Ady Brunini – um legado de amor

Ady amava pessoas, protegia os animais, cantava com os pássaros, tocou gaita no leito do hospital, se doava, viveu para fazer o bem

 

O presidente da Cooperativa de Valorização, Incentivo e Desenvolvimento Agropecuário Sustentável – Coopervidas, Ady Vieira Brunini faleceu no final da tarde de sexta-feira, 23, na Unidade de Terapia Intensiva – UTI, no Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim, depois de lutar contra um linfoma na medula óssea por dois anos. Ady deixa um legado de amor.

A Reportagem do Jornal Espírito Santo Notícias acompanhou as conquistas de Ady, as lutas, desafios e esteve ao lado da família durante os momentos mais difíceis, o velório e o sepultamento. Era preciso conhecer um pouco mais desse sonhador, idealizador, desse homem que amou Piúma desde antes de nascer.

De acordo com a eterna namorada/companheira, Ketyla Bayerl, sócio fundadora e técnica em Agropecuária da Coopervidas, Ady criou a Comitiva Haras Monte Aghá, em 1991, foi secretário de Agricultura de Piúma em 2015, era membro ativo do Conselho de Habitação, foi presidente da Associação Comercial/Ascop – Piúma, foi candidato a prefeito e traído pela presidente do Partido Verde no Estado, que ele fundou em Piúma e filiou mais de 400 pessoas, depois foi candidato a vereador pelo PV e também traído pelos próprios filiados.

Ady participou do Conselho do Ministério Público – MP, onde conseguiu trazer uma verba para o Hospital Nossa Senhora da Conceição, depois de muitas lutas junto a Samarco incluir Piúma nas condicionantes.

Através da Coopervidas em parceria com a OCB/ES (Organização das Cooperativas Brasileiras do Espírito Santo) e Governo do Estado – Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa de Assistência Técnica Rural) transformou Piúma no maior Polo de Acerola do Estado do Espírito Santo, atualmente com mais de 45 mil pés.

Através do Conselho Rural do Ministério da Agricultura, Ady conseguiu um caminhão frigorifico para a Cooperativa. “Ady doou a vida dele pelo coletivo, amou Piúma desde se entende por gente. Gostava de surfar no mar de Piúma, nadar até as ilhas, caminhar pela praia, escalar o Monte Aghá, andar a cavalo, ver o pôr do sol, sentir o vento no rosto, curtir a natureza, ouvir e imitar os pássaros pela manhã, dar abrigo aos animais, gatos e cães, alimentava os saguis no quintal. Apreciava o ipê amarelo sobre o banquinho da varanda, tocava violão, gaita, cantava com sua mãe Yara. Ady é um homem apaixonado pela vida. Não tinha vaidades, era simples, gostava de gente, de uma boa prosa, de coisas muitos simples, como um peroá na brasa, adorava criar projetos e trocar ideias, acreditava no futuro, tinha muitos sonhos. Sonhava em um planeta sustentável, falava de fazer a biofossa para o vertedouro. Para proteger a reserva na sua propriedade, Sítio Faroeste criou a RPPN – Reserva Particular de Patrimônio Natural denominada Yara Brunini em homenagem a sua mãe”, relembrou Katyla.

Outra conquista de Ady foi a construção da sede/ fábrica no bairro Monte Aghá II, conseguida através de um convênio com a Petrobras. Recentemente, já nos seus últimos dias de vida conseguiu uma verba com a OCB/ES no valor de R$188 mil que a Cooperativa poderá empregar em cursos, palestras…

Com muito orgulho de ter vivido quase duas décadas ao lado de Ady Ketyla contou que, assim que ele descobriu a doença, o governador do Estado, Paulo Hartung, amigo pessoal dele, ligou se colocando à disposição para ajudar no tratamento.  Ady disse que não precisava de nada para ele, que ele tinha condições, mas fez um pedido para a Coopervidas. “Havia uma verba repassada pelo Governo Federal disponível na Prefeitura para construção das novas câmeras frias, mas o processo estava agarrado, ele pediu a Hartung que o ajudasse para que a construção fosse feita e as frutas pudessem ser armazenadas pera serem vendidas na entre safra com preço melhor dando garantia aos cooperados de melhorar suas rendas. Paulo Hartung o garantiu que estaria entrando no circuito, meses depois foi feita a licitação e a assinatura da ordem de serviço. A obra está no final e em breve esse sonho de Ady se torna mais uma realidade. Ady nunca pensava nele, ele viveu para fazer o bem”, ressaltou Bayerl.

 

Um amigo, um irmão – parceiro

Ketyla assegurou que Cássio Garcia Ainholetti era o anjo da guarda de Ady, pelo menos era o que ele afirmava. “Ketyla, eu tenho um anjo, esse anjo é Gugu. Toda vez que ele vem me ver eu sinto uma paz muito grande, sinto a presença de Deus e renovo minhas forças e minha fé. Ele me ensinou a rezar, a pedir a Deus, me ensinou que eu tenho que esperar que Deus tem o tempo certo para me dá a resposta. Cássio quando soube da doença fez de tudo com Ady, trouxe remédios fitoterápicos, o levou em ‘rezadeiras’, catava mato, deve ser por conta dessa ligação tão especial que Ady se despediu da vida ao lado do seu fiel escudeiro”, contou.

Cássio é diretor financeiro da Coopervidas e agricultor familiar, no velório ele estava emocionado e contou como entrou para a Cooperativa que ele não acreditava que daria certo. “Eu não estava mais na roça, pois já tinha um comércio na cidade quando começaram as reuniões, eu disse aos meus pais para abandonar porque era ‘furada’, não tinha futuro. Posteriormente, fui a outras reuniões e conheci o pessoal do Ady, comecei a gostar, comecei a participar e representar o meu pai que era produtor, e assim foi crescendo. Em um determinado período entrei para a diretoria. “Ele buscava parcerias, conhecimentos. No início foram feitas mudas, buscas, mutirões, e em seguida, com a influência e o contato que ele tinha com as pessoas, conseguiu chegar ao Governo do Estado. O sonho dele era ver as pessoas terem uma fonte de renda extra na roça, melhorar a qualidade de vida. Esse era o sonho do Presidente Ady”.

 

Foto: Ady e Cássio/ Luciana Maximo

 

Legenda 1 – Ady faleceu sexta-feira e deixa um legado de amor

Legenda: Cássio era amigo/irmão, considerado por Ady seu anjo da guarda

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