Com mais de 200 anos Pé de Tamarindo corre risco de ser cortado em Piúma

Com mais de 200 anos o pé de Tamarindo de Piúma corre perigo de ser cortado, mas o Idaf entrou em cena e sugeriu a desapropriação da área pois a árvore é centenária e está no PDM da cidade

O pé de Tamarindo, ou Tamarino, plantado em Piúma há mais de 200 anos está correndo um sério risco de desaparecer, de ser cortado, há uma solicitação no Ministério Público – MP para que árvore bicentenária, patrimônio natural e histórico da cidade seja cortada. No dia 13, a Secretaria de Educação fará uma passeata em defesa do meio ambiente. A concentração será na Praça da Igreja Imaculada Conceição, onde haverá um Manifesto à proteção ao Pé de Tamarindo, em seguida os estudantes estarão caminhando sentido ao Ginásio da EMEF Lacerda de Aguiar onde estarão visitando uma mostra fotográfica sobre as belezas naturais de Piúma. Oportunamente Josephina Guimarães fará um bate papo com os estudantes contando a história da árvore que deu nome ao bairro e tem mais de 200 anos, sendo um patrimônio histórico da cidade de Piúma.

 

Secretaria de Meio Ambiente oficia Idaf pedindo Laudo que sustente o corte do Pé de Tamarindo

A Defesa Civil de Piúma informou que a árvore precisa ser cortada pois está colocando em risco várias residências ao seu derredor. Entretanto, não foi apresentado Laudo técnico indicando a caracterização do risco. De fato a árvore apresenta danos estruturais, como oco e presença de pragas (cupins), além de vegetação parasita (erva de passarinho).

O Ofício Semad (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) N° 004/2019 solicitou avaliação in loco de uma árvore centenária que aparentemente encontra-se em condições ruins de sanidade, estando oca e apresentando infestação de cupins, o que poderia causar riscos a residências ao seu redor.

O Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo – IDAF esteve em Piúma e expediu um laudo de vistoria florestal atendendo Oficio 004/2019 da Secretaria Municipal de Meio Ambiente em que recomenda a Prefeitura o contrário, ao invés de cortar o Pé de Tamarindo desenvolver ações que preservem a árvore, entre essas verificar a possibilidade de desapropriação dos imóveis circundantes da árvore que vem promovendo danos ao mesmo, face sua edificação local e protegido pelo PDM.

De acordo com o Laudo do Idaf, é possível afirmar que as injúrias mecânicas de origem antrópica causadas na árvore como as podas drásticas realizadas nos galhos direitos e esquerdo, o uso do fogo e a construção de um “piso” de cimento no interior da base do tronco são as principais causas comprometedoras da estrutura do indivíduo. Após análise de imagens do software Google Earth, na função Street View, do mês de setembro de 2012, ou seja, quase 02 anos após a árvore ser declarada pelo PDM como protegida, verificou-se que o imóvel de n° 321 localizado do lado esquerdo da árvore possuía apenas 02 pavimentos e que hoje encontra-se com 04 pavimentos. Isso mostra que os responsáveis pelo imóvel não se ativeram ao cumprimento da Lei Municipal mencionada e agora manifestam preocupação quanto aos possíveis danos que a árvore pode causar ao seu imóvel”, frisa trechos do laudo do Idaf.

O Laudo do Idaf eixa claro que os representantes do município afirmaram na vistoria que os imóveis que possivelmente poderiam ser afetados pela eventual queda da árvore foram construídos sem autorização do município, o que agora se torna um problema para a própria prefeitura. Conforme mencionado, o PDM (Lei Municipal nº 1.656/ 2010) de Piúma classifica a árvore como “elementos indicados de interesse para preservação por confundir-se com a construção da cidade e ser marco físico pelo traçado urbano, lote, volumetria, escala e ou marco sociocultural de usos, habitantes, tradições e costumes, e por expressar relações da cidade ou setor urbano com o território considerando o espaço dilatado ou concentrado e a topografia.” Além disso, diante do percurso perceptivo e perspectiva visual que a árvore representa para o espaço público, que no caso específico, dá até nome ao Bairro Tamarindo na cidade de Piúma, é necessária sua conservação e proteção, visando o cumprimento da referida Lei.

“Assim, o Idaf não pode atuar em ação subsidiária conforme determina a Lei Federal Complementar 140/2011 no caso específico, pois a emissão de autorização para o corte da árvore estaria ferindo o PDM do município de Piúma. Bem como a reversão da proteção imposta ao exemplar florestal de Tamarindus indica L. deve ser objeto de uma Legislação Específica visando exclusivamente a desafetação da proteção imposta ao exemplar florestal no referido PDM, com o tramite regular na casa legislativa municipal”

 

O QUE RECOMENDA O IDAF

 

·         Realização do controle químico dos cupins, visando melhorar as condições de saúde da árvore;

·          Trato cultural preventivo com eliminação da “erva de passarinho” presente em pelo menos dois galhos superiores;

·         Retirada de pregos, arames e demais objetos que estejam danificando a casa e o tronco da árvore;

·         Medidas de proteção para evitar o uso do fogo ou qualquer outra ação que implique em dano no interior do tronco, incluindo a instalação de uma câmera de segurança visando monitorar a ação de vândalos;

·         Aumento da fiscalização para coibir outras ações que visam danificar a árvore e aumentar o possível risco de queda.

