CONQUISTA – Piúma polo de acerola no ES

As ideias de Ady ganharam forma e se tornaram realidade, as primeiras 3.700 mudas de acerola feitas na mão deram a Piúma hoje o título de Polo de Acerola no ES

 

No início, o desafio da Coopervidas era incentivar os produtores a plantar acerola, por conta da empresa Pulp Fruit, a maior produtora de polpa de fruta no Espírito Santo, situada em Piúma. A indústria comprava a acerola em Pernambuco e no Paraná e a logística custava alto. O empresário Edson Marchiori entrou no circuito fazendo a solicitação, uma vez ele estava disposto a comprar toda a safra das frutas.

Mas, para plantar era preciso de mudas e então a Copervidas foi em busca na Secretaria de Estado da Agricultura- Seag. E lá todos tentaram desencorajá-los. Chegaram a falar que acerola não era uma boa ideia. “Eu nem sabia que havia uma fábrica de polpa em Piúma, para mim era uma fabriqueta, conversando com Ady, ele falou das dificuldades de Edson de comprar acerola em outros estados, o gasto que ele tinha, já tinha montado todo o empreendimento e ele sabia que dava acerola, porque tinha no quintal da casa dele. Até que as primeiras mudas fossem entregues pela SEAG, os sócios fundadores tiveram a ideia de iniciar a preparação das mudas e do viveiro de forma manual”, contou Dulcino Monteiro de Castro.

Com ajuda dos poucos sócios, na época, começaram a fazer as primeiras mudas. Um doou à terra, outro o saquinho, outro esterco. Dulcino doou à terra dele para os primeiros canteiros de mudas, Ady doou os seus funcionários da Fazenda, Zé e dona Lurdes para a produção do viveiro, ele pegou galhos de acerola com boa genética em Iconha, e assim surgiu a potência da acerola que acabou por transformar Piúma no polo produtor da fruta, no ES”, salientou.

“Lá atrás quando Ady falou, vamos fazer a Cooperativa, eu peguei junto enchendo sacolinha com substrato, refazendo mudinha de acerola, uma por uma, cortando a raiz de lado, as folhinhas, depois eu ia para a cozinha fazer comida para todos os cooperados, foi muita luta, nós lutamos juntos”, disse Ketyla Bayerl.

Para Dulcino, a Coopervidas é muito mais que uma cooperativa, e Adyr não plantou só uma semente. “Ele foi o único presidente da Cooperativa, eu falei com Yara que diante da morte de Ady e do vice-presidente há dois meses, Ketyla é a única pessoa no momento que pode assumir o cargo. Ela tem a alma, a origem, a gênese, tem outras pessoas muito importantes, mas ela é que melhor conhece não só a história, tem boa circulação no meio político, é comunicativa e competente para representar e continuar o sonho do nosso presidente. A presidência não pode ser vaidade, nesta hora não existe vaidade”, comentou.

 

FOTO: ACEROLA/ Site ES BRASIL

Legenda: Produtores de Piúma recebendo mudas de acerola em 2012 do Incaper para estimulação do polo

 

Tempos difíceis e conquistas

“Na verdade, começamos a trabalhar com a fruta congelada para o Rio de Janeiro, nós achávamos que produzíamos muito, mas quando entramos no mercado do RJ percebemos que a nossa produção era minúscula diante do tamanho do mercado que existia, então não conseguimos nos manter por não ter a quantidade que os clientes precisavam. A Cooperativa entrou em recesso, passou um ano de muitas dificuldades e Ady doente, no ano passado. Começamos a Cooperativa com dívidas, agradecemos muito aos cooperados que esperaram, e iniciamos a buscar a venda da polpa de fruta pelo Pnae para as escolas. Graças a Deus, Ady não ia nas chamadas, mas ele estava aqui todo o tempo como se estivesse lá, nos orientando”, relembrou o direto financeiro Cássio Garcia.

 

Missão cumprida

 

“Hoje eu posso dizer que ele está indo embora, mas com a missão cumprida. O que ele propôs, ele conseguiu fazer, foi um guerreiro de verdade. Não o vejo como presidente, mas como um irmão que não tive, o meu melhor amigo, eu posso dizer, porque eu ficava horas e horas no telefone com ele e as minhas crianças quando me viam no telefone, gritavam: ‘pai, o senhor está falando com Ady?’, porque eles sabiam que toda vez que eu ligava para ele era 40 minutos, 50 minutos de uma conversa que me ensinava muito, eu aprendia muito com ele a cada dia, cada conversa. Ele é um exemplo de honestidade, de humildade, de simplicidade e amor ao próximo. É o que eu posso definir dele hoje”.

Há 15 dias, segundo Cássio foi feita uma reunião, “eu, ele e Adriano, que o nosso projeto agora seria entrar em um mercado diferente que não seja das polpas de frutas para merenda escolar. Entrar em um mercado formal com as polpas de 100 gr. uma vez que o mercado é muito grande aqui, muitas padarias, lanchonetes, supermercados que vendem e vêm pessoas de fora vender no nosso munícipio e nos munícipios vizinhos, e a ideia do nosso presidente seria que nós pudéssemos agregar valor ao produto dos nosso cooperados, trazendo acerola para dentro da fábrica, produzindo, industrializando e vendendo o suco direto da fábrica. Inclusive, uma das ideias era abrir uma loja onde está funcionando o escritório da Cooperativa hoje, um ponto de venda direto da fábrica. Isso era projeto à curto prazo para o próximo verão. Agora nós vamos nos reunir para compor essa nova diretoria, sabendo que a tarefa é árdua e difícil, porque o Ady é insubstituível, como ele, no meu ponto de vista, não nasce ninguém. Ele foi único na face da terra”, assegurou Cássio.

 

 

Foto: Cássio / Luciana Maximo

Legenda:

 

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