Criador do projeto Um Cartão, sucesso das redes sociais, participa da Bienal Rubem Braga

edro, o autor, escreveu mensagem especial sobre o evento literário

“Saudade é tentar trazer para o presente o passado que deveria ter sido futuro.” “O amor conserta a gente. A gente conserta o mundo.” Frases como essas conquistaram milhões de seguidores para os perfis do projeto “Um Cartão”, um dos fenômenos nas redes sociais no Brasil. Os posts são sempre fotos ou imagens de mensagens manuscritas em cartões pelo carioca Pedro (que não divulga o sobrenome), um dos convidados da 7ª Bienal Rubem Braga, que será realizada em Cachoeiro, a partir de terça-feira (15), na Praça de Fátima.

Ele estará no evento literário no dia 17, na mesa de debate “Conectado nas redes sociais – como se comportar”, em dois horários: às 9h e às 14h. Ao seu lado, estarão a palestrante e consultora Lígia Fascioni, brasileira radicada na Alemanha, a atriz, escritora e youtuber Kenia Maria, do Rio de Janeiro, e a escritora cachoeirense Simone Lacerda.

Mesmo conectado nas redes sociais, Pedro é avesso à exposição de sua vida pessoal, evitando até mesmo fornecer informações mais detalhadas sobre sua trajetória. “Não existe uma divisão do que é cartão e do que sou eu. Eu sou os cartões. Todos eles”, justifica. Na entrevista que segue, ele fala sobre o seu trabalho e a expectativa para a Bienal Rubem Braga.

Como surgiu a ideia da página “Um Cartão”? Esperava ter tanto sucesso e transformar isso até mesmo em um empreendimento?

Depois que me formei e comecei a estudar pra concurso, deixei os textos de lado porque o tempo tinha ficado muito curto, mas escrever me faz bem, sempre me fez e as palavras sempre fizeram parte da minha vida e foram as responsáveis por me moldar. Sempre fui um cara que se permite muito às emoções da vida e as palavras sempre foram as minhas grandes companheiras. Então, nada mais justo do que reviver isso. E assim surgiram os cartões. De um desejo incontrolável por dividir o que eu sentia com as pessoas, já que interpretar e ser o responsável pela construção de um texto inteiro não era mais possível. Isso aconteceu a partir de maio de 2014 e tenho certeza que vai ser a grande tônica da minha vida. De 2014 para sempre.

Como é a sua relação com a literatura e outras formas de arte e como isso influencia no seu trabalho?

Eu não trabalho com os cartões. Eu vivo os cartões. Isso faz toda a diferença. Não é trabalho, não é penoso. Eu não me importo com as noites viradas, com as idas infinitas aos Correios e com as toneladas de e-mails e mensagens que eu preciso responder. Fazer o que se ama é o jeito mais fácil de não precisar trabalhar nunca. Não existe uma divisão do que é cartão e o que sou eu. Eu sou os cartões. Todos eles.

As frases dos seus cartões são quase sempre motivadoras. Acredita que tem essa responsabilidade, de sempre agir para criar motivação positiva nos seus seguidores?

Os cartões existem para mostrar pra todo mundo que a vida é simples e é fácil ser feliz. É a gente que complica tudo, que coloca mil impedimentos antes de conseguir sorrir e isso tá errado e precisa mudar. Todas as vezes que eu leio um comentário, uma mensagem, um e-mail ou apenas a interação entre as pessoas por causa dos cartões, o projeto faz sentido. A gente precisa recuperar os hábitos que estão esquecidos. A gente precisa voltar a dizer que ama. A gente precisa lembrar que é com gentileza que a gente move o mundo e não com força.

Os cartões que você reproduz nas redes sociais são todos feitos à mão. Como lida com essa relação entre os ambientes “real” e virtual”?

É tudo feito à mão. Tudo! Não tem nada digital ou manipulado. Na maioria das vezes eu uso caneta e papel colorido e tiro uma foto disso. Nas outras vezes em que eu sou mais atrevido, eu escrevo em paredes, em móveis, em computadores e onde mais eu puder colocar alguma mensagem de amor.

A mesa na qual você irá participar trata de comportamento nas redes sociais. Como vê essa questão, considerando que você mesmo evita a exposição pública da vida pessoal?

Não existe uma divisão do que é cartão e do que sou eu. Eu sou os cartões. Todos eles. Por isso, encaro com muita naturalidade essa fusão entre o que parece ser um personagem e quem sou de fato. A opção por me fazer representar por eles é simplesmente de não abastecer as pessoas com nada além do amor que existe em cada cartão. Eu não preciso que as pessoas gostem de mim, que saibam quem eu sou, o que faço, onde vou e qualquer outro detalhe que me distingue dos outros. Eu preciso que as pessoas encarem os cartões simplesmente pela mensagem que eles passam. Eles não precisam de um competidor físico. Sou feliz sendo a alma, porque eles são o meu corpo.

Qual é a sua expectativa em relação à Bienal Rubem Braga?

Eu aprendo muito com as pessoas, eu gosto de ouvir as pessoas, de entender as histórias e isso me muda e é isso que eu espero da Bienal. Quando eu ouço alguma coisa de alguém eu sou menos Pedro pra ser mais da pessoa e isso é o que me permite me adaptar, me conhecer, saber onde eu preciso mudar, o que eu preciso fazer pra me encaixar melhor. Hoje sou um filho melhor, um irmão melhor, um amigo melhor. Eu passei a me colocar mais no lugar do outro, a ver a vida pelos olhos dos outros também. Entender que o mundo é muito mais do que você o que você acha que ele é, é o que te faz parte de um grande todo. E hoje eu sou parte do mundo. Graças aos cartões, graças às pessoas, graças a tudo de bonito que está ao meu redor e eu consegui perceber.

Acompanhe as páginas do projeto “Um Cartão”: umcartao.art.br

Confira a programação completa da Bienal Rubem Braga e se inscreva nas atividades: bienalrubembraga.cachoeiro.es.gov.br

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