Alunos de Piúma abraçam o Pé de Tamarindo durante passeata
Lindo, perfeito, um trabalho espetacular realizado pela Secretaria de Educação de Piúma. Mais de 3 mil alunos participaram da passeata finalizando as atividades relacionadas a Semana do Meio Ambiente.
Todas as escolas municipais de Piúma participaram do evento, da creche ao 9º ano do Ensino Fundamental. Logo cedo, nesta quinta, 13, eles se concentraram em frente à Igreja Católica Imaculada Conceição, saíram pela Rua que dá acesso ao Pé de Tamarindo, om cartazes, faixas, um carro de som e outro que seguia com mudas de árvores nativas. Os alunos deram um abraço simbólico na árvore centenária que deu nome ao bairro, hoje ameaçada pelo homem e pelos cupins.
De acordo com a secretária de Educação, Isabel Fernanda Scherrer a passeata foi a culminância do Projeto Meio Ambiente trabalhado em todas as escolas, da Educação Infantil ao 9º ano. “Nós destacamos o tema Tamarindo e as escolas foram dar o abraço a árvore, foi lindo. O resultado deste trabalho é a dedicação de todos. Estou muito feliz, foi perfeito, fantástico, parabéns a todos”, disse Fernanda que frisou ser o objetivo do evento a conscientização dos alunos da importância de se preservar o meio ambiente. “São pequenas ações como essa que conscientizam as pessoas. As crianças são o futuro, por isso, a participação delas é fundamental. Hoje eles foram às ruas conscientes de que é preciso preservar a natureza e praticar a sustentabilidade e, essas ações depende de todos nós”, frisou secretária.
Presente na passeata o prefeito que também é professor, José Ricardo Costa falou ao jornal sobre o evento e destacou o Pé de Tamarindo, patrimônio histórico da cidade e, curiosamente, a residência dele fica próxima à árvore. “Eu me considero do bairro Tamarindo, moro numa faixa divisória. O evento é um sucesso, ocorre todos os anos. Este ano, um fato importantíssimo que desperta ainda mais no coração das crianças a necessidade da preservação, o tema acabou virando o nosso Tamarindo. Ele que deu origem ao bairro próximo onde é Hospital e nós precisamos salvar aquela árvore. Hoje as pessoas que construíram no entorno devido a insegurança que elas sentem, muitas querem que corte, mas nós já temos os laudos do Corpo de Bombeiros de que é possível salvar árvore. Nós precisamos salvá-la, não só pela questão do meio ambiente, na verdade ela é a história da nossa cidade, ela nomeou um bairro, ela consta em legislação municipal. Nós é que invadimos onde pertencia o espaço dela. Vamos conviver com ela”, ressaltou o prefeito.
O prefeito reconhece o laudo do Idaf que aponta o PDM da cidade onde previa construções no entorno de até dois pavimentos, hoje já são quatro, o laudo sugere ainda a proteção do Tamarindo, bem como, a vigília através de um videomonitoramento, todos os cuidados e também uma desapropriação no entorno. “A culpa é do homem que invade, nossa enquanto cidadão e nossa enquanto Prefeitura, a gente não exerce a fiscalização efetiva que nós precisamos fazer no município. Aquela árvore é uma referência ambiental, já que é uma árvore não comum naquela região, uma referência histórica e ela é potencialmente uma referência turística para nosso município”, frisou o prefeito.
Salientou Ricardo que é preciso dar um abraço na árvore e na Prefeitura iniciou-se um processo que vai levar profissionais para cuidar dela. “O que o Idaf colocou como possibilidade e agora virou um termo de referência para contratarmos uma empresa para cuidar da árvore da maneira correta, paralelo a isso, vamos conversar com os moradores do entorno, quem já construiu há mais de um ano tem seus direitos independentes da legislação, mas vamos conversar para virmos o que podemos fazer para preservarmos o pé de tamarindo”.
Após o abraço ao Tamarindo pelos alunos e professores, a passeata seguiu ao Ginásio da Escola Lacerda de Aguiar, no Centro onde houve um momento muito bacana com a defensora do meio ambiente de Piúma, a ex-secretária de Cultura Josephina Guimarães que falou com propriedade sobre o Pé de Tamarindo e os patrimônios da cidade. “O Pé de Tamarindo é o único patrimônio que sobrou no bairro de pé, tudo foi destruído, os casarios antigos, o trapiche. Nós temos que assumir o Tamarindo que vai viver muitos anos ainda, temos que zelar por ele. Ele tem que continuar existindo porque é um testemunho de toda história de Piúma e principalmente do bairro. Os imóveis sufocaram a árvore. Antigamente o pescador tecia sua rede embaixo daquela sombra maravilhosa. Nosso recado aos alunos foi o pé de Tamarindo, foi muito importante, um momento lindo, adorei falar com os estudantes’, disse Josephina.
Dando continuidade à programação, no Ginásio do Lacerda foram feitas duas lindas apresentações teatrais, distribuição de mudas de plantas nativas, sorteio de uma bicicleta, concurso para escolha do cartaz mais criativo e lanche a meninada.
“Há mais de 40 anos quando eu cheguei a Piúma que vim morar aqui, já existia o bairro Tamarindo por causa da árvore. Nós fomos pegos de surpresa quando limos neste jornal que iam cortar. A árvore tem que permanecer, tem que cuidarem dela. A passeata foi maravilhosa”, disse Maria Aparecida Viquetti, comerciante e moradora do bairro.
