muitas manifestações de felicidades ao casal.
“Eu amo a minha filha”
A mãe de Ellen Ramalho, a professora aposentada e atriz, Solange Ramalho sintetizou o momento. “É o amor que prevalece. Tivemos o cuidado na cerimônia de fazer uma encenação com um texto de Fernando Pessoa, que fala do amor em sua plenitude. Não pudemos impor e nem chocar as pessoas. Independente da escolha da minha filha, eu quero que ela seja feliz. Eu recebi críticas, não é um mar de rosas, inclusive, eu tenho certeza de que muitas pessoas vieram por curiosidade, outros vieram por amor, realmente, outros, por entrega total. Eu sou extremamente católica, sou franciscana professada, tenho teologia, às vezes as pessoas questionam, mas como a senhora aceita? Eu digo, isso é questão de eu aceitar? Nós sabemos que Deus nos ama de qualquer jeito. Eu como mãe não posso impor. Quando a gente descobre, quando é jovem, a gente se desespera, mas depois, a gente respeita. A opção dela é dela, ela é feliz, é o que importa. Não sei quem é que pode condenar, quem é que deve condenar. A gente tem que participar da felicidade dela, ficar junto com ela. Outros casamentos convencionais, o que é que se ver? Tem pessoas que não vieram aqui porque realmente condenam, e pior que muitas das vezes você condena e na família tem também. Eu amo a minha filha”, disse Solange.
Ellen Ramalho Mota falou desse momento na vida dela. Contou que conheceu Samara pela internet e a ideia da confraternização foi para compartilhar com a família toda a felicidade que estão vivendo. “Nós fizemos aqui uma encenação para mostrar para nossas famílias a nossa felicidade. Foi muito tranquilo apresentar a Samara para minha família, eles já a conheciam. Mas agora apresentar a Samara como Ramalho, meu sobrenome é a primeira vez. Essa família é inexplicável. É receptiva com todos, eu só tenho que agradecer”, frisou.
Oportunamente, Ellen deixou um recado às pessoas que ainda não aprenderam a respeitar as preferências dos outros. “Que essas pessoas olhem para dentro delas mesmas e entendam que amor é um sentimento incondicional e que, se cada um se respeitar, vai aprender a se entender, se aceitar, e cada um vive da melhor maneira possível”.
Encenação
A encenação foi seguindo todos os rituais, porém, na hora do famoso beijo, momento muito aguardado pelos presentes, as empresárias optaram por não beijar, uma vez que, nem tudo, segundo Ellen é necessário. “Apesar de tudo, nós vivemos em sociedade, tem as nossas mães, as pessoas de mais idade, ainda não trabalho bem essa ideia. Penso que, tanto um casal hetero, como nós homossexuais, temos que manter o respeito. Minha mãe é nota 10, é a mãe!”.
A Reportagem conversou com um tio de Ellen, que ama a sobrinha acima de tudo – Odair Adreati Amorim afirmou que, “Ellen é uma sobrinha muito querida, eu a amo de coração. Todos da família a amam muito”. Quando Ellen anunciou o casamento com a Samara, o tio disse que não achou estranho. “Ela tinha casado na Bahia veio aqui só para confirmar, para dar uma satisfação à família e foi muito bem vinda e se quiser de novo, pode também”.
Todas as pessoas da família de Ellen, segundo o tio tem muito respeito com ela. “Todas duas são muito queridas, a outra está chegando agora, a gente não tem assim aquela afinidade toda, mas é da Ellen, é bem vinda. O amor é a coisa melhor que existe no mundo. Sofre, machuca, mas é bom, só é feliz quem ama e não importa o sexo, a cor, a religião, não importa nada”, filosofou.
Amigos da família de Ellen
De Rio das Ostras, um amigo da família de Ellen, filho de coronel militar, o aposentado Carlos Pires de Morais, disse que há algum tempo aprendeu a respeitar as preferências das pessoas. “Hoje eu vejo a união de pessoas do mesmo sexo com naturalidade. É uma questão de escolhas. Não vejo nada de diferente ao convívio de duas mulheres ou dois homens, não me assusta ver duas mulheres trocando alianças”, comentou.
A professora aposentada, Elisabete Mesquita Pereira muito amiga da família da Ellen comentou que se emocionou. “Impressionou-me, porque todo ser humano costuma falar que mão tem nenhuma discriminação, mas lá no seu interior tem e quando você chega para viver um momento desses tudo muda. Elas mostraram a forma de amar, não importava como. Eu achei muito bacana, elas tiveram respeito com todos, estavam vestidas muito bonitas, o juiz e paz falou muito bem sobre o amor, sobre a vivência do casal quer seja ele, homem e mulher, mulher e mulher, o relacionamento entre as famílias, a união das duas famílias foi muito bonita, achei uma confraternização assim, linda. Eu fiquei emocionada. Achei que a coragem dela vai dar uma ajuda em todo mundo que estava aqui, até para aqueles que vieram por curiosidade, viram um casamento normal, não teve nada de diferente, tudo muito lindo, tudo dentro do respeito, as pessoas se emocionaram. Elas foram perfeitas do início ao fim. Ter a família toda junto com você, você não precisa de mais nada. A Ellen é uma pessoa muito amada e Samara veio para somar”, ressaltou Elisabete Bete.
A mãe de Samara, a empresária Socorro Fernandes disse que não se importa com o que pensa a sociedade. “Estou muito feliz, minha filha está casada e a próxima a se casar serei eu. Para as pessoas que olham diferentes eu digo: filho você ama de qualquer jeito, cego, deficiente e a mãezinha dela também ama uma pessoa do mesmo sexo, e já estou me casando já”, sintetizou.
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“Para efeito da protecao do Estado, e reconhecida a uniao estavel entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversao em casamento.”