Brasileiro cria conservante natural que substitui agrotóxico e se destaca em feira internacional de ciências

Com 16 anos, João Pedro Silvestre Armani criou solução que conserva laranjas por mais de 50 dias

A safra brasileira de laranjas é a maior do mundo desde 1980, quando o Brasil ultrapassou os Estados Unidos e, hoje, são produzidas aproximadamente 245 milhões de caixas todos os anos. Até hoje, essa grande produção demandava a utilização de agrotóxicos para conservação, substância conhecida pelos inúmeros malefícios causados ao meio ambiente e à saúde humana – segundo estimativas da Fiocruz, em 2017 aproximadamente 700 mil pessoas podem ter sido vítimas diretas dos agrotóxicos no Brasil.

Foi pensando nisso que o estudante do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Gabriela Mistral, em Palotina (PR), João Pedro Silvestre Armani, decidiu procurar meios melhores e menos tóxicos de conservar frutos. Como na cidade em que mora a produção de camarões é grande e o descarte da carapaça de camarão de maneira inadequada também contamina o meio ambiente, o estudante resolveu unir as duas necessidades.

“Eu utilizei a carapaça de camarão, que é descartada, extraí o biopolímero chamado quitina e transformei em quitosana. A partir disso, formei uma solução de quitosana e cera de abelha para realizar testes de conservação nas frutas”, explica João Pedro. No total, foram 150 laranjas analisadas com seis tratamentos diferentes – e a mostra com a solução criada pelo estudante foi a que obteve o melhor resultado, sobrevivendo mais de 50 dias em temperatura ambiente sem sinais de desgaste no fruto. “Desse modo, encontrei uma forma de substituir os agrotóxicos, ao mesmo tempo em que evitamos o descarte da carapaça dos camarões”, comemora.

O projeto, intitulado “Revestimentos comestíveis na pós colheita de laranja” foi realizado durante o ano de 2018 no Colégio Gabriela Mistral, conveniado ao Sistema Positivo de Ensino, e contou com a orientação da professora Carlise Debastiani e co-orientação da diretora Lucilda Rumilda Fries Binsfeld. Sendo vencedor da Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, da USP), o trabalho ganhou vaga para a Intel ISEF (International Science and Engineering Fair), Feira Internacional de Ciências e Engenharia da Intel, realizada anualmente nos Estados Unidos, onde conquistou o 3º lugar mundial da competição. A Intel ISEF é a maior feira para estudantes que ainda não chegaram ao nível universitário. Participaram do evento projetos de 70 nações e territórios diferentes de todo o mundo.

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