·         Verificar a possibilidade de desapropriação dos imóveis circundantes da árvore que vem promovendo danos ao mesmo, face sua edificação local e protegido pelo PDM;

·         Verificar a conscientização dos moradores da localidade, como por exemplo de panfletagem de proteção imposta pelo PDM ao local e da necessidade de preservação do exemplar imposta pela municipalidade

 

TAMARINDOS dá nome ao bairro e faz parte da história da cidade

 

De acordo com Josephina Guimarães umas das guardiãs do meio ambiente piumense, a semente do Tamarindo veio da África, foi levada para Europa pelos árabes, acredita-se que quem trouxe para o Brasil tenha sido os portugueses na época colonial. “Não se sabe ao certo se foram os portugueses, os libaneses, italianos ou ingleses, imigrantes que vieram em grande número para nossa região. Uns dizem que o pé de Tamarindo tem mais de 160 anos, outros afirmam ter mais de 200 anos, quando eu era criança me lembro de ter visto fotos desta árvore adulta com placa de madeira com data de 109 anos. Há uma movimentação para cortarem a árvore que se encontra mutilada, com erva daninha, cupim, ela está muito danificada, já puseram fogo nela. O Tamarindo testemunha a nossa história, o bairro recebe o nome por causa dela. Nós temos que parar com esta história: ‘aqui tinha’, Piúma tem muito disso. Aqui tinha um trapiche, aqui tinha uma árvore que deu origem a Rua do Toco, aqui tinha os casarios. Temos de lutar e preservar, o nosso patrimônio a nossa história, estamos perdendo o nosso patrimônio arquitetônico”, ressaltou Jô.

Para Josephina o casal que comprou o terreno e preservou o pé de Tamarindo merece honrarias e agradecimentos, pois manteve a árvore preservada, na verdade o município era para te desapropriado a área para que este patrimônio continue fazendo parte da história da cidade. “O povo de Piúma precisa ser guardião de sua história, temos e lutar juntos”, disse Josephina.

Convém frisar que não se trata de uma árvore qualquer, trata-se de espécie pertencente à Família Fabaceae (Leguminosae-caesalpinioideae), conhecida popularmente como, tamarindo, tamarino, tamarinho, tamaríndrico, tamarindeiro, tamrainda, jabaím jabão, cedro-mimoso ou tâmara-da-índia.

 

Características da árvore

O pé de Tamarindo possui ramagem rigorosa, ascendente, longa, formando copa arredondada, densa. As folhas são alternas, compostas, pinas, sendo pinas com 10-15 pares de folíolos opostos elíticos-alongados. As inflorescências são curtas, terminais, com flores amareladas destituídas de interesse ornamental, em setembro-outubro. Produz vagens indeiscentes, curtas ou longas, marrons, com a superfície marcada pela presença de sementes, de polpa acídula, suculenta, comestível e utilizada no preparo de refrigerantes, obtenção de pasta, em culinária e reputada para fins medicinais. A multiplicação da espécie se dá exclusivamente por sementes, as quais são produzidas em grandes quantidades nas condições tropicais do Brasil. Seus sucos são consumidos por todo o país para o preparo de sucos bem como para fins medicinais. A árvore possui atributos ornamentais que a recomendam para o paisagismo. É adequada para o plantio em parques e grandes jardins e, eventualmente utilizada na arborização de ruas largas e avenidas.

 

Prefeitura realizará ações em comemoração ao Dia Mundial de Meio Ambiente

Em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado dia 5 de junho, a prefeitura de Piúma, através da Secretaria de Meio Ambiente, preparou uma semana especial para celebrar a data, que tem como foco a preservação dos recursos naturais, a necessidade de se adotar hábitos conscientes e atitudes que minimizem os impactos ao meio ambiente.

A programação reúne diversas atividades como: passeata em defesa do meio ambiente e subida ao Monte Aghá, dentre outras.

Confira a programação completa

04/06 – Terça-feira
De 9 às 16h – Descarte consciente de pilhas, baterias, óleo de cozinha usado.
Obs.: a tenda da Secretaria de Meio Ambiente ficará na Praça em frente ao prédio novo da prefeitura.

05/06 – Quarta-feira
De 7:30 às 11h / 13:30 às 17h – Workshop a fim de sensibilizar sobre a biodiversidade dos oceanos, sua importância e a necessidade do combate à poluição dos oceanos.
Público alvo: estudantes do 8º e/ou 9º ano de escolas da rede pública de Piúma.
Obs.: o evento ocorrerá no Instituto Federal do Espírito Santo – IFES.

13/06 – Quinta-feira
7h – Passeata em defesa do meio ambiente. A concentração será na Praça da Igreja Imaculada Conceição.

8h – Manifesto à proteção ao Pé de Tamarindo.

10h – Chegada ao ginásio da EMEF Lacerda de Aguiar, com mostra fotográfica sobre as belezas naturais de Piúma.
Teatro com educadores da EMEF Lacerda de Aguiar, e doação de mudas de espécie de árvores nativas da Mata Atlântica.

14/06 – Sexta-feira
6h – Subida ao Monte Aghá, realizado pela Secretaria de Meio Ambiente em parceria com a Secretaria de Educação. Concentração na base do Monte Aghá.
Sugestões para uma boa subida:
* Leve garrafa de água;
* Consuma alimentos leves, como frutas e barra de cereal;
* Use roupas e calçados adequados para a atividade física.

 

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