Casinha embarreada é construída em Piabanha para relembrar a infância

Sabe aquela casinha embarreada, tapada de palha, o piso de barro batido? Aquela casinha que tinha cristaleira cheia de canecas, que tinha talha com água e lamparina para clarear a noite. Então essa casinha ficou no passado, nossos avós criaram nossos pais nessas moradias de pau a pique.

E se elas falassem, certamente, contariam grandes histórias, revelariam segredos cabeludos e relembrariam um tempo que, não era preciso dizer uma palavra para se chamar atenção dos filhos, bastava um olhar. Não é assim, Edilson Silva Souza?

Sim, disse o sonhador apaixonado pelas suas raízes. Ele construiu uma casinha nos mesmos moldes que a dos avós. As não foi fácil. “Foi difícil, porque essa é de assoalho. Eu peguei o tempo do meu avô, da casa de assoalho com varanda na frente. A do meu avô era assim, com cobertura de palha. Acabei encontrando o assoalho numa casa antiga da família Perquilhas, que foi desmanchada na Fazenda Velha, eu queria valorizar a antiguidade. Os esteios eu consegui um pouco com um e com outro”.

Na prosa com amigos, Edilson acabou ganhando alguns materiais. “Algumas pessoas me ajudaram a cortar os bambus, jovens e idosos, todos queriam ver o meu sonho concreto”.

O projeto teve adesão da família e dos amigos, parte da mão de obra foi paga, outra, mutirão, como o dia do embarreio, mas cada etapa era motivo de festa, com churrasco e tudo.

A construção teve investimento de aproximadamente R$15 mil e durou seis meses, todas as etapas da construção foram respeitadas. O moderno se cruzou com a antiguidade, foi preciso usar eucalipto tratado para fazer o engradeamento da casa (preparar para colocar a palha/teto).

Tudo feito como era antigamente, disse o idealizador. Teve o dia de colher e o dia de abrir a palha, o dia de envarar e o de colocar o barro e depois, levou mais um tempo para os ajustes finais. Todos os detalhes foram feitos com dedicação, cuidado e muito zelo. Era como se fosse voltar a casa dos avós, tomar um café na caneca, prosear sentado num pilão, voltar ao tempo em que se era feliz com pouco.

A casa é cheia de emoções, cada detalhe traz uma lembrança. É tapada de palha, as paredes de barro e a decoração resgata a antiguidade.  Edilson reconstruiu a história vivendo cada momento com saudosismo. Ah, é de verdade, pode inclusive morar dentro. Foi construída nos fundos de uma pequena chácara, na localidade de Vargem Grande, distrito de Piabanha, em Itapemirim. “É no meu quintal, na hora que quiser visitar é só entrar em contato pelo telefone e marcar 28-99916058, tenho o maior prazer em receber as pessoas para voltar no tempo”.

Projetada em um local bucólico, a decoração tinha de combinar com o projeto valorizando objetos da época em que estas casas eram comuns. Virou uma espécie de “museu”.

Na construção do sonho, não houve nenhuma pressa, foi fazendo aos poucos, Edilson teve a felicidade de residir em uma casa de estuque quando era criança. E agora ele brinca com a família de fazer poses, como se tivesse de volta no túnel do tempo. As fotos são da jornalista Aline Souza que se orgulha da história do pai, que lhe ensinou a valorizar o que é belo de verdade com tanta simplicidade. “Obrigado a todos que colaboraram com o projeto. Quero agradecer a minha família em geral que me ajudou fazendo as comidas e me incentivou o tempo todo. O trabalho era divertido, no dia do embarreio teve muita gente e teve outra festa. Estávamos todos alegres. Estou feliz da vida com o sonho realizado e triste de não poder estar com os meus antepassados”.

A inauguração foi feita com várias pessoas, com churrascão, almoço e um forrozão de levantar poeira.

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